FMI: América Latina deve enfrentar inflação para evitar distúrbios

FMI diz que governos devem implementar medidas temporárias para suavizar o repasse do aumento dos preços

O aumento da inflação desencadeou protestos em massa e tumultos em países como o Peru. O FMI alertou para as tensões sociais que os preços altos podem gerar
Por Eric Martin
26 de Abril, 2022 | 10:49 AM

Bloomberg — Os governos da América Latina devem fornecer apoio fiscal direcionado e temporário para ajudar as famílias pobres a lidar com os preços mais altos de alimentos e energia e reduzir o risco de agitação social por causa do aumento da inflação, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.

O FMI, há muito criticado por defender uma austeridade dolorosa, disse que em países onde as redes de segurança social não são bem desenvolvidas, os governos podem implementar medidas temporárias para suavizar o repasse do aumento dos preços internacionais devido à invasão da Rússia à Ucrânia. Ao mesmo tempo, o fundo com sede em Washington alertou para o custo fiscal e o potencial de distorções.

Desde o início da guerra, 40% dos países introduziram novas medidas para ajudar a conter os efeitos do aumento dos preços sobre os grupos vulneráveis, desde reduções de impostos e tarifas de importação até tetos de preços ou transferências sociais, com um custo fiscal médio estimado de 0,3% do produto interno bruto este ano, disse o FMI.

O impacto da inflação já provocou protestos no Peru, onde o aumento mais rápido do custo de vida em duas décadas provocou distúrbios que levaram o presidente Pedro Castillo a impor um toque de recolher na capital Lima.

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Algumas economias da região como Argentina, Brasil, Colômbia e Chile são importantes produtores de alimentos, petróleo e metais. