OpenAI discute ter fins lucrativos e dar 7% do capital a Sam Altman, dizem fontes

Empresa de IA que desenvolveu o ChatGPT e outras soluções e que negocia captação a um valuation de US$ 150 bilhões, segundo fontes, passa por um momento de saída de executivos chave

Sam Altman
Por Rachel Metz - Ed Ludlow - Dina Bass - Shirin Ghaffary
26 de Setembro, 2024 | 10:37 AM

Bloomberg — A OpenAI discute a possibilidade de conceder ao cofundador e CEO Sam Altman uma participação acionária de 7% na empresa e reestruturá-la para que se torne um negócio com fins lucrativos, disseram pessoas familiarizadas com o assunto à Bloomberg News. Isso representaria uma mudança importante que marcaria a primeira vez que Altman teria uma fração da propriedade da startup de Inteligência Artificial.

A empresa considera se tornar uma corporação de benefício público, com a tarefa de obter lucro e também ajudar a sociedade, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque as informações são privadas. A transição ainda está sendo discutida e um cronograma não foi determinado, disse uma das pessoas.

A OpenAI pondera sobre as mudanças no contexto de um êxodo de executivos seniores nos últimos meses.

A diretora de tecnologia (CTO) Mira Murati disse na quarta-feira (25) que está de saída, um movimento surpreendente que marca a mais recente perda de alto nível da startup.

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Nos meses que se seguiram à demissão repentina e à recontratação de Altman no ano passado, a OpenAI esteve em um estado de perda de vários gerentes e mudou a estrutura de algumas de suas equipes.

A OpenAI foi fundada em 2015 como uma organização de pesquisa sem fins lucrativos com o objetivo de criar uma inteligência artificial que fosse segura e benéfica para a humanidade. Em consonância com essas origens, Altman não havia assumido participação acionária, com o discurso de que a empresa se destinava a beneficiar amplamente a sociedade e que ele tinha dinheiro suficiente.

No entanto, com o aumento do valor do negócio, tem sido cada vez mais difícil manter esses ideais. Em 2019, a empresa criou uma subsidiária com fins lucrativos para ajudar a financiar os altos custos do desenvolvimento de modelos de IA e, desde então, atraiu bilhões em investimentos externos da Microsoft e de outros interessados.

A OpenAI atualmente trabalha para levantar US$ 6,5 bilhões com um valuation de US$ 150 bilhões, o que a tornaria uma das startups mais valiosas do mundo, noticiou a Bloomberg News neste mês.

Esse aumento, além da possível nova participação acionária, poderia acrescentar mais de US$ 10 bilhões ao patrimônio líquido de Altman, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index, o que o colocaria entre as pessoas mais ricas do mundo.

Em um comunicado, um porta-voz disse que a OpenAI continua "focada na criação de IA que beneficie a todos", acrescentando que "a organização sem fins lucrativos é fundamental para nossa missão e continuará a existir".

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A possível participação acionária, que ainda está em negociação e pode mudar ou não se concretizar, daria a Altman uma participação financeira contínua no sucesso da OpenAI.

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Muitos investidores são favoráveis à ideia de um fundador ser proprietário de pelo menos parte das empresas que dirige.

Altman também disse ocasionalmente em entrevistas que gostaria de ter participação no capital para que as pessoas parassem de perguntar sobre isso. A Reuters informou anteriormente sobre o plano da OpenAI de reestruturar e conceder a Altman participação acionária pela primeira vez.

Em uma declaração no X, Murati disse que estava “se afastando porque quer criar tempo e espaço para fazer minha própria exploração”.

Em resposta, Altman expressou “enorme gratidão” pelas contribuições de Murati: “É difícil exagerar o quanto Mira significou para a OpenAI, nossa missão e para todos nós pessoalmente”. Ele também disse que em breve compartilharia mais informações com os funcionários sobre os planos de transição.

Murati ainda não tem uma data de saída da empresa, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto. Ela ainda conversa com a liderança da OpenAI sobre os planos para sua substituição, incluindo o cronograma.

