Crise das criptomoedas chega à empresa dos ‘gêmeos do Facebook’

Exchange fundada por Cameron Winklevoss e Tyler Winklevoss suspendeu os resgates em seu negócio de empréstimos após ‘solicitações anormais’ de retirada

Suspensão em programa de empréstimos voltado para investidores de varejo
Por Muyao Shen - Yueqi Yang e Anna Irrera
16 de Novembro, 2022 | 12:44 PM

Bloomberg — A crise que atinge as criptomoedas e a exchange FTX tem deixado muitas vítimas no setor. A mais recente é a corretora cripto Genesis, que tem como um dos credores a exchange Gemini, dos irmãos Winklevoss, conhecidos como “gêmeos do Facebook”. Nesta quarta-feira (16), a corretora suspendeu todos os resgates em seu negócio de empréstimos após enfrentar “solicitações anormais de retirada” com o colapso da FTX, segundo a companhia.

A exchange fundada por Cameron Winklevoss e Tyler Winklevoss anunciou que o programa de empréstimos voltado para investidores de varejo também interromperá os resgates, já que a “Genesis era um parceiro importante”. Em comunicado, a Gemini afirmou que a interrupção “não afeta nenhum outro produto e serviço da empresa”.

“A semana passada foi incrivelmente desafiadora e estressante para a nossa indústria. Estamos desapontados com o fato de o SLA do programa Earn não ser cumprido, mas estamos encorajados pelo compromisso da Genesis e de sua controladora Digital Currency Group em fazer tudo ao seu alcance para cumprir suas obrigações com os clientes no programa Earn“, disse a nota.

Os gêmeos Winklevoss, que ficaram conhecidos por desafiar Mark Zuckerberg sobre quem foi o real fundador do Facebook, são um dos primeiros investidores e defensores do Bitcoin (XBTUSD). Em novembro passado, a Gemini levantou US$ 400 milhões em uma rodada de financiamento que avaliou a empresa em US$ 7,1 bilhões.

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A falência repentina da FTX está se espalhando pelos mercados de criptomoedas, com clientes em pânico correndo para retirar seus ativos de outras plataformas. Também correm risco os credores de cripto com problemas, como BlockFi e a falida Voyager Digital, forçada a tentar encontrar um novo comprador para seus ativos para substituir a FTX.

Investidores como o fundo de hedge cripto Galois Capital, que relatou fundos “significativos” presos na plataforma da FTX, também estão sentindo o impacto. Até os mineradores estão sendo atingidos, já que o declínio nos preços das criptomoedas provocado pelo colapso da exchange também colocou mais pressão sobre os lucros.

Na semana passada, a Genesis disse que receberia uma injeção de capital de US$ 140 milhões de sua controladora, Barry Silbert’s Digital Currency Group, após divulgar que seu negócio de derivativos tinha US$ 175 milhões em fundos bloqueados em uma conta de negociação FTX. O negócio de empréstimos já havia sido afetado por sua exposição ao fundo de hedge cripto falido Three Arrows Capital, ao qual havia feito um empréstimo de US$ 2,4 bilhões.

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A Genesis é uma das corretoras de criptomoedas mais antigas e conhecidas, oferecendo serviços de negociação e custódia para investidores profissionais em ativos digitais. Nos últimos anos, também se estabeleceu como um dos maiores credores de criptomoedas, permitindo que fundos ou outros envolvidos com o mercado fizessem empréstimos de dólares, ou moedas virtuais para alavancar negócios.

Os pedidos de retirada da Genesis excederam a liquidez atual na Genesis Global Capital, o braço de empréstimos da corretora, segundo o CEO interino Derar Islim. A empresa com sede em Nova York contratou consultores para explorar todas as opções possíveis, incluindo levantar novos fundos, e apresentará um plano para seu negócio de empréstimos na próxima semana, disse Islim. A Alvarez & Marsal e o escritório de advocacia Cleary Gottlieb estão assessorando a Genesis.

A mudança afetará apenas o negócio de empréstimos, de acordo com Islim, que disse que os negócios à vista e de derivativos e custódia da Genesis “permanecem totalmente operacionais”.

O negócio de empréstimos encolheu drasticamente este ano, com as originações de empréstimos caindo para US$ 8,4 bilhões no terceiro trimestre, de US$ 44,3 bilhões nos primeiros três meses deste ano.

— Com colaboração de Tamires Vitório, da Bloomberg Línea.

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