Estimativa de lucro para empresas segue inabalada, mesmo com alerta de recessão

Previsões de analistas cuja especialidade é avaliar a saúde de empresas individuais, e cujas estimativas são de melhora no próximo ano, mal se abalaram

Nasdaq
Por Vildana Hajric e Elena Popina
24 de Junho, 2022 | 09:42 AM

Bloomberg — Se há algo que se aproxima de um consenso entre os comentaristas de mercado, é que as estimativas de lucro do S&P 500 estão muito altas. Alguns dados sugerem que isso pode não ser verdade.

As previsões de analistas cuja especialidade é avaliar a saúde de empresas individuais, e cujas estimativas são de melhora no próximo ano, mal se abalaram. Embora comentaristas de ações e investidores tenham atacado essa visão há meses, os analistas mostram sinais de estarem cada vez mais convencidos de que suas estimativas se confirmarão.

Eles aumentaram suas previsões para 2022 no mês passado. Esperam que os lucros das empresas do S&P 500 cresçam 10,6%, acima dos 10% de um mês atrás e 8,7% no início do ano, de acordo com a Bloomberg Intelligence. Enquanto isso, um indicador conhecido como dispersão de estimativa, que mede o quanto as previsões mais altas e mais baixas dos analistas variam na média, permaneceu estável mesmo diante de um tombo do S&P 500 que o colocou em um mercado de baixa, de acordo com dados compilados pelo Credit Suisse .

Em vez de afrouxar à medida que a incerteza aumenta, a dispersão na verdade se tornou mais apertada do que sua média em nove dos 11 setores do S&P 500, segundo os dados.

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“As pessoas estão esperando um declínio nos lucros, mas não estamos vendo isso”, disse Patrick Palfrey, estrategista sênior de ações do banco e codiretor de pesquisa quantitativa. “Elas estão interpretando a liquidação do mercado como um prenúncio de uma crise econômica e dos lucros corporativos, mas não estamos vendo isso nos dados fundamentais.”

As preocupações com uma recessão tomaram conta do mercado de títulos na quinta-feira. Os títulos do Tesouro americanos subiram depois que uma série de dados econômicos vieram mais fracos do que o previsto. O rendimento de 10 anos caiu para 3% depois de subir para 3,49% apenas nove dias atrás, aumentando ainda mais o ceticismo de que as empresas americanas serão capazes de gerar grandes ganhos de lucro.

Mas para Palfrey muitos ignoram alguns fatores positivos importantes: o benefício da inflação para as empresas, por exemplo, e o fato de que a economia está desacelerando de uma base econômica muito alta.

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“O PIB está se movendo de muito acima de sua tendência para algo que está caminhando para a tendência no momento, e isso dá bastante proteção para as empresas continuarem a gerar lucros”, disse Palfrey.

V bloomberg.com

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