Startups e fundadores novatos são os mais afetados por novas políticas de VCs

Em tempos adversos, fundos de capital de risco ficam mais seletivos com fundadores

Como fundos de capital de risco ficaram mais criteriosos com seus investimentos, fundadores de primeira viagem acabaram prejudicados
18 de Agosto, 2022 | 05:04 PM

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Bloomberg Línea — Após a onda de demissões na América Latina e uma mudança de prioridades nos fundos de capital de risco, o dinheiro está ficando concentrado em algumas startups, e os empreendedores novatos são os mais prejudicados.

“Em tempos turbulentos, os fundos de capital de risco estão escolhendo investir mais capital em fundadores experientes”, concluiu um relatório da Associação Latino-Americana de Capital de Risco e Private Equity (Lavca, na sigla em inglês).

Segundo a organização, somente no primeiro semestre do ano, os fundadores que já haviam levantado capital no passado levantaram 43% dos dólares de fundos de capital de risco, um novo recorde para a região, de acordo com o relatório.

A Lavca reconhece o ritmo mais lento no fluxo de negócios, o que coincidiu com condições econômicas adversas devido às altas taxas de juros e ao aumento da inflação na maioria das economias latino-americanas.

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Ainda assim, a Lavca afirma no relatório que “o capital de risco está tendo seu segundo ano recorde, com US$ 5,4 bilhões investios em 541 negócios no primeiro semestre de 2022″.

Ainda segundo o relatório, apesar dos desafios, o capital continua fluindo, fazendo com que os investimentos em startups em fase inicial aumentem 113% e investimentos semente aumentem em 48% até o momento, em comparação com o capital investido no primeiro semestre de 2021, quando a pandemia do coronavírus ainda estava sendo vivenciada em força total.

Algo interessante é que quase um terço dos dólares provenientes de fundos de capital de risco foram para startups lideradas por mulheres no primeiro semestre deste ano, o que representou um novo recorde desde que Lavca começou a monitorar essa métrica em 2019.

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Entre as startups lideradas por mulheres que receberam financiamento de capital de risco no primeiro semestre de 2022 estão a plataforma de ‘compre agora, pague depois’ KEO World, de Miami, a proptech Habi, da Colômbia, a HRtech Sólides, do Brasil, e a fintech Kushki, do Equador”, observou ela.

Em conversa recente com a Bloomberg Línea, a presidente da Associação Colombiana de Capital Privado (ColCapital), Paola García Barreneche, disse que “os fundos de capital de risco estão sendo muito mais rigorosos.

“Outro dia, tivemos uma entrevista com a presidente de nossa diretoria, Patricia Sáenz, da EWA Capital, e ela disse: ‘vejo 600 startups e acabo uma ou duas. Portanto, a revisão é muito mais completa e analisamos os números com muito cuidado”, disse.

Ela explicou que a revisão mais minuciosa envolve focar mais nos antecedentes dos empreendedores que lideram as empresas e na força de sua capacidade de adaptação diante dessas situações.

Isso implica analisar, por exemplo, “qual é o conhecimento que eles trazem, que torna seu empreendimento único e que pode ser escalado”.

“Já ouvi isso de CEOs de fundos capital de risco e até mesmo de notórios empresários que dizem: ‘temos que desacelerar porque não podemos continuar neste ritmo, os valuations não podem ser tão inflados, e não podemos continuar nesta dinâmica de queima de capital’, temos que frear um pouco”, disse ela na entrevista.

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Daniel Salazar

Profissional de comunicação e jornalista com ênfase em economia e finanças. Participou do programa de jornalismo econômico da agência Efe, da Universidad Externado, do Banco Santander e da Universia. Ex-editor de negócios da Revista Dinero e da Mesa América da Efe.