Fim do dinheiro fácil traz choque global de US$ 410 bilhões

Com o encerramento dos auxílios pela pandemia e a alta da inflação de várias décadas, os bancos centrais se viram obrigados a encolher balanços

Instituição deve eleve os juros em 2,5 pontos percentuais até fim do ano
Por Enda Curran - Liz McCormick e Anchalee Worrachate
02 de Maio, 2022 | 04:14 PM

Bloomberg — O declínio do dinheiro fácil está prestes a se acelerar à medida que a onda de compras de títulos por bancos centrais durante a pandemia é revertida e ameaça outro choque para as economias e mercados financeiros do mundo.

A Bloomberg Economics estima que as autoridades monetárias do G7 encolherão seus balanços em cerca de US$ 410 bilhões no restante de 2022. É uma guinada brusca em relação ao ano passado, quando eles adicionaram US$ 2,8 trilhões, o que elevou a expansão total para mais de US$ 8 trilhões desde que o vírus surgiu.

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Essa onda de apoio monetário ajudou a sustentar as economias e os preços dos ativos durante a crise. Agora os bancos centrais recuam – tardiamente, na opinião de alguns críticos – à medida que a inflação dispara para máximas de várias décadas.

O duplo impacto do encolhimento dos balanços e das taxas de juros mais altas se soma a um desafio sem precedentes para uma economia global já atingida pela invasão da Ucrânia e pelos novos lockdowns contra covid na China.

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Ao contrário dos ciclos de aperto anteriores, quando o Federal Reserve dos Estados Unidos estava sozinho na redução de seu balanço, desta vez espera-se que outros façam o mesmo.

Grande choque

A nova política, conhecida como aperto quantitativo – o oposto da flexibilização quantitativa a que os bancos centrais recorreram durante a pandemia e a Grande Recessão – provavelmente elevará os custos de empréstimos e esgotará a liquidez.

Os rendimentos crescentes dos títulos, os preços das ações em queda e o dólar mais forte já apertam as condições financeiras – mesmo antes que o esforço do Fed para aumentar as taxas de juros entre em pleno andamento.

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“Este é um grande choque financeiro para o mundo”, disse Alicia Garcia Herrero, economista-chefe para Ásia-Pacífico da Natixis, que trabalhou anteriormente para o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional. “Você já está vendo as consequências na redução da liquidez do dólar e na valorização do dólar.”

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Espera-se que o Fed eleve os juros em 0,5 ponto percentual em sua reunião de política monetária de 3 a 4 de maio e várias vezes depois, com traders prevendo cerca de 2,5 ponto percentual de aperto entre agora e o final do ano. As autoridades também devem começar a cortar o balanço a um ritmo máximo de US$ 95 bilhões por mês, uma mudança mais rápida do que a maioria das previsões no início do ano.

O banco central dos EUA vai atingir isso deixando suas participações em títulos do governo e títulos lastreados em financiamento imobiliário vencerem, em vez de vender os ativos que comprou. Os formuladores de políticas deixaram em aberto a opção de que podem, em um estágio posterior, vender títulos hipotecários e retornar a uma carteira de títulos do Tesouro.

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