Seis razões para acreditar que o 5G será a nova ‘revolução verde’ do agro

A ideia é que todas as capitais estejam com o sinal operante até julho de 2022. Mas você sabe porque essa tecnologia pode ser tão importante para o setor agrícola?

Chegada da nova tecnologia é vista como a nova revolução verde para o setor produtivo brasileiro
17 de Setembro, 2021 | 01:56 PM

São Paulo — Apenas 25% das áreas produtivas do Brasil possuem algum tipo de conexão com a internet e não estamos falando apenas do sinal 4G. Estão contabilizados aí sinais de rádio, satélite, 3G, entre outros.

É praticamente um consenso que a conectividade ainda é um gargalo enorme no agronegócio. E isso ocorre porque a baixa densidade populacional das regiões agrícolas tornava praticamente inviável o investimento para a implementação dessa infraestrutura, principalmente nas áreas mais afastadas das cidades, onde ficam efetivamente as lavouras.

Como a nova tecnologia permite conectar não apenas pessoas, mas também coisas, a expectativa é que o setor seja um dos mais beneficiados pelo 5G. A quantidade de dados gerados e que poderão ser trafegados em alta velocidade já tem despertado o interesse das empresas de telefonia.

Reunimos aqui alguns dos principais motivos que levam o setor público e privado a acreditar que a chegada do sinal 5G pode provocar um impacto equivalente ao registrado pela revolução verde, na década de 60.

PUBLICIDADE

Veja mais: Agronegócio será setor mais beneficiado pelo 5G, diz ministro das Comunicações

#1 Impacto econômico

Estudos apontam que com 80% das áreas produtivas conectadas, impacto econômico poderia ser superior a R$ 100 milhõesdfd

Estudos do Ministério da Agricultura e da Esalq mostram que existe espaço para que a conectividade das áreas produtivas chegue a 50% em dois anos. Em isso acontecendo, o impacto no Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária nacional seria de aproximadamente 5% sobre os atuais R$ 1,1 trilhão. Em quatro anos, quando o sinal pode chegar a 80% da área produtiva, o impacto seria um aumento de 10% sobre o atual VBP, ou seja, um incremento de R$ 100 milhões. As perspectivas levam em conta apenas o que pode acontecer dentro das fazendas e não consideram os efeitos sobre toda a cadeia do setor.

#2 Assistência técnica virtual

Prestar assistência técnica deixará de ser um problemadfd

Assim como em vários setores, a pandemia foi o vetor que acelerou a digitalização no campo. O problema é que com o sinal limitado a algumas áreas, era difícil estabelecer uma comunicação eficiente. Com a chegada do sinal 5G, a expectativa é que a situação mude, permitindo um avanço muito mais rápido da assistência e extensão rural em um país do tamanho do Brasil.

PUBLICIDADE

Veja mais: Ministro descarta mudar prazo para lançar 5G mesmo sem edital aprovado

“Era um tal de ver o produtor subindo morro acima para tentar melhorar o sinal e falar com o técnico, gente tirando foto da lavoura e andando quilômetros para chegar até a cidade para mandar. Tudo isso tende a mudar”, afirma Bruno Lucchi, diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

#3 Segurança no campo

5G poderá garantir monitoramento em tempo real de áreas estratégicasdfd

Enquanto alguns compram armas de fogo para garantir a segurança nas fazendas, outros pensam em formas um pouco diferentes. Com o 5G será possível instalar câmeras e sistemas de segurança que garantam acesso em tempo real de pontos estratégicos das áreas produtivas, mas também das sedes, armazéns, estacionamento de máquinas, entre outros. Tudo monitorado em tempo real, de qualquer lugar do mundo.

#4 Serviços financeiros diferenciados

Já estuda possibilidade de seguro rural por talhão e não mais por propriedades completasdfd

Uma fazenda não possui características homogêneas em sua totalidade. É possível registrar índices pluviométricos bastante diferentes nos extremos de muitas propriedades, por exemplo. Com isso, já existe análises que apontam para a criação de apólices de seguro por talhão. Áreas com maior risco de perdas, terão seguros mais caros do que as que apresentam menor risco. A ideia é que sejam desenvolvidas soluções customizadas, com processos individualizados porque os dados colhidos nas propriedades vão conseguir de forma mais rápida e mais precisa.

“A ideia é desenvolver produtos e serviços financeiros de forma individualizada, com processos de regulação de seguros, por exemplo, de forma muito mais rápida”, afirma Antonio Chiarello, diretor de agronegócio do Banco do Brasil.

#5 Aumento da eficiência produtiva

Maior eficiência no controle de pragasdfd

Testes realizados com pulverizadores no controle de uma única erva daninha apontaram uma redução de 90% a 95% no uso de herbicidas. Câmeras instaladas na parte frontal das máquinas captavam as imagens da lavoura, identificavam o que era soja ou milho e os diferenciavam da erva daninha. Após a análise, os computadores da máquina mandavam a orientação para aplicar um jato preciso e no volume correto apenas sobre a praga. Além da redução do custo de aquisição do produto, o controle mais efetivo de pragas garante maior poder de desenvolvimento das plantas, aumentando a produtividade.

#6 Relação custo x benefício

Empresas já estão se antecipando na instalação de antenas, se preparando para realização do leilãodfd

Implementar as antenas 5G em todas as áreas produtivas do Brasil e garantir a conectividade rural não será barato. Muitas empresas já se adiantaram e formaram parcerias para estar um passo à frente quando a nova tecnologia estiver disponível. Estimativas indicam que a cada 10% que a produtividade agrícola brasileira aumenta, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional cresce em três pontos percentuais.

PUBLICIDADE

Leia também

Influencers financeiros já ganham mais que banqueiros em Wall Street

ONU: Mudança climática é ‘pior do que imaginávamos’

PepsiCo planeja reduzir uso de plástico pela metade

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.