Empresa de crédito de carbono com Moreira Salles e Gávea como sócios atrai Microsoft

Gigante americana de tecnologia acertou acordo para compra de 3 milhões de toneladas de créditos de remoção de carbono ao longo de 15 anos da re.green

Brazilian economist Arminio Fraga Photographer: Dado Galdieri/Bloomberg
Por Peter Millard - Beatriz Amat
09 de Maio, 2024 | 03:35 PM

Bloomberg — A Microsoft (MSFT) decidiu se unir a um ex-presidente de banco central e a uma família bilionária para reflorestar grandes áreas no Brasil.

A gigante de tecnologia americana concordou em comprar 3 milhões de toneladas de créditos de remoção de carbono ao longo de 15 anos da re.green, uma empresa de reflorestamento fundada há dois anos.

Este é o segundo acordo da Microsoft nos últimos seis meses para comprar créditos de carbono brasileiros, ressaltando o potencial do país para abastecer mercados voluntários de carbono.

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Um clima tropical e vastas extensões de terras agrícolas degradadas dão ao Brasil a capacidade de plantar florestas de rápido crescimento em grande escala.

O país poderá compensar um total acumulado de 30,5 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono equivalente até 2050, tornando-se o maior país do mundo em potencial de redução de carbono por meio do desmatamento evitado, do reflorestamento e da agricultura sustentável, de acordo com o BloombergNEF.

“O Brasil tem uma tremenda vantagem competitiva dada a quantidade de terras que temos e o clima”, disse o CEO da re.green Thiago Picolo em entrevista à Bloomberg News, acrescentando que planeja ter uma área do tamanho de Porto Rico sob sua gestão dentro de 15 anos.

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“A empresa líder em restauração não sairá de Nova York ou Londres. Vai sair do Brasil.”

Gráfico: Brasil é lider em compensação de carbonodfd

Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, faz parte do conselho da re.green, e a empresa de gestão de ativos que ele fundou, a Gávea Investimentos, também é uma das investidoras da re.green. A bilionária família Moreira Salles também investiu na empresa de reflorestamento.

A indústria de compensação de carbono, em rápido crescimento, também enfrenta alguns ventos contrários. Nos últimos anos, casos de greenwashing minaram a confiança no Brasil e no exterior.

Os procuradores federais brasileiros, por exemplo, abriram investigações sobre projetos de crédito de carbono por supostamente assediarem grupos indígenas e não cumprirem promessas feitas às comunidades locais.

A re.green, com sede no Rio de Janeiro, já tem 13.000 hectares de terras disponíveis e precisará adquirir cerca de outros 3.000 hectares para cumprir o acordo de fornecimento com a Microsoft.

Seus créditos são gerados pelo plantio de espécies nativas em terras que já fizeram parte da Amazônia e da Mata Atlântica, e está em busca de outros compradores além da Microsoft.

Cerca de 8% das florestas da re.green serão colhidas em cerca de 25 anos e depois replantadas com florestas permanentes, sob uma metodologia diferente para cálculo de créditos de carbono.

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Esta colheita torna economicamente viável a recuperação de áreas em que o valor dos créditos em si não seria suficiente para cobrir os custos, disse Picolo.

A empresa está em processo de registro de seus projetos junto da Verra, uma verificadora de compensação de carbono.

O acordo com a Microsoft deve servir como um voto de confiança que ajudará a re.green a encontrar mais investidores e até mesmo a acessar os mercados de dívida para se expandir, disse Picolo.

“Acreditamos que isso será fundamental para levantarmos capital adicional”, disse ele.

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