CPI: inflação dos EUA sobe 0,3% em janeiro, acima do esperado

Economistas consultados pela Bloomberg previam alta de 0,2% para o índice geral na comparação mensal; em 12 meses, alta foi de 3,1%

Consumidores americanos continuam a gastar apesar do juro alto
13 de Fevereiro, 2024 | 10:39 AM

Bloomberg Línea — O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos teve alta de 0,3% em janeiro, após ter avançado 0,2% no mês anterior, mostrando a resiliência da economia americana.

Já o núcleo do CPI (medida que desconsidera preços de itens mais voláteis como alimentos e energia) subiu 0,4% no mês, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira (13) pelo Departamento do Trabalho americano.

O núcleo é uma das principais medidas acompanhadas pelo Federal Reserve em sua decisão de política monetária. Isso porque fornece indicações mais precisas sobre a variação dos preços no país.

Nos 12 meses encerrados em janeiro, o núcleo subiu 3,9%, enquanto o indicador principal avançou 3,1%.

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Estimativa da Bloomberg Economics indicava alta de 0,2% na base mensal para o CPI e para o núcleo do CPI. Na comparação anual, as estimativas eram de alta de 3% e 3,7%, respectivamente.

Embora os custos de energia tenham apresentado mais um mês de desinflação, com preços de gasolina mais baixos, os custos de serviços e alimentos permaneceram firmes. O setor de habitação contribuiu com dois terços do aumento do indicador.

Os índices futuros de ações dos EUA, que recuavam antes da divulgação, ampliaram as perdas após os dados acima do esperado. Por volta das 10h40 (horário de Brasília), o S&P 500 Futuro caía 1,15%, enquanto o Nasdaq 100 Futuro, com grande exposição ao setor de tecnologia, tinha queda de 1,53%.

Inflação e o impacto nos juros

As pressões inflacionárias recuaram no segundo semestre de 2023, impulsionadas por quedas acentuadas nos preços de bens. A inflação de serviços também se moderou, embora em um ritmo mais lento.

A diminuição das pressões de preços tem ajudado a construir expectativas nos mercados financeiros de cortes de juros este ano, embora os funcionários do Federal Reserve tenham rejeitado recentemente a ideia de reduções iminentes.

Isso porque o mercado de trabalho, a manufatura e o crescimento econômico nos EUA têm surpreendido positivamente, mostrando-se resilientes aos aumentos dos juros e levando os membros do Fed a pedir cautela em apostas exageradas sobre cortes nas taxas.

Na segunda-feira (12), o presidente do Federal Reserve Bank de Richmond, Thomas Barkin, alertou que as empresas dos EUA, acostumadas a aumentar os preços nos últimos anos, podem continuar a alimentar a inflação. Estrategistas do Citigroup (C) também disseram que o mercado está ignorando o risco de aumentos nas taxas após o ciclo de afrouxamento monetário.

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Em janeiro, os EUA criaram 353.000 vagas de emprego, segundo dados do payroll. O resultado superou todas as previsões de economistas do mercado financeiro. Estimativa mediana em pesquisa da Bloomberg apontava para a criação de 185.000 vagas no último mês. Já a taxa de desemprego se manteve em 3,7%.

-- Com informações da Bloomberg News

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.