Mercado apaga aposta de alta de juros em setembro com recuo da inflação

Curva de juros precifica apenas cerca de cinco pontos-base de alta da Selic no próximo mês, uma maior chance de manutenção do juro nos atuais 13,75%

Ao divulgar a ata da reunião do Copom ontem, o Banco Central afirmou que avaliará se somente a perspectiva de manutenção dos juros
Por Josue Leonel
10 de Agosto, 2022 | 12:03 PM

Bloomberg — O mercado de juros futuros apagou a maior parte das apostas em uma alta adicional da Selic em setembro. O movimento ganhou impulso com a inflação mais amena nos Estados Unidos nesta quarta-feira (10), logo na sequência da deflação no Brasil e da sinalização da ata da reunião do Copom de que a Selic poderá ficar estável daqui para frente.

A curva de juros precifica agora apenas cerca de cinco pontos-base de alta da Selic no próximo mês, o que sugere uma maior chance de manutenção do juro nos atuais 13,75%, definidos pelo Copom da semana passada. Até a sexta-feira, o mercado ainda precificava uma alta residual de mais 0,25 ponto percentual no próximo mês. As opções negociadas na B3 fecharam ontem com probabilidade de 68% de a Selic não subir mais.

A inflação ficou estável em julho nos EUA, na comparação mensal, melhor do que a estimativa de alta de 0,2%. No Brasil, o IPCA mostrou deflação de 0,68% em julho, a maior da história. Ao divulgar a ata da reunião do Copom ontem, o Banco Central afirmou que avaliará se somente a perspectiva de manutenção dos juros “por um período suficientemente longo” assegurará a convergência da inflação para a meta. A frase foi interpretada como um sinal de que o ciclo de aperto monetário já terminou.

O dólar acumula queda de mais de 4% nos últimos cinco dias, o que pode significar mais alívio para a inflação. “Acredito que o rali do real tira pressão do Banco Central para subir o juro de novo. O incentivo para mais uma alta de 0,25pp em setembro pode não ser mais tão forte agora”, disse Brendan McKenna, estrategista do Wells Fargo.

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Apesar da queda da inflação em julho, que reflete sobretudo o corte de impostos feito pelo governo, os analistas seguem cautelosos em relação às expectativas para a inflação em 2023. Em questionário enviado pelo Banco Central aos economistas antes do Copom e publicado depois da ata, 54% responderam que veem risco de alta para a inflação no próximo ano e 93% disseram que a perspectiva fiscal piorou.

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