Lula busca crescimento com responsabilidade fiscal, diz Padilha

Ex-ministro de Lula e Dilma tem se encontrado com investidores para passar a mensagem de que não haverá “farra fiscal” em eventual novo governo do PT

Padilha diz que não há motivo para preocupações quanto a um desequilíbrio das contas públicas
Por Simone Iglesias e Daniel Carvalho
03 de Junho, 2022 | 01:09 PM

Bloomberg — A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto ainda não tem seu programa de governo pronto, mas já tem claro que o foco será conciliar crescimento econômico com redução da desigualdade social e responsabilidade fiscal, segundo o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP).

Um dos principais interlocutores de Lula junto a empresários brasileiros e investidores, Padilha diz que não há motivo para preocupações quanto a um desequilíbrio das contas públicas, caso o ex-presidente seja eleito para um terceiro mandato.

“Nós não somos um governo da farra fiscal”, disse Padilha em entrevista por videoconferência na quarta-feira. “A responsabilidade com as contas públicas é uma marca dos oito anos do governo Lula.”

Ministro das Relações Institucionais e da Saúde nas gestões petistas, ele tem participado nas últimas semanas de uma série de reuniões com investidores locais e estrangeiros para apresentar as diretrizes de um programa econômico ainda sem muitos detalhes e pendente de consenso. Padilha tenta acalmar a ansiedade do mercado, garantindo que Lula está aberto a discutir suas propostas com todos os atores econômicos, na medida em que se esforça para formar uma ampla coalizão contra o presidente Jair Bolsonaro.

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“O diálogo [com o mercado financeiro] está acontecendo e vai se intensificando na medida que o setor vai querer conversar mais”, disse ele. O empresariado também precisa estar aberto a dialogar com o ex-presidente, considerou Padilha, para quem muitos passaram a evitar contatos públicos após sua prisão e por temer problemas na relação com Bolsonaro.

“Todos aqueles que têm posicionamento crítico a Bolsonaro e querem um país que volte a crescer, reduza a desigualdade e tenha responsabilidade com as contas públicas, nós queremos conversar”, afirmou o ex-ministro.

Lula disse em entrevista à radio Band, terça-feira, que falará direto com mercado quando tiver interesse, rejeitando a figura de um porta-voz econômico. Padilha relativizou a declaração dizendo que Lula tem um legado econômico que o mercado conhece, e que a marca do ex-presidente sempre foi o diálogo.

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Equipe econômica

Sobre a ansiedade em torno da equipe econômica de um eventual novo governo Lula, Padilha disse que nem mesmo Lula tem na cabeça hoje esses nomes. “Não acredito que ele tenha hoje qual sua equipe econômica, mas Lula tem a clareza que o presidente da República não tem que ser o ministro da Fazenda.” O ex-ministro também afastou a figura de um “posto Ipiranga”, designação dada por Bolsonaro a Paulo Guedes, czar da economia em seu governo, dizendo que Lula não precisa de nada do gênero.

Padilha afirmou que a ideia de Lula é retomar o investimento público para impulsionar o privado e defendeu que o teto de gastos, criado em 2016 durante o governo Michel Temer para durar dez anos, seja revisto no ano que vem. Ele salienta que haverá uma nova âncora fiscal, ainda não definida pelos partidos que integram a coalizão que sustenta a candidatura de Lula.

Médico de formação e ministro com forte influência nos governos Lula e Dilma, Padilha riu quando questionado se voltaria à Esplanada como ministro da Casa Civil ou da Economia. Respondeu que está em campanha para voltar à Camara dos Deputados, onde cumpre seu primeiro mandato.

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