Da Daiso à Miniso: os bilionários donos de lojas asiáticas de produtos baratos

Lojas de variedades aceleraram as vendas no mundo em 2023 em ambiente de inflação elevada, o que impulsionou a fortuna de empresários do Japão à Coreia do Sul

Espaço de uma loja Daiso
Por Yoojung Lee
28 de Abril, 2024 | 12:27 PM

Bloomberg — Nem todo mundo sai perdendo em um cenário de inflação elevada.

Em um contexto de preços mais altos, as vendas de produtos de baixo custo aumentaram na Ásia e as lojas se expandiram para atender à crescente demanda dos consumidores. E renderam bilhões de dólares em riqueza aos proprietários.

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Na Índia, a fortuna de US$ 22 bilhões de Radhakishan Damani é agora uma das maiores do país.

No Japão, o IPO da Trial Holdings em março – o maior do ano no país – tornou seu fundador um bilionário. Na China, a riqueza de Ye Guofu, do Miniso Group, quadruplicou desde seu momento de maior baixa em 2022.

Um homem está sentado em uma poltrona de couro de cor clara. Ele veste uma camisa de cor clara e uma calça de cor escura

E há ainda a Coreia do Sul, onde uma família pouco conhecida entrou para o rol dos ultrarricos.

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A Asung Daiso, fundada por Park Jung-boo há mais de três décadas, tornou-se uma das maiores vendedoras de artigos baratos do país, com mais de 1.500 lojas.

Em dezembro, Park e sua família compraram de volta uma participação que haviam vendido anos atrás, o que elevou o valor da empresa para cerca de US$ 1,1 bilhão e deu ao clã uma fortuna de mais de US$ 700 milhões, de acordo com o índice de bilionários da Bloomberg.

“Em tempos de inflação, a demanda por lojas de desconto continuará”, disse Park Sang-hyun, economista da HI Investment & Securities em Seul. “Na Coreia do Sul, ela é apoiada ainda mais pelos riscos de crescimento econômico lento.”

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As chamadas lojas de variedades, incluindo as varejistas de baixo preço, ampliaram as vendas em 5,1% em 2023, para US$ 224,7 bilhões globalmente, após um avanço de 2,3% em 2022, de acordo com dados compilados pela empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International.

Na Coreia do Sul, a inflação corroeu o dinheiro, e os legisladores introduziram medidas para promover descontos entre as varejistas.

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Em toda a Ásia, essas tendências aumentaram a fortuna dos magnatas das lojas de produtos de baixo custo.

A riqueza de Damani aumentou em cerca de um terço no ano passado, com um salto nas ações da Avenue Supermarts, a empresa por trás da DMart, com sede em Mumbai.

Ye, da chinesa Miniso, e Takao Yasuda, fundador da japonesa Pan Pacific International Holdings, por trás da rede Don Quijote, têm patrimônios de cerca de US$ 4 bilhões ou mais.

O aumento de 50% da Trial desde sua oferta pública inicial, há quatro semanas, deu ao fundador Hisao Nagata uma fortuna de US$ 1,3 bilhão.

Embora Park tenha se beneficiado da corrida por itens baratos, a compra da participação da Asung Daiso por sua família foi um grande impulso para a fortuna do clã.

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A Daiso Industries, do Japão, a popular varejista japonesa fundada pelo falecido bilionário Hirotake Yano, adquiriu a participação dos Parks em 2001 por 400 milhões de ienes (US$ 2,6 milhões), disse Park em uma entrevista em 2022 a um jornal local.

Depois do negócio, ele decidiu mudar o nome inicial da loja de sua empresa, Asco Even Plaza, para usar a palavra daiso, que em coreano significa algo como “temos tudo aqui”, pensando que seria um jogo de palavras divertido.

Isso acabou causando problemas. O novo nome parecia muito com Daiso Industries, o que deu ao público a impressão de que a empresa era japonesa. A Asung Daiso tornou-se alvo da reação dos consumidores sempre que as relações entre os dois países se deterioravam.

Um dos períodos mais prejudiciais foi em 2019, quando o Japão impôs restrições às exportações de materiais importantes usados pelos fabricantes de semicondutores sul-coreanos: as lojas da Asung Daiso foram boicotadas e seu lucro caiu 38%, a maior queda desde 2012.

“Eu não esperava que o nome se tornasse um obstáculo para os negócios”, disse Park em uma entrevista há dois anos. “É uma empresa coreana que eu criei, e a Daiso Industries nunca esteve envolvida na gestão dos negócios.”

Park não quis falar com a Bloomberg News para esta reportagem, e um representante da empresa não quis comentar sobre a riqueza de sua família.

Loja da Daiso no Japão

Antes de abrir seu próprio negócio, Park trabalhou por 15 anos em uma empresa que fabricava lâmpadas em Seul e a deixou quando a gerência o culpou por administrar mal os conflitos sindicais.

Em seguida, ele começou a exportar itens domésticos de baixo custo para lojas no Japão, incluindo a Daiso Industries, e logo percebeu que poderia vender os produtos sem passar por um intermediário. Ele fundou o que hoje é a Asung Daiso em 1992.

Apesar do aumento da inflação, a varejista conseguiu manter seus preços estáveis – cada item em suas lojas custa o equivalente a uma faixa entre US$ 0,36 e US$ 3,60.

A receita aumentou 17%, para 3,5 trilhões de won (US$ 2,5 bilhões), em 2023, enquanto o lucro aumentou 27%, chegando a 250,5 bilhões de won (US$ 181 milhões).

Mas a concorrência cresceu.

A ascensão das plataformas de e-commerce chinesas, como a Temu, da PDD Holdings, e a AliExpress, do Alibaba Group Holding (BABA), já pressionou as populares lojas de um dólar nos EUA com suas estratégias de preços baixos.

No mercado americano, redes varejistas como 99 Cents Only Stores, Family Dollar Stores e Dollar Tree fecharam lojas.

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No entanto a demanda pelos produtos da Asung Daiso continua forte, porque as condições econômicas atuais reforçam a necessidade de itens de baixo custo, disse Park Ju-gun, diretor da empresa de pesquisa corporativa Leaders Index, em Seul.

E, apesar de todos os problemas relacionados ao nome da empresa, Parks provavelmente não o mudará devido ao fato de que o reconhecimento da marca foi conquistado ao longo dos anos, acrescentou.

“A Asung Daiso sofreu por causa de seu nome, mas agora, com sua nova estrutura de propriedade, não deve haver mais nenhum golpe em sua imagem pública”, disse ele.

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