Vale tem queda de 10% do lucro no trimestre com preço menor do minério de ferro

No período, a mineradora reportou um resultado líquido de US$ 1,68 bilhão; o Ebitda também foi impactado por cotações mais baixas da commodity

Mina da Vale em Paraupebas, no Pará. Vendas do insumo aumentaram 15% ano contra ano, apesar da queda do lucro
24 de Abril, 2024 | 09:08 PM

Bloomberg Línea — A Vale (VALE3) reportou um lucro líquido de US$ 1,68 bilhão no primeiro trimestre de 2024, resultado 10% inferior ao registrado em igual período do ano passado devido principalmente a preços menores de finos de minério de ferro, informou a companhia em balanço divulgado na noite desta quarta-feira (24).

No critério atribuível aos acionistas, o lucro líquido foi de US$ 1,67 bilhão, recuo de 9% sobre o mesmo intervalo do ano passado.

A retração dos preços do cobre e do níquel praticados no período também influenciou o resultado da mineradora.

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O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado alcançou US$ 3,43 bilhões de janeiro a março, queda de 7% ano contra ano, em um resultado também influenciado pelos menores preços praticados do minério de ferro, destacou o documento.

Já a receita líquida de vendas da companhia atingiu US$ 8,45 bilhões no primeiro trimestre, praticamente estável em relação ao resultado de um ano antes.

Os resultados ficaram aquém das estimativas de analistas do Santander, que projetavam receita de US$ 8,84 bilhões no trimestre, além de Ebitda de US$ 3,769 e lucro líquido de US$ 2,216 bilhões, mais elevados.

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As ações da Vale subiram 1,24% no pregão de quarta-feira (24), a R$ 63,56, refletindo o aumento dos preços do minério e expectativas de resultados financeiros mais elevados. No ano, o papel acumula queda de 17,5% até quarta-feira diante da retração das cotações internacionais em 2024.

Apesar da retração dos preços praticados do minério de ferro, a companhia informou que as vendas do insumo aumentaram 15% ano contra ano, “apoiadas por melhorias operacionais contínuas”.

A mineradora relatou que o preço médio do minério de ferro (62% de ferro contido, referência do mercado) foi de US$ 123,6 por tonelada no primeiro trimestre do ano, valor 2% inferior ao registrado no mesmo período de 2023.

Já em finos de minério de ferro, a cotação média passou de US$ 108,6 por tonelada no primeiro trimestre do ano passado para US$ 100,7 em igual intervalo de 2024.

“Começamos o ano de 2024 bem, impulsionados pelo nosso compromisso com a excelência operacional”, comentou o CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, no relatório financeiro.

A Vale encerrou o trimestre com uma dívida líquida de US$ 10,1 bilhões, montante 23% superior ao mesmo intervalo de 2023.

No período, a mineradora investiu US$ 1,4 bilhão, alta de 23% sobre o primeiro trimestre do ano passado.

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A companhia revisou para cima o capex estimado do projeto Serra Sul, para US$ 2,8 bilhões, devido principalmente ao aumento dos custos de insumos e de serviços, em meio ao efeito combinado de um “cenário econômico inflacionário desde a aprovação do projeto e de um atraso de quase 18 meses na emissão da licença de instalação do projeto”, destaca o documento.

A Vale divulgou ainda a atualização das provisões relativas ao rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho.

Os desembolsos anuais somam US$ 10,1 bilhões de 2024 a 2027, com os valores considerando um câmbio de R$ 4,99.

Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.