Mercados operam reticentes após série de decisões sobre taxas de juros e IPOs

Os operadores monitoram hoje a demanda pelos novos dispositivos da Apple em lojas físicas e acompanham o rumo dos preços do barril de petróleo

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro - Michelly Teixeira
22 de Setembro, 2023 | 06:57 AM

Barcelona, Espanha — Os sinais de resiliência do mercado de trabalho fortalecem as perspectivas de que o Federal Reserve (Fed) pode continuar com sua política monetária restritiva. No Japão, o banco central manteve as taxas inalteradas e os investidores redobram a atenção sobre os preços do petróleo, que voltaram a subir.

A decisão do Fed e sua indicação de um longo caminho contra a inflação abafaram o entusiasmo dos investidores com as empresas que estrearam no mercado dos EUA nesta semana. As ações da Arm Holdings (ARM), Instacart (CART) e Klaviyo (KVYO) operam abaixo dos níveis de abertura quando levantaram um total combinado de US$6,5 bilhões. A ideia de juros “maior por mais tempo” assombra empresas emergentes cujas avaliações se baseiam nas perspectivas de grande crescimento dos lucros nos próximos anos.

Os futuros de índices dos EUA operavam em alta, enquanto as bolsas europeias a maioria das bolsas recuavam. Na Ásia, os principais índices fecharam com sinais mistos.

Dados do índice de gerentes de compras PMI mostraram queda na atividade do sector privado na Zona do Euro, que atingiu 47,1 em setembro, quarto mês seguido de contração. Os números mostraram leituras negativas tanto para a indústria transformadora como para os serviços, sugerindo uma retração econômica na região neste trimestre.

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No mercado europeu, as ações da Adevinta dispararam depois que a empresa europeia de classificados disse ter recebido uma proposta de aquisição de investidores de capital privado, incluindo Blackstone (BX) e Permira.

Nos EUA, o governo Biden anunciou restrições finais à expansão na China de empresas de semicondutores que receberão fundos federais estimados em US$ 100 bilhões para construir fábricas nos EUA. O governo impedirá as empresas que recebam esses recursos de aumentarem substancialmente a sua produção, limitada a um aumento de 5% para chips avançados e 10% para tecnologias mais antigas.

O rendimento do título norte-americano para 10 anos recuava para 4,475% às 09:48 (horário de Brasília), depois de superar na véspera o nível de 4,5% pela primeira vez desde 2007. Entre as divisas, o euro e a libra se depreciavam em relação ao dólar.

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Em outros mercados, o ouro e bitcoin se valorizavam, assim como os contratos de petróleo WTI, cotados ao redor de US$ 90. O petróleo voltou a subir após notícias de que a Rússia proibirá exportações de combustível tipo diesel e gasolina. Ao mesmo tempo, a Chevron e os sindicatos chegaram a um acordo para acabar com as greves nas instalações de gás natural na Austrália, que vinham pressionando o mercado de combustíveis.

→ O que move os mercados hoje

🎮 Última barreira. A Microsoft (MSFT) avança em sua luta de um ano e meio para vencer o último obstáculo para aprovação do acordo de US$69 bilhões com a Activision Blizzard. O órgão antitruste do Reino Unido sinalizou que a revisão das condições da oferta, com a venda de alguns direitos de jogos à francesa Ubisoft Entertainment, parece resolver suas preocupações, mas a proposta ainda passará por consultas até 6 de outubro.

🤳 Prova de fogo da Apple. A Apple (AAPL) colocou sua primeira leva de novos iPhones e relógios em lojas de 40 países. No Brasil, a pré-venda começa em cinco dias. A expectativa da empresa é retomar o crescimento, com as vendas dos modelos de iPhone 15 Pro e Pro Max. Nas lojas da China, centenas de pessoas fizeram filas para adquirir os novos aparelhos, apesar das restrições governamentais e da concorrência local, um sinal encorajador para a Apple em um mercado que responde por 20% de suas vendas.

🇯🇵 Sem sinais de mudança. O Banco do Japão manteve as taxas de juros inalteradas e não deu sinal de mudanças no rumo de sua política monetária historicamente expansiva. A indicação neutra afastou especulações sobre um aumento de juros no curto prazo e ampliou a pressão sobre o iene. A decisão veio pouco depois da divulgação de uma alta de +3,1% na inflação ao consumidor em agosto, acima das previsões (+3%).

🇮🇳 Atração financeira. Em mais um sinal de atração pelo mercado indiano, o JPMorgan (JPM) anunciou que incluirá os títulos do governo da Índia em seu índice de referência de mercados emergentes a partir de junho de 2024. A decisão deve gerar uma entrada bilionária de recursos estrangeiros no mercado de dívida do país, que vem crescendo mais que seus pares emergentes e ganhando protagonismo como alternativa à China em investimentos de ponta.

💭 Foco na nuvem de IA. Após uma frustração dos mercados com os resultados trimestrais apresentados na última semana, a Oracle (ORCL) avisou aos acionistas que pretende alcançar uma receita anual de US$65 bilhões até o ano fiscal de 2026. O objetivo é ampliar seu negócio de aluguel de energia e armazenamento de computação em nuvem e aproveitar a demanda derivada da inteligência artificial.

Os mercados esta manhãdfd

🟢 As bolsas ontem (21/09): Dow Jones Industrials (-1,08%), S&P 500 (-1,64%), Nasdaq Composite (-1,82%), Stoxx 600 (-1,30%), Ibovespa (-2,15%)

A perspectiva de continuidade da política de juros restritiva do Fed foi reforçada por uma queda dos pedidos de seguro desemprego nos EUA na última semana, levando as bolsas ao pior desempenho em seis meses.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

PMI Industrial, de Serviços e Composto/Set: EUA, Zona do Euro, Reino Unido, Alemanha, França

Europa: Reino Unido (Vendas no Varejo/Ago); Espanha (PIB/2T23)

América Latina: México (IPC-15, Atividade Econômica/Jul)

Bancos centrais: Decisão de Política Monetária (BoJ), Discurso de Luis de Guindos (BCE), Discurso de Lisa Cook (Fed)

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🗓️ Os eventos de destaque na semana →

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Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Periodista especializada en economía y finanzas ha trabajado en algunas de las principales publicaciones de Brasil, como Valor, Agencia Estado y Folha de S.Paulo.

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.