Os projetos icônicos de Ruy Ohtake no Brasil e no exterior

O célebre arquiteto brasileiro morreu hoje aos 83 anos

Ruy Ohtake (1928-2021)
27 de Novembro, 2021 | 06:22 PM

Morreu na manhã deste sábado (27), o arquiteto Ruy Ohtake, aos 83 anos, vítima de câncer. Ele era um dos mais célebres arquitetos brasileiros da atualidade, tendo sido responsável por projetos icônicos de São Paulo, como o Hotel Unique e a sede do Instituto Tomie Ohtake, que leva o nome de sua mãe artista plástica Tomie Ohtake. Ruy Ohtake projetou mais de 300 edifícios no Brasil e no exterior.

Sua obra ficou marcada pelas curvas em que cores quebravam a dureza do concreto. Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USO) em 1960, ele desenvolveu uma prolífica carreira também como professor universitário.

O Ministério das Relações Exteriores lamentou a morte: “A obra de Ruy Ohtake transformou a paisagem urbana em muitos lugares no Brasil e no mundo, mas sobretudo em São Paulo, que concentra o maior número de suas construções.”.

E prosseguiu com a homenagem: “Ruy Ohtake foi colaborador frequente do Itamaraty em iniciativas de promoção internacional da arquitetura brasileira. O maior legado dessa parceria está materializado na Embaixada do Brasil em Tóquio, projetada pelo arquiteto em 1981 e considerada pelo New York Times como uma das preciosidades da arquitetura contemporânea da capital japonesa.”

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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), lamentou a morte de Ohtake: “Lamento profundamente a morte do meu amigo e arquiteto Ruy Ohtake. Um grande mestre da arquitetura tal qual sua mãe, Tomie Ohtake foi nas artes. Ambos contribuíram muito para a cultura e os valores do Brasil. Meus sentimentos aos familiares e amigos”, escreveu o governador no Twitter.

O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também prestou condolências: “Ruy Ohtake se foi. Era um amigo querido. Sua arte se espalhou por São Paulo, no centro e na periferia. Gostava de gente. Grande perda.”

Hotel Unique (São Paulo)

Hotel Unique, em São Paulodfd

O Hotel Unique foi um de seus projetos mais ousados: um arco de 100 metros de comprimento é a forma-base do edifício que remete a um a meia-lua esverdeada, sustentada por duas bases de concreto apenas com 25 metros altura cada uma. O hotel com vista para o Ibirapuera ficou pronto em 2002.

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A icônica piscina vermelha do Hotel Unique, em São Paulodfd

No terraço há um restaurante e a famosa piscina de azulejos vermelhos, com vista para a cidade de São Paulo.

Instituto Tomie Ohtake (São Paulo)

Instituto Tomie Ohtake, em São Paulodfd

O Instituto Tomie Ohtake, que leva o nome da mãe do arquiteto, foi inaugurado em novembro de 2001. Tomie Ohtake (1913-2015) foi uma das mais importantes artistas plásticas brasileiras do século XX. O projeto foi desenhado para para realizar mostras nacionais e internacionais de artes plásticas, arquitetura e design.

Interior do Tomie Ohtakedfd

Além de obras de Tomie, o Instituto é uma das grandes joias culturais de São Paulo, tendo organizado mostras inéditas no Brasil de artistas como Louise Bourgeois, Josef Albers, Yayoi Kusama, Salvador Dalí, Joan Miró, entre outras.

Redondinhos de Heliópolis (São Paulo)

Projeto habitacional em Heliópolis, São Paulodfd

Projeto de habitação popular de Ruy Ohtake na favela de Heliópolis, em São Paulo, nasceu de um mal-entendido. Em 2003, uma revista atribui-lhe uma declaração de que “o que acho mais feio em São Paulo é Heliópolis”. O arquiteto disse que sua frase na verdade era “o que acho feio é a diferença entre os bairros e Heliópolis”.

Um líder comunitário procurou-o com um desafio: como tornar Heliópolis mais bonita. Assim, nasceu o projeto de habitação popular, segundo o site especializado em arquitetura ArchDaily.

Embaixada do Brasil no Japão

Embaixada do Brasil no Japãodfd

Hotel Renaissance (São Paulo)

Hotel Renaissance, em São Paulodfd

Praça das Artes Augusto Liberato (Barueri, SP)

Praça das Artes Augusto Liberato, Baueri (SP)dfd

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Graciliano Rocha

Editor da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela UFMS. Foi correspondente internacional (2012-2015), cobriu Operação Lava Jato e foi um dos vencedores do Prêmio Petrobras de Jornalismo em 2018. É autor do livro "Irmã Dulce, a Santa dos Pobres" (Planeta), que figurou nas principais listas de best-sellers em 2019.