De Sabesp a rodovias: Perfin aponta oportunidades crescentes em infraestrutura

Em entrevista à Bloomberg Línea, a COO da gestora com R$ 29 bi em ativos, Carolina Rocha, diz que o momento de maior incerteza ficou para trás e cita áreas consideradas promissoras

COO Perfin
26 de Janeiro, 2024 | 05:05 AM

Bloomberg Línea — O setor de infraestrutura tem sido apontado por grandes investidores institucionais como um dos que apresentam maior potencial para alocação de recursos na economia brasileira. Mas o começo de um novo governo no ano passado trouxe cautela sobre eventuais mudanças na política de concessões.

Para a Perfin, gestora com histórico de investimentos no setor, o momento de maior incerteza ficou para trás e 2024 começa com perspectivas positivas para infraestrutura e energia, mesmo que ainda existam incertezas no cenário internacional. Na visão da sócia e diretora de operações (COO), Carolina Rocha, ativos em áreas como a de rodovias e a de saneamento – o que inclui o projeto de privatização da Sabesp (SBSP3) pelo estado de São Paulo - representam boas oportunidades de investimento.

“De forma geral, toda mudança gera inseguranças. Tivemos um início de 2023 um pouco ruidoso, faz parte do processo, mas, à medida que o governo colocou suas medidas em prática, chegamos ao final do ano com uma situação de mais calmaria política e econômica”, disse a executiva em entrevista à Bloomberg Línea.

A estratégia passa por se dedicar a entender de maneira minuciosa os ativos potenciais. “Avaliamos tudo o que está nas nossas verticais de atuação, mesmo que depois a conclusão seja que não faz sentido entrar ou apenas para contribuir nas audiências públicas”, afirmou.

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Na visão da executiva, os momentos mais difíceis do mercado são decisivos para se diferenciar na dinâmica do setor de infraestrutura. “Nessas horas muitos players desaparecem. Nós estamos trabalhando bastante para identificar oportunidades e temos que ter a sabedoria de estar presentes na hora certa e no lugar certo, com o máximo de informações possíveis sobre os ativos ofertados.”

A Perfin, fundada em 2007, tem cerca de R$ 29 bilhões em ativos sob gestão, dos quais R$ 9 bilhões em infraestrutura. Há dois anos e meio, atraiu o BTG Pactual (BPAC11) como sócio minoritário.

A gestora possui projetos em 12 estados do país, como a concessão de rodovias do sul de Minas Gerais e o lote 2 de rodovias do Paraná, arrematado em leilão num consórcio com a Equipav em setembro de 2023. O investimento previsto no conjunto de estradas paranaense é de R$ 10,8 bilhões.

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Recentemente, a Perfin lançou um novo fundo voltado para o setor, com meta inicial de levantar R$ 1 bilhão. “A ideia é que seja [um fundo] mais diversificado, com todas as verticais, sem muito peso para um lado ou para outro”, explicou.

Em relação à Sabesp, Rocha destacou que é preciso que a empresa divulgue mais detalhes sobre os termos da oferta de ações prevista. “Gostamos do ativo e das possibilidades de investimentos que acabam sendo destravadas com sua privatização. Mas algumas definições ainda precisam ficar claras, como a fatia que o governo [paulista] vai vender e qual o modelo de governança, entre outros.”

Ela acrescentou que, do ponto de vista do investimento, há frentes “interessantes” sendo desenvolvidas, como o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A nova fase visa maior participação da iniciativa privada nos projetos. “O governo não consegue ser o único salvador”, afirmou.

Mas a executiva fez a ressalva de que, embora a proposta do novo PAC seja considerada positiva, o governo precisa dar a devida atenção à estruturação dos projetos. “Não adianta termos muitos projetos se não forem bem feitos, pois não vão atrair investimentos.”

Olho em infraestrutura social

Na sua avaliação, os projetos de rodovias continuam sendo um dos destaques, principalmente porque se trata de um setor mais maduro e organizado. “Um ou outro [leilão programado] não aconteceu, foram exceções.”

Foi o que aconteceu em novembro passado, quando o governo federal cancelou o leilão da BR-381 em Minas Gerais por falta de interessados. Outros ativos que estavam sendo estruturados para ir a leilão na área de saneamento também acabaram sendo engavetados.

Olhando para frente, Carolina Rocha apontou a infraestrutura social como área promissora, incluindo segmentos como hospitais e escolas. “De dois anos para cá, temos visto projetos interessantes.”

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Segundo ela, no âmbito macroeconômico o início do ciclo de queda de juros contribui para um cenário mais favorável para o setor de infraestrutura. “Temos previsibilidade de longo prazo, por isso gostamos de infraestrutura. Conseguimos algumas proteções para investimentos longos.”

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.