CEOs repensam execução de planos ESG com aumento do risco de recessão

Segundo pesquisa, metade dos presidentes das empresas está ‘pausando ou reconsiderando’ seus esforços ESG planejados para os próximos meses

Chimenea
Por Alastair Marsh
05 de Outubro, 2022 | 08:35 AM

Bloomberg — CEOs estão suspendendo várias metas ESG enquanto tentam preparar seus negócios para as consequências de uma possível recessão, segundo um estudo realizado pela KPMG.

Cerca de metade dos CEOs ouvidos em uma pesquisa “está pausando ou reconsiderando seus esforços ESG existentes ou planejados nos próximos seis meses”, disse a consultoria. Aproximadamente um terço “já o fez”, acrescentou.

“À medida que os CEOs tomam medidas para proteger seus negócios de uma recessão iminente, os esforços ESG estão sob crescente pressão financeira”, disse Jane Lawrie, chefe global de assuntos corporativos da KPMG.

A maioria dos executivos entrevistados disse que geralmente considera questões ambientais, sociais e de governança como parte integrante de seu sucesso.

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Mas com os desafios impostos por uma economia em contração, as empresas agora estão lutando para equilibrar “questões ambientais de médio prazo enquanto tentam proteger a estabilidade econômica e social de curto prazo”, disse Lawrie.

Segundo a KPMG, oito em cada dez CEOs globais prevêem uma recessão nos próximos 12 meses. Nesse contexto, gastar recursos em metas ESG que não estão totalmente definidas dentro das estruturas regulatórias está caindo na lista de prioridades. Além disso, há alguns sinais de ceticismo dos investidores em relação ao ESG.

A pesquisa KPMG CEO Outlook é baseada nas respostas de 1.325 executivos-chefes de todos os setores e países e foi realizada entre 12 de julho e 24 de agosto. Todos os participantes têm receita anual de pelo menos US$ 500 milhões — e um terço tem receita superior a US$ 10 bilhões.

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Separadamente, uma pesquisa recente da Capital.com, corretora on-line com sede em Londres, com uma grande base de clientes de varejo mostrou que traders e investidores não priorizam o ESG. Dos mais de 1.800 clientes questionados, 52% dos traders e investidores disseram que nunca selecionaram uma ação ou fizeram uma negociação com base em fatores ESG. Quase a metade — ou 46% — disse que não sabia como fazer isso, e 12% disseram que os investimentos em ESG eram muito caros.

As descobertas expõem algumas das principais fraquezas que o ESG enfrentou, pois o investimento atrai críticas de todos os lados.

Nos Estados Unidos, mais de uma dúzia de estados tradicionalmente republicanos estão tentando impedir que o setor financeiro leve em consideração os fatores ESG enquanto tentam proteger setores como os de petróleo e armas de fogo. Enquanto isso, especialistas em ESG criticam modelos vigentes de investimento por terem inconsistências e muito foco nos lucros.

Dito isso, uma onda de novas regulamentações está prestes a mudar o cenário de negócios e investimentos de uma maneira que tornará difícil para os CEOs subestimarem o ESG.

Na União Europeia, os investidores precisam cumprir o Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis, enquanto as corporações enfrentam requisitos mais rígidos na forma da Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa.

Nos EUA, a Securities and Exchange Commission (SEC) propôs requisitos rígidos de divulgação climática e, globalmente, o International Sustainability Standards Board está estabelecendo diretrizes que têm o potencial de afetar empresas em todas as jurisdições.

A KPMG observou que 72% dos entrevistados disseram que “acreditam que o escrutínio das partes interessadas sobre questões ESG”, como igualdade de gênero e impactos climáticos, “continuará a acelerar”. Também há pressão sobre as empresas para intensificar os relatórios ESG.

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