Desilusões com inflação, reajuste de expectativas e outros eventos que movem os mercados

Barcelona, Espanha — Após a acentuada queda nas bolsas dos Estados Unidos ontem, motivada por desilusões com a inflação, os investidores estão em um dilema entre capturar oportunidades de compra e reajustar suas expectativas sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed). A inflação de janeiro surpreendeu negativamente, apresentando-se mais elevada do que previsto, o que reforça a perspectiva de que os cortes de juros podem tardar mais em chegar.

Os traders de swaps reduziram suas expectativas de um corte do Fed antes de julho, enquanto o “medidor de medo” do mercado de ações - o VIX - fechou acima de 15 pela primeira vez desde novembro. Os contratos de swap referentes às reuniões de política do Fed - que, até meados de janeiro, precificavam totalmente um corte nas taxas em maio e 175 pontos-base de flexibilização até o final do ano - foram abalados. As chances de um corte em maio caíram para cerca de 32%, de cerca de 64% antes dos dados de inflação, com menos de 90 pontos-base previstos para este ano.

🇬🇧 Em contrapartida... No Reino Unido, as novidades sobre a inflação foram mais positivas que nos EUA. O índice de preços de janeiro (+4%) ficou abaixo das previsões do mercado (+4,1%), sustentando as previsões de que o Banco da Inglaterra (BoE) poderá antecipar uma postura mais flexível em sua política de juros. Os operadores retomam, agora, as apostas em três reduções de um quarto de ponto este ano.

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🍺 Saideira mais cara. As ações da Heineken despencam (em torno de -6,5%, a maior queda intradiária em mais de cinco meses) com o alerta de que a inflação e as preocupações econômicas reduzirão a demanda por cerveja em 2024. Com desafios no mercado premium, a cervejaria holandesa antecipa um crescimento do lucro operacional entre um dígito baixo a alto para o ano. Embora tenha subido os preços da cerveja em dois dígitos, o grupo reportou um aumento menor que o esperado em lucro e vendas em 2023. Para este ano, espera que o reajuste de preços seja moderado, embora os custos dos insumos sigam em alta.

💶 Novos planos. O ABN Amro Bank revelou uma nova recompra de ações com a participação do Estado holandês, como parte de sua venda planejada no credor. O banco recomprará €500 milhões (US$ 536 milhões) em ações. Seu lucro líquido subiu 54% no 4T23, para €545 milhões, superando as expectativas dos analistas.O banco com sede em Amsterdã também eliminou o limite de 15% do índice de capital comum Tier 1 para considerar as recompras. Esse índice caiu para 14,3% no quarto trimestre, com o ABN Amro estabelecendo uma meta de 13,5% para o final de 2026. As ações subiram até 6,3% em Amsterdã, a maior alta em um ano.

🎮 Nova listagem. A japonesa Sony informou que listará seu braço financeiro em outubro de 2025, preparando uma grande injeção de capital depois que o conglomerado de mídia cortou a previsão para sua principal divisão de jogos. A empresa revelou os planos para a venda parcial após divulgar seu balanço e revisar suas previsões para o ano fiscal até março. O movimento para tornar público o grupo financeiro da Sony reverterá um acordo privado de US$ 3,7 bilhões concluído em 2020.

A Sony reduziu sua previsão de receita depois que as vendas de seu carro-chefe, o PlayStation 5, ficaram cerca de um milhão de unidades abaixo do projetado no trimestre de dezembro, com 8,2 milhões de consoles. A empresa também espera vender 21 milhões de unidades no ano fiscal, abaixo da previsão anterior de 25 milhões de unidades.

💱 Dólar x Iene. Após os dados de inflação dos EUA impulsionarem o dólar, o chefe da política cambial do Japão, Masato Kanda, emitiu advertências para estabilizar o iene - que se enfraqueceu para além dos 150 por dólar pela primeira vez desde novembro. Ele destacou que alguns movimentos recentes da moeda foram especulativos e não desejáveis. Também reiterou a prontidão das autoridades para agir a qualquer momento.

📈 O vaivém dos ativos. Os contratos futuros de índices dos EUA operavam em alta depois do tombo no mercado à vista ontem. As bolsas europeias também subiam.

Na Ásia, as ações caíram em sua maioria, com queda na Coreia do Sul, Japão e Austrália. Os índices de Hong Kong reverteram uma queda inicial com a retomada das negociações após o feriado do Ano Novo Lunar. Os mercados na China permanecem fechados.

Os prêmios dos títulos soberanos dos EUA a 10 anos hoje recuavam. Os contratos de petróleo WTI se desvalorizavam, assim como aqueles atrelados ao ouro.

O bitcoin subia com força. O salto do Bitcoin para US$ 50.000 foi uma pequena surpresa para os traders que observaram um efeito de sazonalidade em um canto do mercado de criptografia: O ativo digital tende a se mover mais alto em negociações leves por volta do Ano Novo Lunar.

O retorno notável da criptomoeda mais antiga aos níveis mais altos em mais de dois anos tem sido intimamente associado à aprovação dos EUA de fundos negociados em bolsa de Bitcoin no mês passado. Mas o frenesi ligado aos ETFs de Bitcoin parece já ter diminuído, com o volume médio diário de negociação no mercado de criptoativos caindo para US$ 113 bilhões até agora neste mês, abaixo dos cerca de US$ 149 bilhões em janeiro, de acordo com CCData.

(Com informações de Bloomberg News)

🗓️ AGENDA: Os eventos e indicadores em destaque hoje e na semana →

🔘 As bolsas ontem (13/02): Dow Jones Industrials (-1,35%), S&P 500 (-1,37%), Nasdaq Composite (-1,80%), Stoxx 600 (-0,95%), Ibovespa (--)