Disputa na IA: SenseTime lança o novo rival chinês do ChatGPT

Empresa apoiada pelo Alibaba apresentou ferramenta capaz de criar códigos computacionais de um sistema funcional com pedidos de nível leigo feitos em inglês ou chinês

Com sede em Shanghai, a empresa se incorpora a uma disputa global para avançar com a IA generativa desencadeada desde que o ChatGPT da OpenAI dominou o cenário
Por Bloomberg News
10 de Abril, 2023 | 07:15 AM

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Bloomberg — O SenseTime Group, apoiado pelo Alibaba, apresentou uma série de evoluções naquele que constitui o mais novo rival do Chat GPT, o SenseChat. Além do chatbot voltado para os usuários, o CEO da companhia, Xu Li, apresentou também o modelo de Inteligência Artificial SenseNova.

O executivo mostrou o desempenho do SenseChat ao longo de uma rodada de perguntas e respostas sobre a história de um gato pescador contada pela ferramenta. A demonstração também incluiu a criação de um código de computação para um produto funcional a partir de questionamentos leigos feitos em inglês ou chinês. Além de criar, o modelo de IA também pode ajudar a checar, traduzir e revisar o código.

Xu lembrou que atualmente 80% do trabalho de desenvolvimento da IA é feito por humanos, mas disse que no futuro isso tende a se inverter, com a inteligência artificial ficando a cargo de 80% do trabalho enquanto os humanos operariam os outros 20% em funções de direcionamento e refinamento.

Com sede em Shanghai, o SenseTime se incorpora a uma disputa global para avançar com a IA generativa desencadeada desde que o ChatGPT da OpenAI dominou o cenário. A Microsoft Corp. prometeu um investimento de US$ 10 bilhões para a startup dos EUA, enquanto rivais como Google e Baidu revelaram serviços de IA que também são capazes de criar conteúdos originais, inclusive poéticos, com um simples comando dos usuários.

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Em março, o SenseTime adiantou algo dos temas tratados nesta segunda-feira ao divulgar o progresso no treinamento de modelos generativos de texto para imagem, que também conta com o respaldo do Alibaba.

Assim como todas as grandes empresas de tecnologia, o Alibaba Group, líder chinês do comércio online fundado por Jack Ma, está trabalhando na integração da IA generativa em seus vários serviços, e começou a convidar clientes corporativos da nuvem para testar o serviço na semana passada.

Enquanto isso, ainda há preocupações sobre a capacidade das empresas chinesas de garantir acesso confiável aos chips e à tecnologia de ponta que são necessários para desenvolver esses modelos de IA em larga escala a longo prazo.

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O próprio SenseTime está operando sob sanções norte-americanas que restrigem acesso a capital e a componentes americanos cruciais. A administração Biden impôs restrições no ano passado à venda de chips aceleradores de IA a clientes chineses - um componente crítico no desenvolvimento de qualquer modelo generativo de larga escala.

Cofundado por um ex-aluno do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Tang Xiao’ou, o SenseTime foi uma das estreias mais esperadas de 2021. Mesmo com a incerteza em torno das consequências das sanções dos EUA, o SenseTime chegou a subir 23% em sua estreia, tornando rapidamente o executivo em uma das pessoas mais ricas do mundo.

Os papéis da companhia dispararam cerca de 25% desde que foi noticiado o evento de hoje nas mídias sociais, ampliando as expectativas entre os investidores que se movem a cada grande revelação de IA. Ainda assim, o papel ainda está mais de 10% abaixo do preço de estreia.

Na época de seu IPO, o SenseTime afirmou em seu prospecto ser a maior empresa de software de IA da Ásia com uma participação de mercado global de 11%. Sua tecnologia está implantada em diversas áreas, com suporte à polícia na China, fornecendo colocação de produtos em filmes, inclusive criando uma cena de realidade aumentada em um jogo móvel da Tencent Holdings Ltd. Mas sua receita começou a diminuir drasticamente em 2022, à medida que a economia chinesa perdia força.

Agora, os investidores esperam que os avanços na IA possam reavivar o crescimento que animou os mercados no início.

Segundo análise da Bloomberg Intelligence, o entusiasmo pelo desenvolvimento da IA é um catalisador potencial para a tecnologia chinesa, mas ainda está em estágios iniciais, e a monetização da tecnologia pode estar a algum tempo de distância, afirmou Marvin Chen, analista da BI.

A China não fez segredo de seu desejo de expandir a IA em um momento em que o país está imerso em um conflito com os EUA por tecnologia de chips para veículos elétricos. Continua incerto como o governo chinês pretende impulsionar e fiscalizar esse setor emergente.

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Pequim planeja introduzir regras que regulem o uso da inteligência artificial em uma série de indústrias. Isso pode ser destinado a assegurar que serviços do tipo ChatGPT sejam submetidos à proibição rígida do Partido Comunista contra conteúdos online que sejam controversos ou indesejáveis. Mas também poderia impulsionar empresas como Baidu e SenseTime, fornecendo regras básicas mais claras para futuros serviços.

O Baidu, que apresentou seu Ernie Bot, com uma acolhida mista no mês passado, é considerado o líder na China. A empresa pretende integrar o Ernie em seus serviços de busca e outros softwares ao longo do tempo, assim como será a integração da Microsoft do ChatGPT em seu navegador Edge e ao uso do Bard pelo Google para aumentar os resultados da busca. Os executivos Alibaba e Tencent também têm falado sobre a integração de IA em seus produtos.

- Com a colaboração de Vlad Savov.

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