Cripto: Mesmo com mercado em baixa, há alternativas para o investidor

É o fim da linha para os investidores de criptomoedas? Não exatamente, mas é preciso cautela

Especialista em cripto garante que é preciso manter a calma e olhar para as oportunidades
13 de Maio, 2022 | 08:11 AM

Bloomberg Línea — Depois de um crescimento avassalador no investimento em criptomoedas de 938% entre investidores brasileiros em 2021, de acordo com um levantamento da corretora Hashdex com base em dados da B3 e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o momento pode parecer de pisar no freio.

Diante de um mercado de ações estressado e de um cenário macroeconômico instável e incerto, os investidores têm optado, em sua maioria, por uma venda maciça de criptomoedas. Uma estimativa do site de rastreamento de preços CoinMarketCap mostrou que mais de US$ 200 bilhões foram subtraídos deste mercado em apenas 24 horas.

Na quarta-feira (11), o CEO da Binance, Changpeng Zhao, escreveu em seu Twitter que é preciso “respeitar o mercado, com um nível de cautela também”, e que é preciso “construir produtos reais, não dependentes de incentivos ou promoções de curto prazo, mas com valor intrínseco que as pessoas usam”.

“Muitos me perguntaram sobre os mercados hoje. Precisamos respeitar o mercado, com um nível de cautela também. Ele sobe e desce em ciclos. E principalmente o fato de que nem sempre faz sentido.”

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É o fim da linha para o mercado de criptomoedas? Não exatamente.

“É preciso consciência da volatilidade dos criptoativos”, lembra Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, em entrevista à Bloomberg Línea.

Resiliência e atenção aos detalhes

Medeiros vê o momento como “delicado”, do ponto de vista macroeconômico, e cita este fator como um dos principais responsáveis pela queda generalizada dos criptoativos, bem como o colapso da Luna que, há pouco mais de um mês, era uma das 10 maiores criptomoedas por capitalização de mercado, e hoje está em 14º lugar.

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Mas, justamente aqui é que surge brecha para a máxima “comprar na baixa e vender na alta”, um bordão clássico entre investidores.

“É preciso ser conservador nos investimentos, não arriscar em ativos de baixa capitalização e também ser sempre muito resiliente emocionalmente, embora o mercado de baixa seja o melhor momento para comprar criptoativos, já que num momento de alta essa volatilidade é muito recompensadora pra cima, e quem tiver paciência para comprar criptoativos o longo prazo, vai ser recompensado quando o cenário tiver melhor”, diz.

Num momento de maior fuga de liquidez, com o dinheiro se esvaindo do mercado de cripto, os melhores ativos para se posicionar são os com maior capitalização, defende Medeiros.

“Ativos que estão mais bem fundamentados, como o Ethereum, Solana e o próprio Bitcoin, captaram muito dinheiro enquanto o mercado estava em alta para continuar o desenvolvimento de sua tecnologia e das aplicações que são construídas dentro de seu blockchain. Então, o investidor deve procurar por estes ativos com maior valor de mercado e mais bem capitalizados, com dinheiro em caixa, para sobreviver ao mercado em baixa”.

Especificamente sobre o Ethereum, a segunda maior criptomoeda do mundo e que reverteu queda no fim da tarde desta quinta-feira (12), Medeiros diz que há uma oportunidade em vista, uma vez que a tecnologia do ativo será revertida, deixando a mineração para um sistema “Proof of Stake” (Pos), o que reduz o consumo energético em 99,9%, segundo Medeiros, e que é “muito positivo para o mercado cripto porque também libera espaço para que outras empresas possam investir em Ethereum por passar a ser uma blockchain eco friendly, a atender requisitos ESG”, explica.

Stablecoins: uma alternativa viável?

As stablecoins, que ao contrário do Bitcoin não possuem nenhum tipo de lastro, são uma categoria de cripotmoedas que possuem seu valor atrelado a algum outro ativo considerado mais estável - e isso pode ser uma vantagem no que diz respeito a risco.

“As stablecoins são ativos mais seguros, que não estão tão suscetíveis à volatilidade. Porém, quando a pessoa está comprada em stablecoin, não é considerado que ela esteja exposta ao mercado de criptomoedas, mas sim à moeda moeda fiduciária, ou a uma commodity - como é o caso do ouro. Essa segurança tem levado boa parte dos investidores a alocar recursos em stablecoins”, explica Medeiros.

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“As stablecoins permitem que você tenha seu dinheiro dentro da blockchain, ou seja, dentro do mercado cripto ou em corretoras, ou até mesmo em corretoras descentralizadas, numa moeda estável, e aproveitar eventuais quedas do mercado”, diz.

No entanto, como qualquer ativo, é preciso lembrar que as stablecoins possuem vantagens e desvantagens e, por ser relativamente nova, ainda há dúvidas entre investidores e especialistas sobre sua capacidade de paridade.

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Melina Flynn

Melina Flynn é jornalista naturalizada brasileira, estudou Artes Cênicas e Comunicação Social, e passou por veículos como G1, RBS TV e TC, plataforma de inteligência de mercado, onde se especializou em política e economia, e hoje coordena a operação multimídia da Bloomberg Linea no Brasil.