ESG não é religião e mudanças vão acontecer você querendo ou não, defende Carlyle

Megan Starr, Head de Impacto da gigante global de private equity, disse que o tema não pode ser mais ignorado em evento da Bloomberg com investidores em Nova York

Parque eólico na Califórnia: economia americana amplia adesão a fontes renováveis de energia (Bing Guan/Bloomberg)
14 de Outubro, 2022 | 08:15 AM

Nova York — A demanda de investidores por produtos financeiros ESG (sigla associada a melhores práticas ambientais, sociais e de governança), bem a oferta à disposição, cresce ano após ano no mercado de capitais. Mas uma onda recente de resistência ganha força na economia, em particular nos Estados Unidos, com políticos questionando se gestoras não deveriam priorizar o lucro de curto prazo aos investidores.

Para Megan Starr, Head Global de Impacto da Carlyle, uma das gigantes globais de investimentos, no entanto, a tese do investimento em ESG não pode ser mais ignorada.

“ESG não é uma religião, é uma metodologia de investimento”, afirmou Starr durante o evento Bloomberg Invest em Nova York nesta quarta-feira (12).

Segundo a profissional, investimentos associados ao ESG não vão liderar a performance entre as classes de ativos, mas tampouco estarão entre as maiores perdas.

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Trata-se de uma exposição mais constante às novas tendências de mercado e deve ser incorporado nas teses de investimento de gestores e no portfólio de clientes que buscam melhor retorno no longo prazo.

“As mudanças climáticas e energéticas vão acontecer independentemente de acreditarmos ou não. O que podemos fazer de diferente é investir para poder surfar essas tendências”, completou.

A Carlyle é uma das maiores empresas de investimentos do mundo, com cerca de US$ 380 bilhões em ativos sob gestão, conhecida particularmente pela atuação em private equity.

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Allison Bennington, sócia e head global de ESG do banco de investimentos PJT Partners, também defendeu a visão de que o ESG veio para ficar.

“Não acho que [o ESG] vá embora. O mundo está mudando, do lado da geopolítica, dos investimentos, e todas as empresas estão reconhecendo que precisam adotar novas práticas. Isso abre bastante oportunidade [para os investidores] nas mudanças”, disse no evento.

A head do banco de investimento destacou as diferentes abordagens que podem ser encontradas a depender do momento de mercado, em questões como segurança energética e alimentar que surgiram após o início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, por exemplo.

Padronização

Yup S. Kim, Head de Investimentos com foco em private equity do fundo de pensão da Califórnia CalPERS, um dos maiores do mundo, apontou como desafios a serem superados a falta de dados padronizados e de transparência no mercado ESG – algo que dificulta uma comparação entre empresas e estratégias. Isso porque se trata de um investimento com foco no longo prazo.

“O ESG é muito complexo, por isso precisamos buscar dados e métricas comparáveis para podermos entender o progresso ao longo do tempo. Ainda é preciso muita melhoria nesse aspecto”, disse.

A avaliação foi compartilhada por Starr, da Carlyle: “Podemos dizer o que quisermos, mas precisamos de dados para comprovar.”

Além da padronização, uma das alternativas que poderiam trazer mais clareza, segundo Bennington, do PJT Partners, seria uma mudança na nomenclatura dos produtos.

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“Seria melhor se os produtos de investimento fossem mais claros, nomeados com o foco da estratégia, como clima, impacto, energia etc. O ideal seria que fossem o mais específico possíveis para que o investidor saiba exatamente o que está comprando e possa escolher quais estratégias quer abraçar”, disse.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.