Fed eleva os juros em 0,25 ponto e diz que bancos dos EUA são ‘sólidos’

Banco central dos EUA enfrenta o desafio de domar a inflação no país ao mesmo tempo que lida com as pressões de uma crise no setor bancário que ameaça os mercados e a economia

Federal Reserve
22 de Março, 2023 | 03:10 PM
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Bloomberg Línea — O Federal Reserve (Fed) aumentou a taxa de juros de referência dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira (22), para um intervalo de 4,75%, a 5%. Essa é a maior faixa dos juros americanos desde 2007, quando o país estava às vésperas da crise financeira global.

O aumento desta quarta-feira (22) veio dentro das expectativas do mercado, que apontavam uma alta de 0,25 ponto percentual. É a primeira decisão de política monetária do Fed desde o início da crise bancária que afetou os mercados nas últimas semanas.

Após a divulgação do Fed, as ações passaram a operar de forma mista. O S&P 500 subia 0,52%. Já o índice Nasdaq operava em queda de 0,09%. O Ibovespa (IBOV), por sua vez, tinha alta de 0,08%.

Segundo o comunicado, o “sistema bancário dos Estados Unidos é sólido e resiliente” e que o Comitê “antecipa que algum endurecimento adicional da política pode ser apropriado para atingir uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo”.

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As autoridades do Fomc (equivalente ao Copom) afirmam que “acontecimentos recentes devem resultar em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas e pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação” e que “a extensão desses efeitos é incerta”, permanecendo ”altamente atento aos riscos de inflação”.

As autoridades do Fed projetaram que as taxas terminariam 2023 em cerca de 5,1%, inalteradas em relação à estimativa mediana da última rodada de previsões em dezembro. A projeção mediana para 2024 subiu de 4,1% para 4,3%.

“Ao determinar a extensão dos aumentos futuros no intervalo da meta, o Comitê levará em conta o aperto cumulativo da política monetária, as defasagens com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e os desenvolvimentos econômico-financeiros [...] O Comitê está fortemente empenhado em retornar a inflação ao seu objetivo de 2%”, continua o comunicado.

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Os investidores aguardam agora a fala de Jerome Powell, presidente do Fed, que faz um pronunciamento à imprensa às 15h30, no horário de Brasília.

Revisão das expectativas

Antes da crise bancária, os diretores do banco central americano e analistas do mercado financeiro apontavam para a possibilidade cada vez maior de o Fed fazer um aumento de 0,5 ponto porcentual na taxa de juros para conter as pressões inflacionárias diante de um mercado de trabalho aquecido nos Estados Unidos.

No entanto, a quebra de bancos de porte médio nos Estados Unidos levou a uma revisão das estimativas sobre os juros, diante de que o temor de um choque maior na economia americana.

A crise levou a autoridade monetária a adotar medidas emergenciais para garantir a liquidez no sistema financeiro e evitar um contágio. A crise no setor também atingiu bancos europeus, em especial o Credit Suisse (CS), que teve de ser vendido para o seu principal concorrente suíço, o UBS (UBS).

Diante da ameaça de a crise se alastrar, o Fed passou a enfrentar um dilema entre combater a inflação de maneira mais rígida ou adotar uma postura menos restritiva diante da possibilidade de a crise causar uma desaceleração econômica mais forte.

Nesta quarta-feira, também é decidida a taxa de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Brasil pelo Banco Central (BC), a partir das 18h30, no horário de Brasília. A expectativa é de manutenção da taxa a 13,75%.

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.