Polishop pede recuperação judicial com dívida de R$ 395 milhões

Com o pedido na Justiça protocolado no início de maio, a rede varejista de eletrodomésticos e eletrônicos tenta evitar o bloqueio de recursos; Safra, Itaú e BV estão entre os maiores credores

Polishop trava disputa com credores financeiros para evitar bloqueio de recursos
17 de Maio, 2024 | 08:52 AM

Bloomberg Línea — A rede de varejo Polishop entrou com um pedido de recuperação judicial na Justiça de São Paulo. O objetivo é suspender execuções de dívida e despejos, enquanto tenta renegociar uma dívida de R$ 395 milhões, segundo documento protocolado na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais e visto pela Bloomberg Línea.

O pedido deu entrada no último dia 3 de maio, mas ainda não foi julgado pelo juiz Paulo Furtado de Oliveira. Banco Safra, Itaú Unibanco (ITUB4) e BV (ex-Banco Votorantim) estão entre os credores financeiros. O caso foi divulgado anteriormente pelo jornal Valor Econômico.

A companhia conseguiu uma decisão temporária que impede a retenção de valores por suas dívidas financeiras, sob pena de aplicação de uma multa diária de R$ 10.000, em caso de descumprimento da ordem judicial.

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Segundo a petição, a companhia requereu a liberação de valores bloqueados pelos bancos.

“Se todos os recebíveis forem imediatamente retidos pelos credores, sem respeitar os termos contratados, não haverá possibilidade de recuperação, pois a Recuperanda não terá recursos disponíveis para a continuidade da operação (pagamento de salários, aquisição de insumos, despesas com manutenção de equipamentos)”, escreveu o juiz.

Os bancos contestaram o teor da decisão judicial. O BV requereu a reconsideração da decisão que concedeu a tutela cautelar e pediu ao juiz que negue a restituição dos valores à companhia.

Já o Itaú Unibanco defendeu, segundo a petição, o afastamento de qualquer aplicação de multa diária, bem como o reconhecimento da validades das retenções de valores.

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O fundador da Polishop, João Appolinário, citava a alta dos juros e a menor demanda por produtos para o lar nos últimos anos como o pano de fundo da “maior crise financeira” da companhia, que chegou a vender um jato de R$ 250 milhões para ajudar a pagar suas dívidas, fechar 150 lojas e fazer um aporte de R$ 50 milhões, segundo a reportagem do Valor.

A companhia não respondeu imediatamente ao pedido de comentário sobre o pedido de recuperação. Nos últimos anos, outras redes do varejo, como a Americanas (AMER3) e o Grupo Dia, entraram em recuperação judicial, em meio à queda das vendas e do aumento das despesas financeiras no contexto de juros e inflação elevados.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.