No Reino Unido, influencer que não alertar para risco em investimento poderá ser preso

Novas normas propostas por agência reguladora miram especialmente influenciadores de produtos financeiros em redes sociais e empresas que pagam pelos posts promocionais

Mercado de influenciadores de investimentos e finanças se tornou um fenômeno global, dos EUA ao Brasil (Foto: Brett Carlsen/Bloomberg)
Por Aisha S Gani
30 de Março, 2024 | 01:32 PM

Bloomberg — Uma agência reguladora de alto escalão do Reino Unido informou os influenciadores das redes sociais que eles podem enfrentar até dois anos de prisão se não fornecerem avisos adequados sobre os riscos ao promover produtos financeiros aos consumidores.

A Autoridade de Conduta Financeira (FCA, em inglês) delineou as novas orientações para os chamados “finfluencers”, usuários que anunciam produtos financeiros em plataformas de mídia social como Instagram ou TikTok, em um relatório de 47 páginas publicado nesta semana que passou, na última terça-feira (26). A medida prevista passará agora por um período de consulta dentro da indústria.

A agência reguladora disse que as novas regras se aplicam até mesmo a comunicações originadas fora do Reino Unido se forem capazes de afetar o país. Violar as regras é considerado um crime, com infratores enfrentando até dois anos de prisão, uma multa sem limite prévio ou ambos.

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“As promoções [de produtos financeiros] não tratam apenas de curtidas mas também da lei,” disse Lucy Castledine, diretora de investimentos do consumidor da FCA, em comunicado. “Tomaremos medidas contra aqueles que promovem produtos financeiros ilegalmente.”

Esses influenciadores e as empresas que os apoiam se tornaram uma preocupação crescente para a Autoridade de Conduta Financeira. A FCA pediu às empresas que alterassem ou removessem 10.000 posts de promoção no ano passado — 17% a mais do que em 2022 — enquanto mira um número crescente de personalidades da internet que postam anúncios que violam suas regras.

Para a indústria financeira, no entanto, associar-se a esses influenciadores tem sido historicamente uma escolha óbvia. Os usuários geralmente têm acesso direto a um amplo público, especialmente em um momento em que o investimento de varejo e o uso de aplicativos de tecnologia financeira dispararam.

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As últimas orientações se aplicam aos influenciadores pagos por uma empresa para promover seus produtos financeiros, bem como àqueles que o fazem de forma não autorizada.

A agência disse que em sites que dependem de conteúdo de vídeo de curta duração como o TikTok, o aviso de risco deve ser claramente exibido de forma proeminente ao longo da promoção. Incluir o aviso na legenda, mencioná-lo no diálogo do vídeo ou usar texto piscante para exibi-lo não estaria em conformidade com as expectativas da FCA, afirma o guia.

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Da mesma forma, em postagens de mídia social com várias fotos como carrossel do Instagram, o aviso de risco deve estar contido em cada slide, disse a agência. Simplesmente incluí-lo no último slide ou fazer o aviso de risco significativamente menor do que o outro texto no anúncio também não atenderia às orientações da agência.

“As redes sociais nem sempre serão o melhor lugar para promover produtos complexos,” disse a FCA. “As empresas precisam considerar se uma plataforma que oferece caracteres ou espaço limitados é o local certo para fazê-lo.”

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