F1 chega ao Brasil com ingressos de até R$ 36 mil e ajuda a pressionar a inflação

Preços médios de hospedagem em São Paulo chegam a subir 72% neste mês em relação a outubro, segundo site especializado; ingressos mais baratos, já esgotados, custavam R$ 790

Formula 1
03 de Novembro, 2023 | 05:15 AM

Bloomberg Línea — Um dos principais eventos do esporte mundial chega ao Brasil neste fim de semana com feriado prolongado com a disputa do Grande Prêmio de Fórmula 1 em São Paulo, no autódromo de Interlagos. É também um dos mais caros para quem deseja assistir o evento ao vivo, com ingressos colocados à venda no camarote mais exclusivo por até R$ 35.176,96 (com as taxas, o valor salta para mais de R$ 36 mil; veja mais abaixo).

É a chance de assistir aos melhores pilotos do mundo, como Max Verstappen, atual campeão e que já garantiu o tricampeonato, e Lewis Hamilton, e às marcas esportivas mais icônicas, como Ferrari, Mercedes e McLaren.

Os ingressos mais baratos - já esgotados há várias semanas - custavam R$ 790, para arquibancada, no preço cheio sem meia-entrada. Bilhetes ainda disponíveis nesta quinta-feira (2) estão na casa de R$ 2.000.

O GP Brasil de Fórmula 1 é o primeiro de uma série de grandes eventos que serão realizados na capital paulista em novembro e no começo de dezembro. Há shows previstos de Taylor Swift, Red Hot Chilli Peppers, Roger Waters e The Killers, além de festivais como o Primavera Sounds.

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Um efeito de tantos eventos que vão atrair milhares de turistas a São Paulo - somente para o GP Brasil de F1, a expectativa é a de 235 mil pessoas que vão frequentar Interlagos e assistir aos treinos e à corrida, segundo a Prefeitura de São Paulo - é a inflação dos preços de serviços, como hospedagem.

Os preços médios estão 72% maiores do que em outubro, segundo umm levantamento da startup Onfly. No primeiro fim de semana de novembro, que coincide com a F1, o valor médio de uma diária é de R$ 864. A tarifa média para o mês inteiro é de R$ 562, segundo o site.

Camarotes premium

Os ingressos para o GP Brasil em Interlagos neste ano tinham um preço mínimo de R$ 790 na arquibancada (Setor G, que fica de frente para a reta oposta do autódromo): todos já estão esgotados.

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Na outra ponta, há camarotes premium, como o Pit Stop Club, que custam R$ 8.400, e o Heineken Village Estrela, com ingressos a R$3.980.

Há também espaços corporativos, que são comprados por grandes empresas, como a Porto Seguro - com o Porto Bank -, que terá uma arquibancada exclusiva para levar executivos, clientes e convidados.

A Porto Seguro, a Mubadala, a Claro e a Raízen são as patrocinadoras oficiais do GP Brasil neste ano, que leva o nome oficial de Formula 1 Rolex Grande Prêmio de São Paulo 2023.

A própria organização da Fórmula 1 também oferece pacotes de hospitalidade, como o “Paddock Club”, que para o GP de São Paulo custa R$ 35.176,96 por pessoa para os três dias (treinos e corrida).

O ingresso inclui o direito a visitar o pit lane, um tour guiado pela pista e o acesso VIP ao paddock. Com as taxas, o preço salta para R$ 36.056,41.

As corridas mundo afora atraem de celebridades a empresários, dado, que além de ser uma competição esportiva, a F1 é um espetáculo de status e networking corporativo.

E as principais marcas automotivas, como Ferrari e Mercedes-Benz, veem a F1 como uma vitrine global, o que atrai patrocínios de marcas premium, como a Rolex, que empresta o seu nome para a corrida no Brasil.

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Com o público e patrocínios, no ano passado, a Fórmula 1 movimentou US$ 2,57 bilhões. Os melhores pilotos, Lewis Hamilton e Max Verstappen, têm salários que chegam a ultrapassar os US$ 40 milhões por ano.

Ao mesmo tempo, o documentário da Netflix “Drive to Survive”, lançado em 2019, intensificou o interesse dos americanos pelo esporte e atraiu investimentos de atletas e celebridades como Travis Kelce (da NFL) e o ator Ryan Reynolds. Brad Pitt também está produzindo um filme com a temática de F1.

Agora com mais fãs, os Estados Unidos realizam três corridas: Las Vegas, Miami e Austin, que teve seu GP há duas semanas. As corridas dos EUA são mais caras para assistir.

Brasil entre os GPs mais caros para os locais

O GP de Las Vegas tem os ingressos mais caros entre os GPs da temporada 2023, com uma média de preço de US$ 1.667, enquanto a Hungria (US$ 184), o Japão (US$ 231), o Bahrain (US$ 265) e a Austrália (US$ 276) estão entre os mais baratos, segundo o site especializado F1 Destinations.

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Segundo o site, um ingresso para os 3 dias do fim de semana de um GP em 2023 custou em média US$ 500. Isso representa um aumento de 56% desde que o site começou a listar os preços dos ingressos em 2019.

As corridas mais caras para os torcedores locais, segundo o F1 Destinations, estão no Azerbaijão, no Brasil e no México, onde o assento mais barato de 3 dias custa mais de 50% do salário mínimo mensal. No Brasil, equivale a cerca de 60%, apenas para fins de ilustração.

Há dois GPs na América Latina, no Brasil e no México. Os ingressos para a corrida da Cidade do México, realizada na semana passada, são mais caros do que os valores do Brasil. Os preços mais baratos no México eram de US$ 370,75, o equivalente a cerca de R$ 1.840 no câmbio atual.

A arquibancada em frente aos boxes no México tinha a entrada a mais cara, de cerca de 30.000 pesos mexicanos (aproximadamente US$ 1.711); o passe de acesso ao Paddock Club, um pacote ultra-premium, custou mais de 120.000 pesos mexicanos (aproximadamente US$ 6.830).

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Números do GP Brasil em Interlagos

O Brasil organiza um dos GPs mais tradicionais da Fórmula 1, realizado desde 1973.

O órgão de turismo da Prefeitura de São Paulo projeta que durante os dias do GP Brasil de Fórmula 1, os hotéis da cidade atingem 100% de ocupação. Além disso, as projeções indicam que as receitas para a cidade, somando gastos com turismo, hotéis e restaurantes, podem ultrapassar R$ 1 bilhão.

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A prefeitura informou à Bloomberg Línea que a última edição do evento, que marcou o aniversário de 50 anos do GP de F1 no Brasil, registrou impacto econômico de R$ 1,37 bilhão para São Paulo.

O gasto médio dos turistas, incluindo hospedagem, transporte, alimentação, compras e outras opções de lazer, foi de R$ 3.948 durante quatro dias de permanência média na cidade em 2022. O cálculo dos impactos econômicos foi realizado pela FGV com informações da Secretaria Municipal de Turismo.

Os preparativos para receber o GP neste ano tiveram início em setembro. A Prefeitura de São Paulo disse que investiu R$ 22,4 milhões em obras de melhorias no autódromo, além dos R$ 190 milhões já aplicados em intervenções para reforçar o espaço para shows, atividades esportivas e eventos internacionais.

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No total, cerca de 1.300 agentes da Guarda Civil Metropolitana devem participar do patrulhamento durante o evento com 420 viaturas. De acordo com a prefeitura, o GP gera cerca de 14 mil empregos.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups