General Atlantic e fundo da XP acertam aporte na LiveMode, de mídia do esporte

Empresa americana e fundo de private equity da XP Asset serão sócios na companhia, que é responsável por negociar os direitos da Copa do Mundo de 2026 e que criou a CazéTV em 2022

O influenciador e produtor de conteúdo Casimiro, conhecido como Cazé, no evento Expert 2023 em São Paulo, promovido pela XP (Foto: Paulo Bareta/XP/Divulgação)
23 de Abril, 2024 | 07:00 AM

Bloomberg Línea — A General Atlantic e um fundo de private equity da XP (XP) Asset fecharam um acordo para um aporte na LiveMode, empresa brasileira de mídia esportiva que ficou mais conhecida após acertar parceria para a criação da CazéTV, com o streamer Casimiro, para a transmissão da Copa do Mundo do Catar em 2022.

Recentemente, a empresa fechou um acordo com a FIFA para negociar os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2026 no Brasil, que será realizada nos Estados Unidos, no Canadá e no México. A Copa do Mundo sub20, a Copa do Mundo de futebol feminino e o Mundial de Clubes também já foram transmitidos.

O aporte, de valor não revelado, será o primeiro investimento externo recebido pela LiveMode, que foi fundada em 2017 pelos empresários Edgar Diniz e Sergio Lopes, com o objetivo de atender clientes do esporte como clubes, federações e ligas com produção e distribuição de conteúdo.

Do lado da XP, o investimento é realizado por meio do XP Private Equity II FIP Multimercado, o segundo fundo de private equity da XP, que finalizou em março de 2023 uma captação de R$ 1,7 bilhão.

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Sob gestão da XP PE Gestão de Recursos (gestora do grupo XP Asset) e liderado por Chu Kong, o fundo conta com mais de 16.000 cotistas e tem como foco investimentos em empresas de médio porte.

O último investimento anunciado do fundo foi em julho, com a aquisição de uma participação societária no valor de R$ 300 milhões na Superbac.

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Segundo Leonardo Lenz Cesar, sócio da LiveMode e responsável pela estratégia e execução dos investimentos, a General Atlantic e a XP serão sócios minoritários relevantes no negócio, com assento no conselho. A empresa não revela a participação de cada um.

Com os recursos, a LiveMode pretende ir além do papel de agência e se tornar sócia dos clientes em certos casos, investindo no produto de transmissão e cuidando da internacionalização de campeonatos.

“Tem muita oportunidade fora do Brasil, tanto para exportar o modelo da CazéTV em mercados em que a mídia é muito fragmentada. Já estamos olhando coisas interessantes fora do Brasil”, disse Lenz Cesar em entrevista à Bloomberg Línea.

O investimento ocorre em um momento em que plataformas de streaming como Netflix, Amazon Prime e Apple TV+ têm apostado cada vez mais na transmissão de eventos ao vivo, incluindo partidas esportivas, e concorrem pelos direitos de transmissão de campeonatos com emissoras de televisão tradicionais.

A LiveMode não quis informar os números de faturamento, mas o executivo disse que a operação da empresa é rentável. A LiveMode atua na produção de jogos ao vivo, em plataformas de distribuição de conteúdo, e trabalha com a venda de direitos de transmissão e patrocínio.

Além da FIFA, a empresa tem acordos com UEFA, Comitê Olímpico Internacional (COI), Federação Paulista de Futebol, Athletico Paranaense e Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

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Segundo o executivo, a empresa deve realizar cerca de 1.000 transmissões ao vivo em 2024, entre eventos na CazéTV e produtos para clientes terceiros.

A LiveMode produz os jogos ao vivo e recebe uma taxa por jogo. Nos casos de distribuição paga com assinatura, os modelos de remuneração podem ser fixos ou ela recebe uma fatia da assinatura. No caso da CazéTV, a LiveMode ganha um percentual do dinheiro que é gerado de valor com patrocinadores.

A LiveMode também tem contratos com a Liga Forte União (LFU), um grupo de 26 clubes de futebol do país, que inclui Athletico Paranaense, Atlético Mineiro, Fluminense e Internacional, que pretende negociar os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro das Séries A e B a partir de 2025, quando acaba o vigente com a Globo.

Do outro lado da mesa para também negociar os direitos do Brasileiro estão 18 clubes representados pela Liga do Futebol Brasileiro (Libra), que incluem Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Grêmio, Cruzeiro, Vasco e Santos.

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“Olhamos os direitos de transmissão dos jogos e mapeamos o mercado brasileiro, quem poderia ser o potencial comprador e colocamos isso em um pacote. Vai ter pacote que vendemos para TV aberta, outros por assinatura”, disse o executivo, que anteriormente foi líder de parcerias de mídia na América Latina pela Meta e foi cofundador do canal Esporte Interativo.

“Hoje está cada vez mais complexo, YouTube fazendo transmissões, Amazon, Paramount, tem vários players que estão entrando e cada um deles tem características diferentes. Você tem que ter equilíbrio entre o dinheiro que recebe pelos direitos e a visibilidade que ganha e seu nível de engajamento.”

Segundo ele, em maio a empresa irá inaugurar uma estrutura de produção no Rio de Janeiro, que contará com estúdios próprios, de olho na expansão da transmissão de jogos por streaming.

“Estamos em um mundo cada vez mais fragmentado, em que existem múltiplas formas de consumo. Os jovens estão consumindo conteúdo de uma forma muito diferente. Você conseguir produzir conteúdo e distribuir de forma que atinja os objetivos dessas entidades esportivas virou um desafio que há vinte anos não existia”, afirmou.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups