Acordo sobre dívida dos EUA e balanços ajudam mercados a sustentar ganhos

Discursos alinhados de presidentes de bancos centrais sobre inflação dirimem algumas incertezas, embora investidores estejam atentos a uma retração econômica na China

investidores ainda estão cautelosos porque há muitos fatores em aberto, mas alguns pontos de tensão, como acordo sobre dívida dos EUA, estão sendo resolvidos
30 de Setembro, 2021 | 07:22 AM

Barcelona, Espanha — A temporada de balanços corporativos sustenta a alta na maioria das bolsas europeias e dos futuros de índice nos Estados Unidos. Além disso, um acordo entre legisladores americanos para ampliar o financiamento do governo remove uma incerteza que há tempos pairava nos mercados.

Também alivia as expectativas do mercado o fato de líderes mundiais de bancos centrais como Jerome Powell (Federal Reserve) e Christine Lagarde (Banco Central Europeu) coincidirem que a pressão inflacionária será pontual. A mensagem que ecoou entre os investidores é a de que pode haver um repique nos preços e que a inflação poderia até durar mais tempo que o esperado devido aos gargalos no abastecimento. Porém, a tendência é de que os preços voltem a retroceder, segundo explicaram analistas do Bankinter em relatório.

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A divulgação do termômetro da atividade manufatureira da China deixará os investidores ressabiados. Se por um lado o PMI Caixin para o setor de serviços mostrou recuperação e subiu de 47,5 pontos em agosto para 53,2 pontos em setembro, por outro o PMI manufatureiro caiu para 49,6 pontos, abaixo dos 50 pontos pela primeira vez em 18 meses, o que denota um risco de contração econômica. Contudo, quando se consideram as empresas de menor tamanho (Caixin Purchasing Managers’ Index), houve melhora, dos 49,2 pontos do mês anterior para 50,0 pontos em setembro.

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No Japão, a produção industrial de agosto mostrou sinais de muita debilidade, caindo 3,2%, frente a 0,5% negativo previsto pelos analistas.

Os mercados acionários na Europa se comportam desta maneira na manhã de hoje:

À agenda europeia também há que considerar os dados inflacionários da Alemanha, França e da Itália (hoje) e também da Eurozona (amanhã). Ontem, a Espanha divulgou que seu IPC de setembro alcançou 4,0%, versus os 3,5% esperados pelos analistas.

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  • Outros indicadores em análise: as aprovações de hipotecas do Reino Unido (que chegaram a 74,5 mil em agosto, contra estimativas de 73,0 mil) e o indicador de sentimento econômico da Comissão Europeia para a área do Euro (que subiu para 117,8 em setembro, ligeiramente superior à expectativa de 117 mil dos economistas).

Nos primeiros negócios da manhã, a alta era generalizada nas bolsas europeias, mas agora algumas praças perderam o ímpeto e operam com pequena queda.

  • o Stoxx 600 Europe Index subia 0,44%, para 457 pontos às 12h15 CEST (7h15 no horário de Brasília)
  • o alemão DAX caía 0,19%, para 15.335 pontos
  • em Paris, o CAC 40 avançava 0,16%, situando-se nos 6.571 pontos
  • o londrino FTSE 100 valorizava-se 0,29%, aos 7.128 pontos
  • o IBEX 35 baixava discretamente 0,02%, para 8.878 pontos

Futuros de ações nos EUA

No radar do mercado também estão a audiência do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara sobre a resposta do Fed e do Tesouro à pandemia, agendada para hoje, e dados como o sentimento do consumidor (Universidade de Michigan) e o índice de manufatura ISM, estes últimos previstos para amanhã.

  • o S&P 500 futuro subia 0,55% às 12h15 CEST (7h15 no horário de Brasília) para os 4.373 pontos
  • os contratos indexados ao índice Dow Jones valorizavam-se 0,53%, somando 34.447 pontos
  • os contratos futuros indexados ao índice Nasdaq ganhavam 0,55%, para 14.821 pontos

Como fechou Wall Street ontem

O S&P 500 fechou com 0,16% de alta (4.359 pontos. O Dow Jones Industrial subiu 0,26% (34.390 pontos). Em rumo oposto, o Nasdaq 100 encerrou o dia com queda 0,24%, para os 14.512 pontos, uma perda que não se via desde março.

Mercados asiáticos

O índice de Xangai avançou 0,90%, para os 3.568 pontos. No Japão, Nikkei 225 mostrou 0,31% de queda, aos 29.452 pontos. Já o Hang Seng, de Hong Kong, terminou com baixa de 0,36%, situando-se nos 24.575 pontos.

Confira o comportamento de outros mercados na manhã de hoje:

Petróleo

  • em Nova York, os contratos futuros de petróleo subiam 0,24% às 12h15 CEST (7h15 no horário de Brasília), para US$ 74,98 por barril.

Moedas

  • o euro caía 0,03%, para US$ 1,1594
  • o iene se depreciava 0,04%, para US$ 111,92
  • a libra esterlina tinha 0,23% de alta, cotada a US$ 1,3459

Ouro

  • o ouro futuro subia 0,38%, para US$ 1.729 a onça troy

Cripto

  • o bitcoin valorizava-se 5,17%, para US$ 43,240 mil.

-- Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.