Unicórnio Loft corta 15% da equipe em quarta rodada de demissões em um ano

Startup diz que está reduzindo custos e pretende atingir o equilíbrio entre receitas e despesas até dezembro; número de desligados soma 1.200 desde o início de 2022

Casa localizada em Porto Alegre, anunciada no site da Loft em parceria com a Foxter (Diego Ramos Fotografia Imobiliária)
03 de Março, 2023 | 01:28 PM

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Bloomberg Línea — A Loft, unicórnio financiado pelo fundo americano de venture capital Andreessen Horowitz, cortou 15% de seu quadro de 2.200 funcionários nesta sexta-feira (3), em sua quarta rodada de demissões em um ano. Cerca de 340 funcionários foram desligados.

Ao todo, a startup reduziu a equipe em cerca de 1.200 pessoas desde o início de 2022. A empresa disse que está reduzindo custos e pretende atingir o breakeven (equilíbrio entre receitas e despesas) até dezembro de 2023.

Em comunicado à imprensa, a Loft disse que a reestruturação da operação atingiu funcionários do grupo como um todo (Loft e empresas adquiridas) e que a redução desta sexta se concentrou nas equipes administrativas ou “focadas em projetos com prazo de maturação mais longo”.

A Loft se tornou à época da extensão de sua última rodada, uma Série D em abril de 2021, uma das startups mais valiosas da América Latina, com valuation de US$ 2,9 bilhões. A empresa opera uma plataforma digital de compra e venda de imóveis, oferecendo serviços de “ponta a ponta”, principalmente financeiros, que acabam sendo a principal fonte de monetização dos seus negócios.

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A desaceleração do mercado de imóveis com o aumento das taxas de juros a partir de 2021, no entanto, tem impacto os negócios da Loft, o que aumentou a necessidade de redução de custos e de ganho de eficiência - para tanto, trouxe em meados de 2022 um veterano de AB Inbev (BUD), Marcel Regis, para liderar a operação como COO.

Nos cortes anteriores, a Loft atribuiu as demissões à integração com empresas adquiridas e que resultou na reestruturação da operação. No início de 2022, a Loft tinha cerca de 3.150 funcionários.

O último corte havia sido em dezembro passado, quando a empresa reduziu a equipe em 310 pessoas. A empresa já tinha feito 543 demissões desde abril de 2022. Na ocasião dos 159 primeiros cortes, a empresa justificou à Bloomberg Línea que havia redundâncias devido às aquisições.

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Em 2021, a Loft comprou a CredPago, que atua com locações sem necessidade de fiança. Também no ano passado, adquiriu a CrediHome, uma startup de originação de empréstimos imobiliários. Ainda adquiriu a Foxter, a TrueHome no México, a 123i, um portal de condomínios, e a Vista.

Por meio de nota, a Loft disse que o objetivo dos cortes “é adequar custos e despesas do grupo num contexto econômico local e global mais desafiador para as empresas de tech do que poderia ter sido previsto”.

A Bloomberg Línea reportou recentemente que a Loft teria recebido um novo aporte do fundo de venture capital americano Andreessen Horowitz, em negociação que teria reduzido sua avaliação de mercado - valuation - para US$ 1 bilhão. O valor seria 65% menor que os US$ 2,9 bilhões de sua captação anterior, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto.

Na época, a empresa negou o down round - jargão do mercado para rodadas de investimento que precificam a empresa em um valor menor do que o anterior.

A Loft disse que não realizou qualquer captação por meio de equity (participação no capital) desde meados de 2021, quando atingiu uma avaliação de US$ 2,9 bilhões após uma rodada de Série D. Ainda assim, pessoas ouvidas pela Bloomberg Línea dizem que o valuation da startup teria sido reduzido por termos que não foram de equity (patrimônio) diretamente, mas dívida conversível em equity.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups