A culpa é do petróleo? Queda dos preços não traz alívio imediato aos combustíveis

Preços da gasolina e do diesel em todo o mundo não têm acompanhado a queda – e muitas vezes continuam a subir

Nos EUA, o preço médio da gasolina nos postos está apenas alguns centavos abaixo do recorde de mais de US$ 5 o galão estabelecido no início deste mês
Por Alex Longley - Elizabeth Low e Barbara J. Powell
25 de Junho, 2022 | 11:31 AM

Bloomberg — Quem espera que o recente tombo nos preços do petróleo traga um alívio rápido para a inflação global desenfreada pode estar enganado.

Embora o Brent, petróleo de referência mundial, tenha caído até 10% nas últimas semanas, os preços da gasolina e do diesel em todo o mundo não têm acompanhado essa queda – e muitas vezes continuam a subir.

Nos EUA, o preço médio da gasolina nos postos está apenas alguns centavos abaixo do recorde de mais de US$ 5 o galão estabelecido no início deste mês. O Reino Unido continua a amargar recordes diários de preços de combustíveis no varejo, e em Singapura os preços estão próximos dos mais altos de todos os tempos.

São sinais de que o principal problema de abastecimento da indústria petrolífera - a falta de capacidade de refino - não tem solução fácil, salvo a destruição da demanda. Mas, por enquanto, com muitos governos impulsionando o consumo por meio de subsídios ou cortes de impostos, as refinarias têm dificuldade em produzir toda a gasolina e diesel que o mundo deseja.

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“O aperto está na capacidade de refino”, disse Amrita Sen, cofundadora e diretora de pesquisa da Energy Aspects. “Vimos os preços do petróleo caírem, mas os combustíveis não”.

É uma má notícia tanto para os banqueiros centrais quanto para os consumidores, que enfrentam o impacto inflacionário desses aumentos.

No noroeste da Europa, as margens de refino atingiram seu nível mais alto desde pelo menos a primavera de 2018 nesta semana. As margens estão altas em parte porque os governos de todo o mundo têm buscado maneiras de aliviar o fardo dos preços recordes para os consumidores.

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O presidente americano Joe Biden propôs esta semana uma pausa na cobrança de impostos sobre a gasolina, enquanto o Japão anunciou um subsídio ao combustível. Economias emergentes desde Índia ao México e África do Sul reduziram impostos ou aumentaram subsídios.

“Há sinais mínimos de destruição da demanda”, disseram analistas da RBC Capital Markets, incluindo Michael Tran, em nota aos clientes. “A isenção de impostos sobre a gasolina do presidente Biden efetivamente poderia levar à preservação da demanda, que vem com a consequência não intencional de reduzir ainda mais os estoques de combustíveis e manter os preços elevados por mais tempo.”

E aí reside um dilema do mercado de petróleo. Embora os preços futuros do petróleo tenham caído com a expectativa de um grande impacto no consumo, as políticas governamentais ainda mantêm o consumo em alta.

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