Mercado em alta, mas cauteloso, ante decisão do Fed e nova ofensiva de Putin

Além do veredito do Federal Reserve sobre os juros, os investidores acompanham com atenção máxima os novos capítulos da invasão da Rússia à Ucrânia

Conheça os eventos que vão orientar os investidores hoje
21 de Setembro, 2022 | 07:36 AM

Barcelona, Espanha — A jornada de hoje se moverá no passo da cautela. Além do veredito do Federal Reserve (Fed) sobre os juros norte-americanos, os investidores acompanham com atenção máxima os novos capítulos da invasão da Rússia à Ucrânia. Tanto as bolsas europeias como os futuros norte-americanos já operaram esta manhã entre os campos negativo e positivo. A busca por refúgio beneficia os negócios com ouro e títulos soberanos.

⏸️ Mercado em pausa. O Fed dará hoje continuidade ao seu ciclo de aperto monetário. São grandes as chances de que suba os juros básicos em 0,75 ponto percentual pela terceira reunião consecutiva. Mas um movimento mais robusto, de 1 ponto percentual, não é descartável, considerando que a inflação persiste em níveis bastante elevados. O mercado financeiro aguarda os próximos passos segurando a respiração: tanto os futuros de índices nos Estados Unidos como as bolsas europeias flutuam do positivo ao negativo, às espera dos novos parâmetros que guiarão a economia e os negócios.

🪙 Novos apertos na Europa. Enquanto espera Jerome Powell (Fed) o mercado absorve a visão da presidente do BCE, Christine Lagarde, sobre a necessidade de mais elevações do juro europeu. Segundo ela, embora as expectativas de inflação estejam ancoradas agora, seria imprudente tomar isso como certo. “O tamanho dos passos que daremos dependerá de como as expectativas de inflação evoluirão à medida que avançarmos”, disse.

🪖 Escalada da tensão. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou uma mobilização militar parcial de 300.000 soldados com o objetivo de anexar territórios. A decisão chega após a Ucrânia retomar cerca de 10% dos territórios tomados pela Rússia. Em discurso televisivo, Putin avisou estar disposto a usar “todos os meios” à sua disposição para assegurar “a soberania, a segurança e a integridade territorial de seu país” e disse que o alerta não é um “blefe”.

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📈 Procurando refúgio. O efeito sobre os preços do petróleo foi imediato, que subiam ante a possibilidade de interrupção de fornecimento da commodity. A escalada da guerra russa repercute diretamente nos mercados, aprofundando as crises energética e alimentar em curso ao redor do globo. Como reação, ativos de refúgio como o ouro e os títulos soberanos - tanto os dos EUA como os europeus - ganhavam valor diante das declarações de Putin.

Vale destacar que as cotações do barril têm retrocedido nos últimos meses, alinhadas com o cenário econômico global mais austero e contraído por políticas de juros altos que afetam a demanda. Nesse sentido, hoje os agentes avaliam o relatório mensal sobre estoques de cru a ser divulgado pela Agência Internacional de Energia (IEA).

Os preços do gás natural também subiam ante a nova mobilização russa, respondendo igualmente os riscos para o suprimento de inverno, enquanto a Europa movimenta fundos em busca da independência do do gás russo.

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Os mercados esta manhãdfd
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (-1,01%), S&P 500 (-1,13%), Nasdaq Composite (-0,95%), Stoxx 600 (-1,09%)

Os investidores priorizaram a cautela na sessão de ontem, em resguardo pela decisão de hoje do Fed, e as bolsas norte-americanas fecharam no vermelho. Foi um dia de volatilidade, em que o mercado aproveitou alguns preços descontados ao longo do dia, mas sem abdicar da prudência até conhecer a estratégia do banco central e avaliar seu efeito sobre a economia. Entre os investidores, o consenso é de um aumento de 0,75 ponto percentual da taxa de juros dos EUA.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Vendas de Casas Existentes/Ago, Relatório de Estoques de Petróleo Bruto (EIA), Juros e Pedidos de Hipotecas - MBA. CEOs de grandes bancos testemunham no Congresso

Europa: Reino Unido (Dívida Líquida do Setor Público/Ago, Índice CBI de Tendências Industriais/Set)

Ásia: Japão (Investimento Estrangeiro em Ações)

América Latina: Brasil (Reunião do Copom, Receita Tributária Federal); Argentina (Balança Comercial e Balanço Orçamentário/Ago, Taxa de Desemprego/3T22); México (Vendas no Varejo/Jul)•

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Banco centrais: Decisões sobre juros do Fed e do Banco Central do Brasil. Reunião de Política Não Monetária do BCE. Discursos de Luis de Guindos (vice-presidente do BCE) e de Johannes Beermann (Bundesbank)

📌 Para a semana:

Quinta: Reuniões de política monetária dos bancos centrais do Japão, Reino Unido, Indonésia, África do Sul, Turquia e Suíça

Sexta: Secretária do Tesouro dos EUA Janet Yellen discursa em Washington. PMIs da Zona do Euro

(Colaborou Bianca Ribeiro. Com informações da Bloomberg News)

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.