PIB do Brasil deve crescer mais com apoio fiscal e demanda resiliente, diz FMI

Fundo Monetário Internacional aponta desaceleração do crescimento do país de 3,1% em 2022 para 1,2% em 2023, mas acima das projeções apresentadas em outubro

Neste novo relatório semestral, o FMI estima que a economia da América Latina e do Caribe cresceu 3,9% em 2022, mas vai desacelerar para 1,8% em 2023
31 de Janeiro, 2023 | 09:39 AM

Bloomberg Línea — O aumento das taxas de juros pelos bancos centrais para combater a inflação e a continuidade da guerra da Rússia na Ucrânia são os principais fatores que permeiam a atualização das projeções econômicas do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a América Latina.

Em novo relatório divulgado na noite de segunda-feira (31), a agência estima que a economia da América Latina e do Caribe cresceu 3,9% em 2022, ou seja, uma revisão para cima da projeção de outubro, quando colocou o crescimento do PIB da região em 3,5% no ano passado.

Além disso, para 2023, também há uma leve revisão para cima de 0,1 ponto percentual ante outubro, passando para um crescimento de 1,8% neste ano.

“Projeta-se que o crescimento da região aumente para 2,1% em 2024, embora com revisão em baixa de 0,3 ponto percentual devido a condições financeiras mais restritivas, preços mais baixos das matérias-primas exportadas e vendas em crescimento dos parceiros comerciais”, diz o documento.

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Em relação às duas principais economias da região, o FMI aponta o seguinte: o Brasil teria um crescimento de 1,2% em 2023 e 1,5% em 2024, enquanto o México, de 1,7% e 1,6%, respectivamente.

Em relação a essas duas projeções em particular, vale destacar que a previsão reflete melhoras de 0,2 ponto percentual para o Brasil e de 0,5 ponto para o México em 2023, devido à resiliência inesperada da demanda doméstica, crescimento acima do esperado nas economias dos principais mercados parceiros e, no caso do Brasil, apoio fiscal acima do esperado.

Relativamente à inflação na América Latina, o FMI destaca que a queda dos preços dos combustíveis e das suas matérias-primas têm contribuído para a redução do nível geral de preços, efeito que se verificou também nos Estados Unidos e na Zona do Euro.

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“Nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento, projeta-se que a inflação anual caia de 9,9% em 2022 para 8,1% em 2023 e 5,5% em 2024, ou seja, ainda acima da média de 4,9% antes da pandemia (2017–2019)“, disse a organização internacional.

Além disso, especifica-se que há sinais de que o aperto “da política monetária está começando a esfriar a demanda e a inflação, mas o impacto total provavelmente não se materializará antes de 2024″.

No entanto o FMI é claro ao apontar que, “na maioria das economias, face à crise do custo de vida, a prioridade continua a ser a redução da inflação sustentada”.

Nessas economias, ele aponta que, com as atuais condições monetárias mais restritivas e um ritmo de crescimento mais lento que pode afetar a estabilidade financeira e da dívida, “é necessário recorrer a ferramentas macroprudenciais e fortalecer os quadros de reestruturação da dívida”.

Vale lembrar que o Banco Mundial, também em janeiro, projetava crescimento de apenas 1,3% para a América Latina e o Caribe até o final de 2023.

Projeções para a economia global

Segundo o documento do FMI, o crescimento global deverá registrar uma desaceleração de 3,4% em 2022 para 2,9% em 2023, antes de se recuperar para 3,1% em 2024.

Mas, aponta o organismo multilateral, embora a previsão para 2023 tenha sido revisada para cima (em 0,2 ponto percentual), está abaixo da média histórica recente entre 2000 e 2019, que foi de 3,8%. “Não se espera que o PIB global e o PIB global per capita apresentem crescimento negativo, o que geralmente acontece quando há uma recessão global”, acrescenta.

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Os resultados em 2022 são explicados principalmente por um terceiro trimestre de 2022 forte em muitas economias, incluindo os Estados Unidos, a Zona do Euro e importantes mercados emergentes e economias em desenvolvimento.

Fatores como consumo privado e investimento privados mais fortes do que o esperado pesaram ali em um contexto de escassez de mão-de-obra e apoio fiscal acima do esperado.

A rápida disseminação da Covid-19 na China, diz o FMI, “desacelerou o crescimento em 2022, mas a recente reabertura abriu caminho para uma recuperação mais rápida do que o previsto”.

A inflação mundial deverá diminuir de 8,8% em 2022 para 6,6% em 2023 e para 4,3% em 2024, níveis ainda superiores aos observados antes da pandemia (2017-2019) de cerca de 3,5%.

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Por último, e de acordo com a trajetória da demanda mundial, “prevê-se que o comércio mundial desacelere em 2023 para 2,4%, apesar do alívio dos estrangulamentos da oferta, para depois se recuperar para 3,4% em 2024″.

Os riscos para as perspectivas

Riscos de alta: os riscos de alta plausíveis incluem surpresas mais favoráveis nos gastos domésticos – como no terceiro trimestre de 2022 –, o que, no entanto, aumentaria ainda mais a inflação. Ao mesmo tempo, há espaço para um cenário de alta com inflação abaixo do esperado e menor aperto monetário:

  • Estímulo da demanda reprimida.
  • Deflação mais rápida.

Riscos de baixa: Muitos riscos negativos continuam a pesar sobre as perspectivas globais, reduzindo o crescimento e, em alguns casos, alimentando ainda mais a inflação:

  • Estagnação da recuperação da China.
  • Intensificação da guerra na Ucrânia.
  • Estresse devido ao superendividamento.
  • Inflação persistente.
  • Reavaliação repentina no mercado financeiro.
  • Fragmentação geopolítica.

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Sebastián  Osorio Idárraga

Comunicador social y periodista. Ex Editor de Home en la Revista Semana. Ex periodista económico en Revista Dinero y la Radio Nacional de Colombia. Podcaster.