Espírito Santo inaugura estátua do ‘Buda de Ibiraçu’ com aposta no turismo, mas sem recursos para conservação

Doador principal para a construção do monumento foi o templo japonês Yomeiviji; mosteiro Morro da Vagem retoma visitação, mas mantém retiros suspensos desde início da pandemia

Grande Buda de Ibiraçu, inaugurada  na entrada de mosteiro na região norte do Espírito Santo, levou dois anos para ser construída e teve a inauguração adiada no ano passado devido à pandemia
29 de Agosto, 2021 | 02:24 PM

São Paulo — O roteiro de turismo ganhou uma nova atração no Brasil. Ibiraçu, cidadezinho de relevo ondulado e montanhoso na região norte do Espírito Santo, inaugurou no sábado a maior estátua de Buda sentado do Ocidente, com 35 metros de altura e 350 toneladas de peso, superando os 30 metros do Cristo Redentor no Rio de Janeiro.

A visitação aumentou desde a conclusão da obra, em setembro do ano passado. Devido ao isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19, a data da inauguração foi remarcada três vezes. O desafio agora é garantir dinheiro da manutenção do monumento, uma esperança para a economia do município com a chegada dos turistas de várias partes do país.

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O doador principal dos recursos para a construção foi o templo japonês Yomeiji, diz o monge Kendo, do Mosteiro Zen Morro da Vagem, responsável pelo monumento. Ele conta que um grupo de empresários e de artistas plásticos contribuiu para a execução do projeto. Chamada de “O Grande Buda de Ibiraçu”, a estátua foi construída com concreto, ferro e aço. Há ainda, ao lado, uma fileira de 15 representações de Buda, de 6 metros de altura cada.

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As imagens repetidas de Buda mostram a importância da repetição e da perseverança em nossa vida para conseguir realizar nossos planos no cotidiano”, disse o monge Kendo, vice-abade do mosteiro erguido em 1974 na cidade de 12.701 habitantes situada a 65km de Vitória, capital capixaba.

Visitação

Ele evita divulgar os nomes das empresas que participaram da construção, que durou dois anos, bem como os valores doados. O monumento fica na praça Torii, na entrada do mosteiro, com o tradicional portal vermelho, à beira da rodovia BR-101. No local, também foi inaugurada uma escola e oficina de cerâmica, além de um restaurante para os visitantes. Monge Kendo diz que, desde o fim das obras, a visitação à estátua é crescente, na ordem de 20 mil pessoas por mês.

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“A manutenção da estátua é cara. O mosteiro tem estudado projetos para conservar esse patrimônio”, afirma o religioso budista, sem dar detalhes.

Não se cobra pelo acesso à praça para ver o monumento. Uma fonte de recursos do mosteiro é a cobrança de taxa de R$ 15 (só adultos) para visitação do interior do mosteiro somente aos domingos, por estar em uma área de reserva ambiental, segundo Kendo.

Em abril do ano passado, a pandemia obrigou a suspensão das visitas, que foram retomadas em novembro, seguindo protocolos de segurança e prevenção, como uso obrigatório de máscara, aferição de temperatura corporal, respeito ao distanciamento social e distribuição de álcool em gel para higienização das mãos. O limite de público de visitantes ao mosteiro era de 150 pessoas, por ordem de chegada.

Programas com jovens e crianças

Durante a semana, o mosteiro desenvolve um programa sócio-ambiental com crianças e jovens, abordando temas como sustentabilidade e respeito ao uso dos espaços, entre outros. O local também realizava retiros ecumênicos e espirituais com 80 a 100 pessoas, mas os programas continuam suspensos. Esses eventos atraem principalmente interessados em desenvolver a prática de medicação, segundo o religioso budista.

Ele evita dizer, com certeza, que o Grande Buda de Ibiraçu é o segundo maior do mundo, atrás apenas do Grande Buda de Leshan, escultura de 71 metros de altura, esculpida em pedra, com mais de 1.300 anos, na convergência dos rios Minjiang, Dadu e Qingyi, na China.

“No Sudeste Asiático, há diversas estátuas de Buda. O que temos certeza é que é o maior Buda sentado do Ocidente”, afirma Monge Kendo.

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O religioso budista diz que o monumento se tornou um grande incentivador do turismo na região, conhecida pelo diálogo intereligioso. A Igreja Católica mantém o Santuário Diocesano Nossa Senhora da Saúde na cidade. O próximo passo é equipar a praça Torii com bancos para sentar, cobertura contra o sol e paisagismo, a fim de criar um ambiente agradável para receber os turistas. Encontrar fontes de recursos para esses projetos é a atual tarefa do mosteiro e de seus apoiadores.

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