Foco na Ásia, lojas que vendem US$ 100 mi e retrofit: os planos da Apple no varejo

Empresa mais valiosa do mundo prepara nova ofensiva 22 anos depois de abrir primeira unidade física; planos incluem novas lojas, reformas e mudanças de ponto

Loja da Apple em Xangai, na China: empresa mais valiosa do mundo vai acelerar abertura de pontos na Ásia (Foto: Qilai Shen, Bloomberg)
Por Mark Gurman
02 de Junho, 2023 | 05:05 AM

Bloomberg — A Apple está trabalhando em planos para expandir e revitalizar sua rede de varejo, com o objetivo de se aprofundar na China e em outras partes da Ásia, enquanto reforma pontos existentes há mais tempo nos Estados Unidos e na Europa.

Até 2027, a fabricante do iPhone estuda a abertura de 15 novas lojas na região da Ásia-Pacífico, cinco locais na Europa e no Oriente Médio e quatro pontos de venda adicionais nos Estados Unidos e no Canadá, segundo pessoas com conhecimento das deliberações que falaram à Bloomberg News.

Não há informações sobre o Brasil, onde a Apple tem há alguns anos duas unidades próprias, uma em São Paulo, no Shopping Morumbi, e outra no Rio de Janeiro, no Village Mall.

A Apple (AAPL) também planeja reformar ou realocar seis lojas na Ásia, nove na Europa e 13 na América do Norte, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque o assunto é privado. No total, a empresa propõe 53 lojas novas, realocadas ou reformadas nos próximos quatro anos.

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A Apple procura trazer um novo brilho à sua operação de varejo que completa 22 anos. É uma das redes mais veneradas do mundo, mas também enfrentou desafios durante a pandemia, problemas de atendimento ao cliente e questionamentos trabalhistas nos últimos anos.

O plano é construir ou reforçar a marca da Apple em mercados em crescimento, como a Índia, ao mesmo tempo em que oferece aos consumidores dos Estados Unidos e da Europa uma experiência melhor.

As novas lojas mais notáveis em discussão ou em desenvolvimento incluem três locais na Índia, o primeiro posto avançado da empresa na Malásia e uma atualização para a localização histórica da Apple na região comercial da Opera de Paris, de acordo com as pessoas.

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Também abrirá em breve uma loja na Battersea Power Station em Londres, em sua nova sede local, planeja um local adicional em Miami. E há uma loja principal programada para o Jing’an Temple Plaza em Xangai.

Alguns dos locais futuros e seu cronograma permanecem como projeções ou propostas internas, o que significa que podem ser adiados ou cancelados por completo. Ainda assim, muitas das lojas já estão em desenvolvimento, com a Apple tendo feito acordos de arrendamento com proprietários dos terrenos. Um porta-voz da empresa com sede em Cupertino, na Califórnia, se recusou a comentar.

Atualmente, a Apple tem mais de 520 lojas em 26 países, com cerca de metade delas localizadas nos Estados Unidos. A cadeia de varejo é notoriamente lucrativa em termos de receita por metro quadrado, mas as lojas costumam ser mais voltadas para a construção da marca do que para a venda de produtos.

A empresa fundada por Steve Jobs e Steve Wozniak obtém a maior parte de sua receita de outros canais, incluindo seu site com e-commerce. Ainda assim, as lojas físicas servem como um local importante para os clientes comprarem produtos nos dias de lançamento, obterem suporte técnico e terem aulas.

Lojas que vendem mais de US$ 100 milhões

As operações de varejo da empresa são supervisionadas por Deirdre O’Brien, uma das executivas mais antigas da Apple, que assumiu as funções quando a veterana do Burberry Group Angela Ahrendts deixou o cargo em 2019.

A construção e a manutenção das próprias lojas são gerenciadas por Kristina Raspe, executiva da Apple à frente de imóveis e instalações globais. Esse grupo se reporta ao diretor financeiro da empresa, e não a O’Brien.

A Apple opera quatro modelos de pontos de venda de varejo, de acordo com especificações internas:

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  • Uma loja padrão em shoppings
  • Apple Store+” que podem ser em shoppings ao ar livre ou lojas de rua
  • Flagships em áreas-chave com designs exclusivos
  • Flagship+, lojas que são maiores e mais caras de operar.

As lojas regulares normalmente geram mais de US$ 40 milhões por ano, enquanto as Apple Store+ faturam mais de US$ 45 milhões, de acordo com dados internos. As flagships stores geram mais de US$ 75 milhões, enquanto os flagship+ movimentam mais de US$ 100 milhões anualmente.

