Investidores ligam modo otimista e vão às compras na abertura da semana

Mas cautela dará o tom em semana de balanços corporativos e reunião do BCE sobre juros; confira os principais eventos que vão fazer preços nos ativos

Conheça os eventos que vão orientar os investidores nesta terça-feira, 5 de julho
18 de Julho, 2022 | 08:24 AM

Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada da nota originalmente publicada às 6h39)

O pano de fundo permanece o mesmo - uma inflação insistentemente alta e a ameaça de que uma política monetária mais apertada conduza as economias a uma recessão. Porém, alguns sinais deixaram o mercado antever uma ligeira melhora no cenário, abrindo caminho para as compras no mercado de renda variável. A ala dos operadores que esperavam uma ação mais enérgica por parte do Federal Reserve (Fed), de um aumento de 1 ponto cheio, começam a revisar suas expectativas.

As ações europeias e os futuros de índices norte-americanos avançavam, enquanto o dólar se enfraquecia à medida que os investidores reduziam suas apostas sobre a agressividade com que o Federal Reserve irá apertar a política monetária.

Tanto os futuros indexados ao S&P 500 quanto o índice europeu Stoxx 600 chegaram a subir mais de 1%. As ações tecnológicas chinesas são impulsionadas pela expectativa de apoio governamental à economia, golpeada pelo longo isolamento para frear os contágios por Covid-19.

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A alta era generalizada entre as commodities. O petróleo bruto West Texas Intermediate era negociado acima dos US$ 100 por barril, já que a viagem do presidente dos EUA, Joe Biden, ao Oriente Médio terminou sem um compromisso firme da Arábia Saudita de aumentar o fornecimento de petróleo.

• Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Investidor foge da instabilidade da Petrobras

→ Estes são os fatores que os investidores estão olhando com lupa:

👎 Os contras. No começo da semana passada, a inflação nos Estados Unidos mostrou que não está de brincadeira. Tanto os preços para os consumidores (+9,1% em 12 meses) como industriais (+11,3%) surpreenderam em junho, levando muitos operadores a cogitarem um aumento maior dos juros, de até 1 ponto percentual, na reunião do Federal Reserve (Fed) entre 26 e 27 de julho.

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👍 Os prós. Mas conforme a semana foi passando, esta expectativa foi se diluindo. Primeiro: James Bullard, um dos membros mais “hawkish” do Fed, ou seja, que mais se posiciona a favor de altas importantes de juros, declarou ser favorável a um aumento de 0,75 ponto. Além disso, melhoraram as expectativas de inflação de longo prazo (de 5 a 10 anos) no indicador de confiança da Universidade de Michigan (+2,8% em julho, contra +3,1% no mês anterior e um consenso de +3,0% entre os analistas).

👀 Sobe quanto? O Banco Central Europeu subirá na quinta-feira os juros para o bloco - será a primeira alta desde 2011. Já está descontado um aumento de 0,25 ponto percentual, valor antecipado pela própria presidente Christine Lagarde. Mas há quem espere uma alta maior, de 0,50 ponto. É que a inflação tem continuado a surpreender e o euro voltou à paridade em relação ao dólar.

📊 E a saúde, como vai? A temporada de balanços está a todo vapor e os analistas querem saber como os recentes acontecimentos no front econômico - inflação, o impacto da guerra na Ucrânia no abastecimento global e nos preços das matérias-primas, alta dos juros - têm afetado a saúde financeira das empresas. Outro ponto é a paridade do euro com o dólar: uma forte apreciação da moeda norte-americana aumenta a lista de ameaças às margens de lucro das empresas.

😶‍🌫️ Expectativa: Custos de energia. Está previsto para terminar esta quinta-feira o fechamento temporário do gasoduto Nordstream, que leva o gás russo à Alemanha. Problemas ou atrasos na sua volta à atividade colocariam uma pressão adicional nos custos energéticos e aumentariam a incerteza antes do inverno europeu.

Um panorama desta manhãdfd
🟢 As bolsas na sexta-feira: Dow Jones Industrials (+2,15%), S&P 500 (+1,92%), Nasdaq Composite (+1,79%), Stoxx 50 (+1,79%), Ibovespa (+0,45%)

O relatório de vendas a varejo dos EUA colocou os mercados de ações de volta ao campo positivo, após o golpe no meio da semana com a maior inflação em décadas. O mercado se surpreendeu positivamente com o aumento de 1% nas compras no varejo, após uma queda de 0,1% revista para cima em maio. O chefe da Reserva Federal de Atlanta, Raphael Bostic, destacou na sexta-feira a importância de uma ação ordenada de política monetária, sugerindo que ele não apoia o aumento das taxas de juros em 100 pontos-base.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Feriado: Japão (Dia do Oceano)

EUA: Índice NAHB de Mercado Imobiliário/Jul

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Europa: Itália (Balança Comercial/Mai); Espanha (Balança Comercial)

América Latina: Brasil (Boletim Focus, IGP-10/Jul)

Bancos centrais: Relatório Mensal do Bundesbank, o banco central da Alemanha. Pronunciamento de Michael Saunders (BoE)

Balanços do dia: Goldman Sachs, Bank of America, IBM, Prologis

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📌 Para a semana:

Balanços: Bank of America, Goldman Sachs, Tesla, Netflix, Johnson & Johnson, Novartis, Volvo, SAP, American Airlines, America Express, entre outros

Terça-feira: A Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, visita a Coreia do Sul. Minuta de política monetária do Banco Central da Bank of Australia. O governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, falam em evento

Quarta-feira: Reino Unido (IPC e IPP/Jun), Alemanha (IPP/Jun), Zona do Euro (Confiança do Consumidor)

Quinta-feira: Decisões sobre taxas de juros do Banco do Japão e do Banco Central Europeu (BCE). Gasoduto Nord Stream 1 programado para reabrir após manutenção

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Sexta-feira: Indicadores PMIs/Jul: Japão, França, Alemanha, Reino Unido e Zona Euro; Reino Unido (Índice GfK de Confiança do Consumidor); Japão (IPC/Jun); Levantamento do BCE com previsões econômicas

(Com informações da Bloomberg News)

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.