EXCLUSIVO: SoftBank deve deixar escritórios próprios e mudar para WeWork

Diretriz de mudança dos funcionários para escritórios compartilhados é global e tem como motivo a criação de joint venture entre ambas, segundo pessoas a par do assunto

SoftBank continua a promover ajustes em sua operação em momento adverso para empresas de tecnogia em geral
05 de Outubro, 2022 | 03:57 PM

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Bloomberg Línea — O SoftBank deve deixar seus escritórios próprios remanescentes para trabalhar dos espaços compartilhados da WeWork, disseram pessoas familiarizadas com o assunto que preferiram não se identificar porque as discussões são privadas à Bloomberg Línea.

Procurado pela Bloomberg Línea, o SoftBank não comenta o assunto.

Atualmente, boa parte dos escritórios do SoftBank já funciona de uma WeWork, como na Cidade do México, e os funcionários têm dois crachás: do SoftBank e da WeWork, que permite que eles acessem qualquer ambiente da empresa fundada por Adam Neumann pelo mundo.

Em março do ano passado, o Wall Street Journal publicou que o SoftBank buscava expandir seus escritórios em Miami em 100 mil pés quadrados (cerca de 9.200 mil metros quadrados), de acordo com fontes do setor de imóveis da cidade. Na época, ao WSJ, o SoftBank confirmou que buscaria uma expansão de seus espaços em Miami, mas não entrou em detalhe.

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Agora, a situação é outra. Segundo pessoas familiarizadas com as discussões no SoftBank, a diretriz de mudança para os funcionários para que trabalhem de escritórios da WeWork é global e tem como motivo a criação da joint venture.

No site do SoftBank, o endereço do escritório em Miami aparece como 200 S. Biscayne Boulevard. Felice Gorordo, CEO da eMerge Americas, disse à Bloomberg Línea em março deste ano que quando o SoftBank resolveu fazer sua grande aposta na América Latina com o Latin America Fund em 2019, a sede escolhida ficava em Miami.

“Não há dúvida de que os dois estão ligados na correlação de venture capital. Se você comparar a atividade de venture capital no sul da Flórida com a da América Latina, houve momentos em que estávamos literalmente juntos”, disse Gorordo.

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Não muito longe da Biscayne Boulevard, o escritório do SoftBank com a WeWork hoje fica no Brickell City Center.

Captura de Tela/Google Earthdfd

Em maio do ano passado, o SoftBank assumiu a operação da WeWork na América Latina por meio de uma joint venture. A nova empresa conjunta foi o acordo final das relações entre SoftBank e WeWork, depois que o boliviano Marcelo Claure, ex-COO do SoftBank, assumiu o comando da WeWork como presidente quando Neumann deixou o cargo de CEO em 2019.

Claure foi peça-chave para o ecossistema de venture capital na América Latina quando convenceu Son a olhar para região liderando o SoftBank Latin America Fund.

Mas quando Claure deixou o conglomerado japonês no início deste ano por discordância sobre sua remuneração, o SoftBank passou por uma dança das cadeiras nos principais cargos executivos que se relacionam com as operações na região.

Uma das consequências foi a cisão com o fundo voltado aos investimentos em early stage. O ex-Redpoint eventures Rodrigo Baer e seus sócios foram para o SoftBank para montar o fundo voltado a investimentos de startups em estágio inicial na América Latina, uma área em que o conglomerado japonês não tinha o costume de investir na região. Baer disse à Bloomberg Línea que o fundo early stage operava um pouco distante do grupo principal do SoftBank, já que esses sócios tinham um acordo especial com Claure.

“Havia algumas coisas que conseguíamos fazer no early stage que não era a regra do SoftBank ‘mãe’. Era um acordo que tínhamos com o Marcelo [Claure]. Quando o Marcelo saiu, pensamos que as pessoas tendem a esquecer os acordos e então aproveitamos que já era um pouco separado e separamos de vez”, disse Baer.

A Bloomberg Línea apurou que o SoftBank não paga o “carry” (comissão) aos gestores de fundos, mas que Claure tinha garantido esse pagamento ao fundo early stage.

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Em abril foi feita a cisão do fundo early stage para a criação da Upload Ventures, em fusão com a Corton Capital, fundada por Carlos Simonsen. Com a fusão, a Upload fica com os tíquetes menores, e a Corton, com os cheques pós-Série A.

Com a saída de Claure, o conglomerado transferiu a responsabilidade de seus fundos da América Latina para o executivo indiano Rajeev Misra, que gerenciava o Vision. Mas em julho Misra anunciou que estava deixando parte do seu cargo para montar seu próprio veículo de investimentos.

Alex Szapiro e Juan Franck, novas lideranças do SoftBank para a América Latina, substituíram os executivos seniores Paulo Passoni e Shu Nyatta, contratados por Marcelo Claure que também deixaram o SoftBank neste ano. Hoje, Passoni diz que está em um período sabático por 199 dias e vive em Sag Harbor, em Nova York.

Demissões e corte de custos

O SoftBank demitiu 10 pessoas de sua equipe para a América Latina na última quarta-feira (28), o equivalente a cerca de 19% do total da operação na região (de 53 para 43 pessoas), conforme disse à Bloomberg Línea uma pessoa familiarizada com o assunto e que preferiu não se identificar porque as discussões são privadas.

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Globalmente foram cerca de 150 pessoas afetadas no Vision Fund, um pouco menos de 30% do total da companhia, de acordo com essa pessoa, seguindo cortes de custos que o fundador do conglomerado japonês, Masayoshi Son, já tinha anunciado na última reunião de resultados, depois de um prejuízo recorde de US$ 23 bilhões.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups