Larry Fink vê ‘grandes oportunidades’ de aquisição para transformar a BlackRock

Gestora que administra US$ 9,4 trilhões em ativos está no meio de uma expansão agressiva de produtos alternativos, ampliando seu negócio de mercados privados

O CEO da BlackRock, Larry Fink, falou durante o evento Berlin Global Dialogue, na Alemanha, nesta sexta-feira (29) (Foto: Krisztian Bocsi/Bloomberg)
Por Loukia Gyftopoulou - Myriam Balezou
29 de Setembro, 2023 | 08:26 AM

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Bloomberg — Larry Fink, CEO da BlackRock, disse que está disposto a mais aquisições, à medida que a maior gestora de ativos do mundo busca cada vez mais se posicionar como uma plataforma completa para os investidores.

“Vejo oportunidades muito grandes para crescimento inorgânico”, disse Fink à Bloomberg Television durante o fórum Berlin Global Dialogue nesta sexta-feira (29).

O co-fundador da empresa estava respondendo a uma pergunta sobre se ele consideraria uma aquisição tão transformadora quanto a compra de US$ 15,2 bilhões da gestora Barclays Global Investors em 2009.

Esse acordo “blockbuster” acrescentou os fundos de índice (ETFs) iShares e as estratégias quantitativas da BGI, transformando-a da noite para o dia na maior gestora de fundos do mundo.

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Depois de dominar os investimentos em ações e dívidas por anos, a BlackRock – que agora administra US$ 9,4 trilhões – passou a oferecer não apenas fundos de ações e títulos mas também estratégias de ativos privados, bem como tecnologia, dados, análises e consultoria de mercados financeiros para os clientes.

Como parte da estratégia de alternativos, anunciou a aquisição da gestora de dívida privada Kreos Capital, que tem sede em Londres, este ano.

A BlackRock está no meio de uma expansão agressiva de produtos alternativos, ampliando seu negócio de mercados privados.

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Em 2019, adquiriu a eFront, uma fornecedora francesa de software, por US$ 1,3 bilhão para expandir a análise de private equity e imóveis para os clientes, adicionando-a à sua plataforma de tecnologia de gerenciamento de riscos chamada Aladdin.

O dinheiro privado desempenha um papel crucial, pois a maioria das democracias lida com déficits fiscais elevados e atinge o limite de endividamento, disse Fink na entrevista. Ao alertar sobre uma crise, ele disse que a única solução é reorientar e reimaginar como seu crescimento é financiado.

“O caminho para financiar o crescimento é do público para o privado”, afirmou. “Há muito dinheiro privado em busca de ótimos investimentos de longo prazo.”

Inflação estrutural

Durante o evento em Berlim, ele afirmou que espera que os custos de empréstimos de 10 anos permaneçam em 5% ou mais elevados nos Estados Unidos devido à inflação embutida, acrescentando que os investidores estão subestimando como as mudanças na geopolítica são estruturalmente inflacionárias.

A fragmentação das cadeias de abastecimento significa salários mais altos a longo prazo, disse ele.

“Os líderes empresariais e políticos não estão fornecendo a base para ajudar a explicar isso”, disse ele. “Não vemos inflação assim há mais de 30 anos”.

Tudo isso significa que as empresas estarão se movendo de forma mais agressiva em direção à tecnologia em busca de produtividade, seja usando mais robótica ou inteligência artificial, disse ele.

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No entanto, a IA pode prejudicar mais as economias que mais crescem, porque elas verão o maior número de perdas de empregos, acrescentou.

Fink disse que tem dito a todos os líderes políticos e empresariais que encontra que eles precisam ajudar a criar mais “certeza” e “esperança”, mas o que ele vê em vez disso é “medo”, citando o exemplo de um aumento na taxa de poupança na China.

“Em minha opinião, quando vermos as taxas de poupança diminuírem e aumento do consumo, isso será um indicativo de mais esperança”, disse ele.

Algumas economias provavelmente entrarão em recessão mais cedo, com os Estados Unidos podendo enfrentar uma até 2025, disse ele, sem entrar em detalhes.

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“Seja qual for a recessão que teremos, ela será modesta, então não estou tão preocupado”, afirmou.

-- Com a colaboração de Dani Burger e Julia Manns.

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