Tim Cook, CEO da Apple, cumprimenta clientes da empresa na inauguração de loja em Nova Deli, na Índia, em abril, a segunda unidade própria no país asiático (Foto: Prakash Singh/Bloomberg)dfd

Foco na Ásia-Pacífico

O foco principal da expansão é a região da Ásia-Pacífico, com 21 locais novos ou reformados planejados até 2027. O mercado gerou cerca de US$ 130 bilhões em receita da Apple no ano passado - cerca de um terço do total - e países como a Índia emergiram como um motor crítico de crescimento. A Apple abriu suas duas primeiras lojas na Índia em abril.

No final deste ano, a empresa abre uma nova loja em Wen Zhou Shi, na China, atualizando sua flagship store em Nanjing East, em Xangai, e adicionando um par de novas lojas na Coreia do Sul.

Essa expansão no território da principal rival Samsung Electronics elevará o número total de postos avançados na Coreia do Sul para sete. A Apple abriu sua loja no bairro de Gangnam em Seul em março e sua unidade em Myeongdong há um ano.

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Para o ano que vem, a empresa planeja sua primeira loja na Malásia, localizada em Kuala Lumpur; um novo local em Jing An Temple Plaza; uma remodelação de sua unidade de Pudong em Xangai; e potencialmente seu primeiro posto avançado em Foshan, na China. Também planeja uma nova loja no shopping Grand Front Plaza em Osaka e uma remodelação de sua unidade em Shinsaibashi na mesma cidade.

Mesmo com a deterioração das relações EUA-China, a Apple continua altamente dependente da nação asiática - tanto como parceira de fabricação quanto como mercado para seus produtos. O CEO Tim Cook comemorou esse relacionamento durante uma viagem à China no início deste ano, chamando-o de “simbiótico”, e o crescimento do varejo ressalta o compromisso da Apple com o país.

Para 2025, a Apple está discutindo a abertura de sua terceira loja na Índia - no subúrbio de Borivali, em Mumbai - e pode mudar de local a unidade em Perth, na Austrália.

Quatro novas lojas na China também estão propostas para este ano, além da reforma da unidade em Ginza, no Japão, que foi a primeira da empresa no país quando inaugurada em 2003. A loja foi transferida para um espaço temporário no ano passado, após sua inauguração, depois que o edifício original foi demolido.

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A empresa também está preparando o terreno para uma nova loja em Yokohama e uma realocada em Shibuya Marui, ambas no Japão. Em 2027, a Apple pretende adicionar um quinto ponto na Índia, um local na área costeira de Worli, em Mumbai.

Na Europa, a Apple pretende abrir a loja de Londres em Battersea ainda neste mês. Também está planejando uma nova loja em Madri, no shopping center La Vaguada, bem como a relocação de sua loja Milton Keynes no Reino Unido. A Europa gerou mais de US$ 95 bilhões para a Apple no ano passado, ou cerca de um quarto das vendas. O Reino Unido é seu o terceiro maior mercado varejista, com cerca de 40 lojas.

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Nova estética e experiência melhor

Os pontos que a Apple está reconstruindo ou movendo são principalmente lojas antigas ou desatualizadas. Em alguns casos, eles são menores do que a maioria dos locais modernos ou carecem de recursos como uma área de coleta de produtos ou assentos para aulas. A estética da Apple também mudou ao longo dos anos. A empresa mudou de paredes e detalhes de metal para prateleiras de madeira.

De forma mais ampla, O’Brien busca melhorar a experiência nas lojas da Apple. As reclamações de clientes e funcionários se acumularam nos últimos anos, e a rede perdeu parte do prestígio de que desfrutava quando o logotipo brilhante da Apple começou a aparecer em shoppings centers, duas décadas atrás. A empresa também lida com um esforço de sindicalização nos Estados Unidos e no exterior.

Para o próximo ano, a Apple discute a mudança de ponto de quatro lojas no Reino Unido, bem como uma localização em Le Chesnay, na França. Também abrirá sua quarta unidades na Suécia. Um ano depois, planeja realocar mais um local no Reino Unido, potencialmente remodelar a loja da Opera em Paris e abrir um novo local em Al Ain, em Abu Dhabi. Isso marcará sua quinta loja nos Emirados Árabes Unidos.

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Os planos de varejo da Apple na América do Norte também estão mais focados na reformulação das operações existentes do que na expansão para novas cidades.

A primeira é uma reformulação da loja Tice’s Corner em Woodcliff Lake, em Nova Jersey, prevista para o próximo mês. Esse local foi o último da Apple com uma frente preta original, datado da estreia da rede em 2001. A empresa planejando outras três mudanças nos EUA e uma no Canadá até o fim de 2023.

Para o próximo ano, a Apple está considerando alguns novos locais nos EUA, incluindo uma loja de shopping na cidade de Torrance, no sul da Califórnia, e um novo local grande no empreendimento Worldcenter, um projeto estimado de US$ 4 bilhões em Miami. Também discute a eventual abertura de uma nova loja em Detroit e mudança de ponto em Ann Arbor, no estado de Michigan.

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