Cristina Kirchner cumprirá pena em prisão domiciliar por caso de corrupção

Justiça decidiu que a ex-presidente poderá cumprir pena de seis anos em sua residência em Buenos Aires, com acesso limitado de visitantes; ela ficará impedida de ocupar cargos públicos para o resto da vida

Cristina Fernandez de Kirchner
Por Manuela Tobias
17 de Junho, 2025 | 05:37 PM

Bloomberg — A ex-presidente Cristina Fernandez de Kirchner cumprirá sua sentença de seis anos por corrupção em prisão domiciliar, decidiu um juiz após a Suprema Corte da Argentina ter mantido uma decisão anterior que também a impede de ocupar cargos públicos pelo resto da vida.

Até a decisão do juiz nesta terça-feira (17), não estava claro se Kirchner, de 72 anos, teria permissão para cumprir a pena em casa, devido à sua idade e às leis locais, ou se seria enviada para a prisão.

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A decisão veio um dia antes do esperado, já que os partidários da ex-presidente haviam planejado protestos para quarta-feira do lado de fora do tribunal e perto de seu apartamento, onde ela ficará confinada.

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O juiz Jorge Gorini determinou que Kirchner precisará usar um dispositivo de monitoramento eletrônico, bem como fornecer ao tribunal uma lista de seus familiares, seguranças, médicos e advogados que terão permissão para visitá-la na propriedade.

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Gorini disse que a ex-presidente deve evitar comportamentos que perturbem a calma na vizinhança, mas a decisão não detalha se Kirchner ainda pode falar em sua varanda.

Enquanto o presidente Javier Milei desfruta de uma série de vitórias antes das eleições de meio de mandato em outubro, Kirchner estará confinada a liderar o partido peronista de sua casa em um bairro de classe média de Buenos Aires.

A ex-presidente que liderou o país por dois mandatos pode tentar evocar a imagem de Juan Domingo Perón, o fundador de seu movimento político que foi exilado por 18 anos após um golpe de Estado em 1955. Perón ficou conhecido por falar com seus partidários de sua casa em Madri.

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Uma vez que Kirchner está impossibilitada de concorrer ao cargo, o caminho de Milei parece estar livre para campanhas eleitorais bem-sucedidas na província de Buenos Aires em setembro e no Congresso Nacional um mês depois.

A inflação e a pobreza caíram para mínimos de vários anos, o presidente eliminou os impopulares controles monetários e a economia argentina deve crescer mais de 5% este ano, após dois anos de contração.

A decisão da Suprema Corte sobre Kirchner, que planejava ser candidata na votação provincial, significou uma mudança de paradigma na Argentina, onde ela e sua família dominaram a política durante a maior parte dos últimos 20 anos.

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