Mudanças climáticas causam perdas de US$ 65 bilhões no primeiro semestre

Números ainda não incluem onda de calor extremo na Europa que levou à escassez de água e incêndios florestais

Danos totais registrados até junho diminuíram em relação a 2021, embora não incluam ainda a onda de calor na Europa
Por Stephan Kahl
29 de Julho, 2022 | 04:12 PM

Bloomberg — Eventos extremos relacionados às mudanças climáticas causaram cerca de US$ 65 bilhões em perdas no primeiro semestre de 2022. Dados compilados pela Munich Re mostram que, destes, metade não possuía qualquer contrato de seguro.

As perdas com seguros chegaram a US$ 34 bilhões, próximo aos valores dos anos anteriores, de acordo com a resseguradora alemã. No entanto, os danos totais registrados até junho, que também foram causados por desastres naturais como terremotos, diminuíram em relação ao ano anterior, de US$ 105 bilhões - embora os dados semestrais deste ano não incluam todas as consequências da onda de calor na Europa, que provocou seca, incêndios florestais e escassez de água.

“Todos os eventos podem ser individuais e com causas diferentes, mas juntos, fica clara a poderosa influência das mudanças climáticas, cada vez mais evidentes”, disse Ernst Rauch, cientista-chefe da Munich Re.

Na Europa, o calor extremo e as condições áridas deste verão levaram à escassez de água e a incêndios florestais na Itália, Espanha e Portugal. É difícil estimar as perdas desses eventos, pois seus efeitos, como perdas de produção após a falta de água de resfriamento, demoram para aparecer, disse a Munich Re. Alguns dos piores momentos da onda de calor na Europa ocorreram em julho e só seriam vistos em dados do segundo semestre.

PUBLICIDADE

As enchentes na Austrália foram o desastre mais caro para o setor financeiro no primeiro semestre, causando perdas de US$ 3,7 bilhões até agora - estas, com seguro. Partes de Sydney tiveram tanta chuva em quatro dias quanto normalmente veriam em oito meses, de acordo com a Munich Re. Os níveis de água de alguns rios atingiram o maior patamar em 100 anos.

“As perdas totais e as perdas com seguros das enchentes na Austrália já são maiores em apenas seis meses se comparadas aos recordes anuais anteriores”, disse o cientista da Munich Re.

Os EUA foram responsáveis por quase metade das perdas totais nos primeiros seis meses e quase dois terços das perdas com seguro. Uma única frente de tempestade que produziu tornados no início de abril destruiu ativos no valor de mais de US$ 3 bilhões.

PUBLICIDADE

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Coca-Cola afirma ter o manual para driblar inflação na América Latina