No post, ela escreveu: “Por enquanto, meu foco principal é fazer tudo o que estiver ao meu alcance para garantir uma transição tranquila, mantendo o impulso que construímos”.

Mira Murati, formada em Dartmouth, chegou a ser nomeada CEO interina da OpenAI quando Sam Altman deixou a companhia no fim de 2023 (Foto: Philip Pacheco/Bloomberg)

Representantes da OpenAI e de Murati não quiseram fazer mais comentários.

Na quarta-feira, muitos funcionários ficaram chocados com o anúncio da saída de Murati. No canal interno da empresa no Slack, vários funcionários da OpenAI responderam à notícia com um emoji "WTF", de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

Murati, uma engenheira albanesa formada em Dartmouth, desempenhou um papel fundamental na condução dos principais lançamentos de produtos da OpenAI: o popular chatbot ChatGPT, seu software de geração de imagens DALL-E e seu recém-lançado modo de voz avançado que permite que os usuários conversem com o ChatGPT essencialmente em tempo real.

Na primavera deste ano no hemisfério norte, Murati foi criticada por ter dito em uma entrevista ao Wall Street Journal que não tinha certeza se o Sora, um gerador de texto para vídeo que a OpenAI apresentou, mas ainda não lançou, havia sido treinado com vídeos gerados por usuários do YouTube, do Facebook e do Instagram.

Saída da equipe original

Tal uso do conteúdo do YouTube seria uma infração dos termos de serviço da plataforma, disse posteriormente o CEO do YouTube, Neal Mohan, à Bloomberg News.

Após a demissão de Altman, Murati ganhou maior visibilidade ao ser nomeada CEO interina, mas logo se juntou a um grupo de executivos que pressionavam para que Altman fosse readmitido.

Sua saída é a mais recente entre executivos-chave da OpenAI que deixaram a companhia desde a demissão e subsequente recontratação de Altman no fim do ano passado.

Ilya Sutskever, cientista-chefe da empresa, saiu em maio.

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Em agosto, o cofundador Greg Brockman disse que sairia de licença até o final do ano, enquanto o pesquisador John Schulman foi para a Anthropic, rival da IA. As saídas deixam apenas dois membros da equipe fundadora original da OpenAI na startup: Altman e Wojciech Zaremba.

Em seu post no X, cujo texto ela enviou anteriormente aos funcionários da empresa, Murati disse que estava grata por ter trabalhado com a equipe da OpenAI. "Juntos, ultrapassamos os limites da compreensão científica em nossa busca para melhorar o bem-estar humano", escreveu ela.

A empresa tem atualmente cerca de 1.700 funcionários, mais do que o dobro dos cerca de 770 que tinha no final de 2023.

Altman anunciou posteriormente mudanças adicionais na administração da OpenAI.

Em um memorando para a OpenAI que ele também postou no X na quarta-feira, ele escreveu que o diretor de pesquisa Bob McGrew está de saída, junto com Barret Zoph, um vice-presidente de pesquisa que trabalhou em produtos como o ChatGPT.

Em seu próprio post no X, Zoph disse que foi uma "decisão muito difícil" sair e que planeja "explorar novas oportunidades" fora da empresa.

"A OpenAI está fazendo e continuará a fazer um trabalho incrível e estou muito otimista quanto à trajetória futura da empresa e estarei torcendo por todos", escreveu ele.

Altman também nomeou seis funcionários que agora se reportarão diretamente a ele, alguns em novas funções, incluindo Matt Knight como diretor de segurança da informação.

“No último ano, mais ou menos, passei a maior parte do meu tempo nas partes não técnicas da nossa organização; agora estou ansioso para passar a maior parte do meu tempo nas partes técnicas e de produtos da empresa”, escreveu o CEO. Ele acrescentou que haverá uma reunião geral nesta quinta-feira para responder às perguntas dos funcionários.

"As mudanças de liderança são uma parte natural das empresas, especialmente aquelas que crescem tão rapidamente e são tão exigentes", escreveu Altman. "Obviamente, não vou fingir que é natural que essa mudança seja tão abrupta, mas não somos uma empresa normal."

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