Petrobras: o que levou JPMorgan e Morgan Stanley a recomendarem compra

Analistas revisam suas recomendações para as ações da petroleira brasileira nos últimos dias; valorização no acumulado do ano já supera 30%

Sede da Petrobras no Rio de Janeiro: estatal volta a entrar no portfólio de recomendações de analistas (Foto: Dado Galdieri/Bloomberg)
12 de Junho, 2023 | 04:14 PM

Bloomberg Línea — Múltiplos considerados baratos, política de dividendos mais altos que o esperado mesmo após mudanças e expectativa de novos ganhos têm levado analistas a revisarem suas teses para as ações da Petrobras (PETR3; PETR4). Nos últimos dias, dois grandes bancos de investimentos elevaram a recomendação para os papeis da companhia para compra, o que ajudou a sustentar os ganhos na Bolsa.

Nesta segunda-feira (12), o JPMorgan (JPM) elevou a recomendação para as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) de neutro para overweight (acima da média do mercado, equivalente a compra), revisando para cima o preço-alvo de R$ 30,50 para R$ 41, o que implicaria upside de 21% ante o fechamento de sexta-feira (9). Nesta segunda, as ações subiram 1,27%, para R$ 34,18.

O banco também elevou o preço-alvo para os ADRs, os recibos de ações negociados em Nova York, PBR e PBR-A para US$ 15,50, versus US$ 11,50 anteriormente.

A avaliação dos analistas é a de que os papéis oferecem uma relação entre risco e retorno atrativa, uma vez que mudanças na estratégia não devem alterar a geração de fluxo de caixa livre (FCF, na sigla em inglês) da companhia.

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As ações preferenciais fecharam nesta segunda com ganho de 1,75%, a R$ 30,81.

No relatório do JPMorgan, a equipe de analistas destacou ainda o fato de as ações estarem sendo negociadas a múltiplos EV/Ebitda (valor sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) considerados baratos, de 2,5 vezes, o que implica desconto de 50% ante pares globais.

O banco americano havia rebaixado para neutro os papéis em outubro de 2022 diante do que entendeu como riscos das eleições presidenciais, como mudanças na política de preços.

“Agora, nos sentimos à vontade para dizer aos investidores que a estratégia da Petrobras provavelmente mudará do que foi nos últimos 4-5 anos, mas que não será uma mudança de 180 graus”, escreveu a equipe de análise.

O principal risco para a tese, de acordo com o JPMorgan, seria um forte aumento nos preços do petróleo. “Este tem sido o motivo de estresse em todas as formas de governo no passado. Mas a principal mensagem para nós é que os três pilares principais - precificação, disciplina de capital e dividendos - mudaram um pouco, mas seu núcleo permanece em vigor, assim como a governança. E isso garante nosso upgrade para as ações da Petrobras.”

No caso dos dividendos, o banco escreveu que, embora possam ser eventualmente menores, devem continuar sendo pagos trimestralmente e em linha com as principais petrolíferas, com a adição ainda de recompras de ações.

Morgan Stanley recomenda compra

O JPMorgan não está sozinho na tese de compra da Petrobras. Na última quarta-feira (7), o Morgan Stanley (MS) divulgou relatório elevando os ADRs da companhia de posição neutra para overweight.

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A justificativa também está ligada a uma visão mais positiva com relação à política de dividendos depois de que as últimas mudanças anunciadas foram vistas como melhores do que o esperado.

Isso justificou, segundo o banco americano, um espaço para novos ganhos mesmo após forte alta dos papéis da petroleira no acumulado do ano. Em 2023, as ações ordinárias sobem 33,5% na B3, enquanto as preferenciais têm alta de 38,6% até sexta-feira (9).

Os analistas Bruno Montanari e Thiago Casqueiro, que assinaram o relatório, chamaram a atenção para uma expectativa de 40% do fluxo de caixa livre (FCF) antes dos juros, o que gera um rendimento “atrativo” de 16%.

O retorno, destacaram, é o mais alto entre os principais pares e é possível mesmo sob as condições de novas e mais baixas estimativas para os preços do petróleo daqui para frente.

“A visão mais construtiva vem de um dividendo ‘saudável’ no primeiro trimestre de 2023, juntamente com as observações da administração de que a Petrobras distribuiria dividendos de acordo com seus principais pares internacionais de petróleo. Também acreditamos que manter um fluxo saudável de dividendos é a solução mais fácil para o governo brasileiro se beneficiar da forte geração de caixa da estatal em 2023.”

Segundo dados da Bloomberg, cinco casas (JPMorgan, Banco do Brasil, XP Investimentos, HSBC e ISS-EVA) tinham recomendação de compra para os papéis preferenciais da Petrobras, enquanto cinco recomendavam compra para as ações ordinárias (JPMorgan, Banco do Brasil, HSBC, XP Investimentos e Bradesco BBI).

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.