Aborto legalizado: Como as empresas americanas estão apoiando suas funcionárias

Nova decisão da Suprema Corte dos EUA pode derrubar direito ao aborto no país, estabelecido há meio século

A decisão anularia o direito ao aborto e permitiria que estados passem a decidir, de forma individual, sobre a legalidade do procedimento
Por Alex Millson
03 de Maio, 2022 | 10:32 AM

Bloomberg — O vazamento bombástico de um projeto de decisão da Suprema Corte que derrubaria o direito ao aborto nos Estados Unidos colocou a questão na vanguarda da próxima batalha eleitoral e que provavelmente também repercutirá nas salas de diretoria em todo o país.

A medida, relatada pelo portal Politico, veria a decisão histórica, conhecida como Roe v. Wade, de meio século atrás, anulada, permitindo que estados decidam sobre suas próprias restrições ao aborto. Quando o Texas, no ano passado, proibiu o procedimento após seis semanas, algumas empresas do estado condenaram a medida, argumentando que isso deteria os melhores talentos e oferecendo assistência a trabalhadoras que buscavam realizar o procedimento.

De acordo com o Instituto Guttmacher, que pesquisa saúde e direitos sexuais e reprodutivos globalmente, 26 estados “certamente ou provavelmente” proibirão o aborto se o Roe v. Wade for derrubado, o que forçará muitas pessoas em todo o país a viajar longas distâncias para o procedimento.

Isso pode pressionar ainda mais as empresas a encontrar maneiras de seus funcionários receberem os serviços de cuidados reprodutivos aos quais têm direito há meio século.

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Veja como algumas das maiores empresas do país estão atualmente ajudando suas funcionárias:

Citigroup

O banco com sede em Nova York, que é chefiado por sua primeira mulher diretora executiva, Jane Fraser, e tem cerca de 8.500 funcionários só no Texas, prometeu cobrir os custos de viagem de funcionários que buscam realizar abortos. Uma fonte disse que os custos cobertos podem incluir passagens aéreas e hospedagem, se necessário.

Match

A empresa de aplicativos de namoro e encontros, com sede em Dallas, incluindo Tinder e OkCupid, criou um fundo para apoiar a equipe depois que a proibição quase total do aborto no Texas entrou em vigor no final de 2021. A CEO Shar Dubey descreveu a proibição como “tão regressiva à causa dos direitos das mulheres que me senti compelida a falar publicamente sobre minhas opiniões pessoais”. O fundo visa cobrir os custos de funcionárias e dependentes que precisam procurar atendimento fora do Texas. O aplicativo de namoro rival Bumble criou um fundo semelhante.

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Yelp

Com mais de 4 mil trabalhadores nos EUA, o Yelp lançará no próximo mês um novo benefício de viagem que “permite que nossos funcionárias dos EUA e seus dependentes tenham acesso equitativo a cuidados reprodutivos, independentemente de onde morem”. Uma pessoa familiarizada com o assunto disse que o benefício, anunciado antes do rascunho da decisão, seria oferecido por meio da seguradora da empresa.

Lyft e Uber

Descrevendo a lei de aborto do Texas como um “ataque ao acesso das mulheres aos cuidados de saúde”, o CEO da Lyft Inc., Logan Green, disse na semana passada que a empresa está trabalhando com empresas de saúde para cobrir o custo de viagens para mulheres no Texas e Oklahoma – que proibiu o aborto no mês passado – que procuram atendimento fora do estado. Tanto a Lyft quanto a Uber também se comprometeram a pagar honorários advocatícios para qualquer um de seus motoristas processados sob leis antiaborto por ajudar as mulheres a procurar o procedimento.

Salesforce

O CEO Marc Benioff disse a seus funcionários em setembro que a empresa ajudaria qualquer trabalhador que vivesse no Texas a se mudar para fora do estado se desejasse se mudar em resposta às rígidas leis de aborto.

Levi’s

A fabricante de jeans disse que qualquer funcionário que optar por seus planos de saúde será elegível para reembolso de custos de viagem para abortos, incluindo trabalhadores de meio período.

Apple

A empresa disse que cobrirá o custo de abortos e viagens para tratamento de seus funcionários do varejo.

GoDaddy

A empresa de hospedagem de sites na web deu, no ano passado, 24 horas ao grupo Texas Right to Life para encontrar um novo provedor, depois que o grupo anti-aborto criou um site incentivando as pessoas a enviar dicas anônimas sobre supostas violações das leis do estado. A GoDaddy disse que o grupo violou os termos de serviço.

– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

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