Mercados caem, divididos entre ata “branda” e sinais “hawkish” de membros do Fed

Operadores devem ficar em compasso de espera até a reunião de bancos centrais, na semana que vem, onde buscarão pistas sobre política monetária

Conheça os eventos que vão orientar os investidores hoje
19 de Agosto, 2022 | 07:25 AM

Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada e ampliada da nota publicada originalmente às 6h04)

O percurso dos mercados deve continuar errático, pelo menos até que se celebre, na semana que vem, a reunião de bancos centrais en Jackson Hole, Wyoming. No encontro, de 25 a 27 de agosto, os investidores estarão atentos às percepções dos formuladores de políticas monetárias para tomar o pulso do Federal Reserve (Fed), que define o caminho dos juros norte-americanos na reunião de 20 e 21 de setembro.

🌫️ Nuvem de fumaça. Informações contraditórias, tanto de indicadores macroeconômicos como dos dirigentes regionais do Fed, desorientam os investidores e trazem volatilidade aos mercados. Ao mesmo tempo que o Fed, em sua ata, reconheceu a possibilidade de um abrandamento de sua política monetária, com o objetivo de comprovar o efeito de transmissão dos juros mais altos sobre os preços, alguns de seus membros, como é o caso de James Bullard, ponderam que ainda é cedo para baixar a guarda.

→ Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Demissões à vista nos EUA

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Fed 🆚 Fed. Os sinais sobre o tamanho do próximo aumento dos juros são divergentes. Diferentemente de Bullard, mais “hawkish” ou agressivo quando o tema é alta dos juros, Esther George, de Kansas City, adotou um tom mais cauteloso, citando que as decisões de natureza monetária operam com atraso e que é preciso observar cuidadosamente como as ações do Fed respingam na economia real.

Os funcionários sem direito a voto também reiteraram a posição mais agressiva do Fed. Mary Daly, de São Francisco, disse que as autoridades não teriam pressa de reverter o curso no próximo ano, e se opôs às apostas de cortes de tarifas antes do final de 2023. Neel Kashkari, do Fed de Minneapolis, afirmou que “há um problema de inflação neste momento” e que o banco central precisa derrubá-la “urgentemente”.

💶 x 💵 Empate? O dólar tem acelerado e se aproximado, outra vez, da cotação do euro. O quadro geopolítico deve exercer mais pressão. O presidente indonésio Joko Widodo disse que o chinês Xi Jinping e o russo Vladimir Putin planejam estar em uma cúpula do Grupo dos 20 em Bali no final deste ano. Isso estabelece um confronto com o presidente americano Joe Biden e outros, enquanto a Rússia continua sua guerra na Ucrânia.

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→ Assim se movimentam os mercados esta manhã:

Um total de US$ 2 trilhões em opções expiram hoje, o que vai agitar a volatilidade nos mercados globais. Os futuros do índice de ações dos EUA recuavam, após um coro de oficiais do Fed reiterarem a vontade de avançar com a subida das taxas.

Os contratos de setembro indexados ao S&P 500 baixavam, depois que seu índice de referência rumara para a mais longa série de ganhos semanais desde novembro. As ações da Bed Bath & Beyond despencavam 42% nas operações prévias à abertura das bolsas, já que um grande investidor, Ryan Cohen, anunciou a venda de sua participação.

O dólar caminhava para seu maior ganho semanal desde 10 de junho. Os prêmios dos bônus soberanos voltavam a subir. Os mercados monetários estão aumentando as apostas de endurecimento dos bancos centrais, com 40% de chance de um aumento de 75 pontos base dos juros pelo Fed em setembro e 33% de probabilidade de um aumento semelhante pelo Banco da Inglaterra (BoE). Para o Banco Central Europeu (BCE), as apostas são de um avanço de meio ponto.

As ações vinculadas às criptomoedas, como a Coinbase, caíam, acompanhando as perdas da Bitcoin.

Os mercados em quedadfd
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (+0,06%), S&P 500 (+0,23%), Nasdaq Composite (+0,21%), Stoxx 600 (+0,39%), Ibovespa (+0,09%)

Em Wall Street, o tom de cautela se manteve nos mercados, que operaram voláteis. Os investidores digeriram a ata da última reunião do Federal Reserve, que sinalizou que os aumentos nas taxas de juros continuarão de forma a conter a inflação, apesar de sinais de enfraquecimento da economia.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: não há eventos relevantes

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Europa: Zona do Euro (Transações Correntes/Jun); Reino Unido (Vendas no Varejo/Jul, Dívida Líquida do Setor Público/Jul); Alemanha (IPP/Jul); Itália (Saldo de Conta Corrente/Jun)

América Latina: México (Vendas no Varejo/Jun); Colômbia (Dados Trimestrais de Comércio Exterior de Servicios)

Bancos centrais: Pronunciamento de Thomas Barkin (Fed/FOMC)

Balanços: Deere & Company

(Com informações da Bloomberg News)

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.