Corte de juros para imóveis na China não deve melhorar crise imobiliária

Com lockdown rigoroso em vigor, vendas de casas no país atingiram o nível mais baixo em anos

Após repressão ao setor no ano passado, a queda das taxas de juros para financiamento imobiliário não vai ajudar
Por Bloomberg News
16 de Maio, 2022 | 04:05 PM

Bloomberg — O raro corte de juros para novos financiamentos imobiliários da China não deve ser suficiente para resolver uma crise imobiliária cada vez pior.

A decisão deste domingo (15) pelo Banco Popular da China significa que quem comprar uma casa pela primeira vez poderá financiar a uma taxa de juros mínima de 4,4% – 0,2 ponto percentual abaixo do piso permitido anteriormente.

No entanto, é improvável que isso estimule a demanda por casas enquanto medidas rígidas anti-covid permanecerem nas principais cidades, de acordo com economistas do Nomura e do Bank of America (BAC). Os bancos já estavam cortando as taxas de hipoteca em abril, mas isso não impediu que as vendas de casas caíssem para o nível mais baixo em mais de seis anos, segundo números oficiais divulgados na segunda-feira (16).

O mercado imobiliário da China – uma fonte crucial de crescimento para a segunda maior economia do mundo – está em queda desde o ano passado, após uma repressão do governo a empresas imobiliárias endividadas. A desaceleração tem piorado os problemas de financiamento de empreendedoras como a Sunac China Holdings, que deu calote em um título em dólar na semana passada.

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Os lockdowns em todo o país contribuíram para o aumento do desemprego e isso pode obscurecer ainda mais as perspectivas do mercado doméstico.

“A magnitude da mudança é bastante limitada”, disse Helen Qiao, economista-chefe para China do Bank of America, à Bloomberg Television. “Não estou muito otimista de que isso impulsionará imediatamente o crescimento geral, especialmente a demanda do mercado imobiliário.”

  Lockdown rigoroso é o grande responsáveldfd

Em abril, as taxas de hipoteca para as primeiras casas caíram para 5,17% em média em 103 grandes cidades monitoradas pelo Beike Research Institute, uma queda de 0,17 ponto percentual em relação a março. No mesmo mês, as vendas residenciais caíram 49% em valor contra o ano anterior, para o nível mais baixo desde o final de 2015, segundo cálculos da Bloomberg com base nos números oficiais divulgados na segunda-feira.

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“Sem reabertura à vista, um pequeno corte no limite inferior das taxas de hipoteca oferece pouco apoio aos potenciais compradores de casas pela primeira vez”, disseram economistas do Nomura liderados por Lu Ting, em nota. “A maioria deles são jovens recém-formados e trabalhadores migrantes que foram duramente atingidos pelos atuais bloqueios”.

A taxa mínima de hipoteca para compradores de segunda casa não foi cortada no domingo, permanecendo 0,6 ponto percentual acima das taxas primárias de empréstimos. Isso está de acordo com a postura de anos do governo chinês de que “as casas são para morar, não para especular”, mesmo depois de prometer no mês passado incentivar a “demanda real por habitação”.

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