Crise em imóveis? GP, de Bonchristiano e Fersen, leva 90% da BR Properties

Tradicional empresa de private equity, fundada há 30 anos por Lemann, Telles e Sicupira, vai pagar cerca de R$ 670 milhões em oferta pública de aquisição (OPA)

Vista aérea de São Paulo: mercado imobiliário continua a gerar negócios entre grandes empresas neste ano (Paulo Fridman/Bloomberg)
11 de Abril, 2023 | 11:07 AM
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São Paulo — A GP Investimentos, comandada e controlada por Antonio Bonchristiano e Fersen Lambranho, adquiriu 89,74% da BR Properties (BRPR3) em uma OPA (oferta pública de aquisição).

A empresa, uma das mais tradicionais de private equity do país, fundada há 30 anos por Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, pagará R$ 666,855 milhões e um preço de ação de R$ 64, segundo fato relevante na noite de segunda-feira (10). A oferta havia sido anunciada em janeiro.

A aposta de Bonchristiano e Lambranho, dois dos mais experientes investidores do país, materializada por meio da Slabs Investimentos, uma subsidiária da GP, ocorre em um momento de incertezas sobre o mercado de imóveis comerciais com os juros em patamares mais elevados.

A BR Properties, que é uma empresa de investimento em imóveis comerciais, está em processo de encolhimento depois de uma avaliação de seus principais acionistas de que não há boas oportunidades no mercado com juros tão elevados. Há quase um ano, vendeu um conjunto de 12 prédios comerciais para a canadense Brookfield por cerca de R$ 5,9 bilhões.

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No começo do ano, a BR Properties aprovou uma redução de capital da ordem de R$ 2,5 bilhões aos acionistas, com pagamento de cerca da metade em dinheiro, e o restante, em cotas de um fundo imobiliário.

As famílias de Lemann, Telles e Sicupira, por exemplo, fizeram movimento na direção contrária à da GP recentemente e venderam o chamado Prédio do Mappin, no centro da cidade de São Paulo, para o Sesc por valores não divulgado. O desinvestimento ocorreu por meio da São Carlos Empreendimentos (SCAR3), que controlam.

Os três investidores bilionários são os acionistas principais da Americanas (AMER3) e tentam evitar a quebra do grupo varejista por meio de um acordo com os credores. A empresa entrou em recuperação judicial em janeiro após a revelação ao mercado de um rombo de R$ 20 bilhões.

A Americanas ainda não fechou oficialmente um acordo com os maiores bancos credores, após indicar uma capitalização de R$ 12 bilhões. A dívida total da companhia soma mais de R$ 42,5 bilhões.

A BR Properties é uma das maiores companhias de investimento em imóveis comerciais do Brasil e tem capital aberto desde 2010. O sucesso da OPA marca a saída da empresa de desenvolvimento imobiliário do Novo Mercado da B3, segmento que exige melhores práticas de governança.

No final de 2022, a empresa possuía 12 imóveis comerciais que totalizavam 416 mil m2 de ABL (área bruta locável). No ano passado, a BR Properties registrou um prejuízo líquido de R$ 1,523 bilhão, um resultado impactado pelo efeito de reavaliações dos valores das propriedades.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.