Turismo com força: Boeing recebe encomenda de US$ 40 bi de aviões 737 Max 10

Ryanair, companhia aérea low cost da Irlanda, fechou acordo para a compra de até 300 unidades do avião, em um negócio considerado histórico no setor

Aeronave é o maior modelo do 737 Max
Por Siddharth Philip e Julie Johnsson
09 de Maio, 2023 | 08:05 PM

Bloomberg — A Boeing (BA) fechou um acordo histórico com um de seus clientes mais importantes, a companhia aérea Ryanair, para a encomenda de até 300 unidades das maiores aeronaves 737 Max da empresa em uma aposta na recuperação do turismo.

O pedido, composto pelas compras de 150 aeronaves e opção de adquirir outros 150 aviões do mesmo modelo, tem um valor de tabela de US$ 40 bilhões, disseram a Boeing e a Ryanair em comunicado nesta terça-feira (9), embora grandes negócios normalmente gerem grandes descontos.

As ações da Boeing chegaram a subir 3,7% em Nova York e fecharam o dia com alta de 2,37%, enquanto a Ryanair, a maior companhia aérea de descontos da Europa, avançou 2,1% em Dublin.

O enorme acordo para a venda da maior versão do 737 da Boeing marca um importante endosso de um dos clientes mais leais do fabricante dos Estados Unidos e destaca como as companhias aéreas estão dispostas a fazer upgrades de frota à medida que as viagens aéreas se recuperam.

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A Ryanair disse que o acordo — o maior pedido já feito por uma empresa irlandesa de produtos fabricados nos Estados Unidos — foi mais caro do que sua safra atual de 737.

“Pagamos mais por assento, mas ainda estamos incrivelmente satisfeitos com o acordo que fechamos”, disse o CEO, Michael O’Leary, em entrevista coletiva. “Achamos que os assentos extras nos dão o potencial de geração de receita.”

As entregas começarão em 2027 e vão até 2033. A Ryanair disse que as discussões sobre a compra começaram em janeiro, e metade do pedido é destinado à substituição de modelos 737NG mais antigos, enquanto a outra metade é reservada para o crescimento.

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Até 2034, a Ryanair expandirá para transportar 300 milhões de passageiros, visando uma participação de mercado na Europa de cerca de 30%, disse O’Leary. A companhia aérea terá cerca de 550 aeronaves até meados deste ano e aumentará esse número para 800 na próxima década, disse ele.

Maior comprador

A Ryanair é a maior compradora da Boeing na Europa, tendo construído toda a sua frota de aeronaves de curta distância em torno do 737. O’Leary disse no final de março que a companhia aérea havia retomado as negociações com a Boeing para mais aeronaves.

O encerramento ou redução de operações de algumas companhias aéreas durante a pandemia de covid-19 criou espaço para a Ryanair.

O’Leary citou o crescimento na Itália, onde a Alitalia foi sucedida pela concorrente de menor porte ITA, e Portugal, onde a estatal TAP está agora à venda. Já nos mercados da Irlanda e da Espanha, a demora das companhias em restaurar a capacidade de operação abriu uma oportunidade de crescimento à Ryanair.

A companhia aérea de baixo custo está entre as empresas que previram um aumento nas reservas de voos no verão no Hemisfério Norte, principalmente em rotas de curta distância para destinos ensolarados como Espanha ou Itália.

A controladora da British-Airways, IAG SA, elevou sua previsão para o ano na semana passada.

A Ryanair junta-se a outras companhias aéreas que buscam expandir as suas frotas, tendo recuperado os ganhos em seus balanços e reembolsado os empréstimos do governo.

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A Deutsche Lufthansa disse em março que compraria 22 novas aeronaves da Airbus e da Boeing em um pedido avaliado em US$ 7,5 bilhões pelo preço de tabela. Um mês antes, a Air India anunciou um pedido de 470 aviões com os dois fabricantes na maior compra da história da aviação comercial até o momento.

Alguns atrasos

O 737 Max 10 ainda enfrenta desafios. A Boeing espera que a agência reguladora de aviação dos Estados Unidos inicie os voos de certificação para a aeronave este ano, com as primeiras entregas previstas para 2024.

Em dezembro, os legisladores dos EUA fecharam um acordo para isentar os modelos Max 7 e 10 ainda não certificados de um novo requisito de cockpit que entraria em vigor no início de 2023 e potencialmente atrasaria ainda mais as entregas.

O CEO da Boeing, David Calhoun, disse na apresentação que ainda espera a certificação da aeronave em 2024.

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As companhias aéreas que se comprometeram com o 737 Max 10 incluem Delta Air Lines, United Airlines e IAG. A aeronave compete com o A321neo, o mais vendido da Airbus, à medida que as companhias aéreas migram para as versões maiores dos jatos.

Juntamente com as operadoras tradicionais, a Ryanair compete com a Wizz Air, com sede em Budapeste, que está aumentando as operações em seu reduto na Europa Oriental, além de se expandir para o oeste. A transportadora opera o maior Airbus A321neo de 239 lugares.

-- Com a colaboração de Kate Duffy

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