Itaú vai avançar além de produtos bancários para fidelizar clientes, diz CEO

Milton Maluhy Filho diz a investidores que o banco vai aprofundar o modelo ‘beyond banking’ para ampliar o relacionamento e o contato com sua base

Itaú reforça foco no conceito 'beyond banking', tendência em que o portfólio do banco inclui cada vez mais serviços não financeiros
15 de Junho, 2023 | 05:03 PM

Bloomberg — O Itaú Unibanco (ITUB4), maior banco do Brasil, apresentou novas perspectivas sobre o posicionamento de mercado durante uma apresentação nesta quinta-feira (15) para investidores, em que o conceito de beyond banking foi realçado pela administração.

Esse modelo refere-se à evolução dos serviços bancários tradicionais para um amplo ecossistema de serviços financeiros e não financeiros. O conceito presume expandir as ofertas para além das atividades bancárias, criando novas fontes de receita com maior engajamento do cliente.

“Vamos continuar buscando avançar não só no nosso negócio tradicional mas também em outras linhas de receitas, outros negócios, no que chamamos de beyond banking: atender bem nossos clientes não só em produtos e serviços financeiros”, disse o CEO, Milton Maluhy Filho no Itaú Day.

“É a entrega de ofertas, conhecimentos e experiências complementares, potencializando nossa audiência, nossa relação, nossa capacidade de entregar produtos e ter contato com nossos clientes o tempo todo. É isso que vamos buscar todos os dias dentro desse ambiente”, disse o CEO.

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Antes da apresentação de Maluhy sobre as principais agendas da companhia, os dois co-presidentes do conselho de administração, Pedro Moreira Salles, e Roberto Setubal, que abriram o Itaú Day, também destacaram os desafios da jornada de transformação digital no banco.

“Os cenários vão mudando e nós vamos nos adaptando. Essa é a nossa vantagem competitiva. As mudanças no mercado financeiro foram trazidas pela evolução da tecnologia. Estamos olhando a fundo a nova concorrência para evoluir. Estamos otimistas com essa transformação”, disse Setubal.

Salles lembrou que o Itaú Unibanco é uma organização centenária que, nos últimos anos, tem mudado o foco da oferta de produtos para um segmento massificado para uma visão personalizada das necessidades do cliente diante dos novos entrantes no mercado, em referência às fintechs.

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“O desafio não é simples. Sabemos o caminho, mas lidar com ele não é óbvio. Saímos de uma visão no produto para uma visão para o cliente. Não podemos ficar presos ao legado. Os novos entrantes têm outro grau de agilidade e leveza”, afirmou Salles.

Os comentários dos dois executivos foram feitos em conversa que buscou um tom informal, em formato de podcast. Os dois co-presidentes do board forneceram dados sobre os avanços na jornada digital. Cerca de 50% da plataforma do banco já funciona na nuvem.

Instituições financeiras do Brasil estão reconhecendo a necessidade de se adaptar às mudanças no comportamento do consumidor e às demandas crescentes por soluções digitais, ágeis e personalizadas, segundo apontam analistas.

Nesse novo ambiente competitivo, impulsionado pelas mudanças tecnológicas, o setor bancário do país explora parcerias e colaborações com fintechs e startups, criando ecossistemas financeiros que aproveitem a inovação para ofertar soluções melhores e mais eficientes.

Isso pode incluir a integração do tradicional portfólio de serviços financeiros, como seguros, investimentos e gestão de patrimônio, além de recursos não financeiros, como serviços de viagens, entretenimento e assistência médica.

Inteligência Artificial

Segundo Salles, o Itaú Unibanco já treinou mais de 5.000 funcionários em tecnologia de dados e cloud e houve uma modernização tecnológica nos processos do banco. Setubal disse que a companhia está se preparando também para abraçar a nova onda de IA (Inteligência Artificial) e learning machine,

“Há dois, três anos, eu estava mais preocupado com a transformação digital, mas soubemos endereçar os desafios, estamos provavelmente no meio do caminho e somos bons em execução. Somos líderes do mercado e as evidências apontam que estamos na direção correta”, afirmou Setubal.

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Já o CEO mencionou indicadores de satisfação dos clientes e dos funcionários, além dados de rentabilidade do primeiro trimestre, em que o ROE (retorno sobre patrimônio líquido) superou a marca de 20%, o melhor resultado entre os bancos privados que atuam com foco no varejo.

“Precisamos ter uma cultura mais digital, ter uma mentalidade mais ágil, ter mais autonomia do que hierarquia”, resumiu Maluhy Filho sobre a orientação dominante da administração para outras esferas do banco no processo de mudança organizacional em andamento.

O executivo citou ainda que cada 1% de aumento do engajamento dos clientes com novos produtos e serviços oferecidos representa uma receita nova de R$ 1 bilhão para a companhia.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.