Quem optou por ficar em Hong Kong recebeu aumento e promoções

Inflação salarial do setor financeiro aumentou ainda mais com emigração devido às restrições na cidade

Funcionários que preferiram ficar na cidade agora recebem incentivos e aumentos por sua decisão
Por Cathy Chan - Sarah Zheng e Zheping Huang
28 de Março, 2022 | 05:14 PM

Bloomberg — As rigorosas restrições de Hong Kong para conter a covid transformaram a cidade em um beco sem saída para legiões de trabalhadores do setor financeiro que se deslocam para outros destinos. Aqueles que optam por ficar estão recebendo oportunidades que não aparecem com muita frequência.

Entrevistas com headhunters, executivos e funcionários do setor financeiro e de empresas digitais retratam uma intensa competição por trabalhadores experientes em tecnologia que estão dispostos a encarar a vida em uma cidade amplamente isolada do resto do mundo. Para essas pessoas, há uma abundância de oportunidades, com grandes promoções e aumentos salariais – pelo menos a curto prazo.

“Quando há escassez de talentos, as pessoas usam isso como oportunidade para aumentar seus salários”, disse Christine Houston, diretora-gerente da empresa de busca de executivos ESGI, que tem como foco o setor financeiro. “Eles estão mais visados que há um ano”.

Normalmente, os trabalhadores do setor financeiro em Hong Kong receberiam um aumento salarial de aproximadamente 15% para compensar o risco de mudança para um novo empregador, disse Houston. Agora, “certamente, não há nada menor que 20% a 30%”.

PUBLICIDADE

O número de novos vistos emitidos para trabalhadores estrangeiros em serviços financeiros caiu para 2.569 no ano passado, uma queda de quase 50% em relação a 2018, mostram cálculos com base em dados do governo. E isso foi antes de a variante ômicron chegar a Hong Kong, levando o governo a desencadear algumas das restrições de distanciamento social mais rígidas do mundo.

A diferença entre o número de pessoas que deixou Hong Kong e as que chegaram na cidade foi de 140 mil este ano, uma das maiores ondas de emigração da história da cidade e quase quatro vezes o total de todo o ano de 2021. Muitos foram expulsos por políticas de quarentena que, em alguns casos, separaram os pais de seus filhos e por ameaças de testes em massa acompanhados por lockdowns em toda a cidade. Outros estavam fartos de longas quarentenas que tornavam impraticáveis as viagens de negócios e as visitas à família no exterior.

Mesmo após a chefe do Poder Executivo de Hong Kong Carrie Lam ter mudado a abordagem recentemente, adiando o plano de testes e encurtando a quarentena em hotel para viajantes para sete dias, o estrago já havia sido feito.

PUBLICIDADE
PIB nominal de Hong Kong após onda de SRAG em 2003dfd

A inflação salarial do setor financeiro tem sido um “problema relevante” nos últimos 15 meses e aumentou ainda mais este ano quando a onda de emigração gerou uma disputa pelos talentos restantes, disse John Mullally, diretor regional da Robert Walters em Hong Kong.

Isso pode deixar aqueles que conquistaram aumentos salariais exorbitantes expostos a uma reversão acentuada se Hong Kong voltar a ser um grande atrativo para expatriados – ou se as empresas começarem a transferir empregos para outros lugares em grande escala.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também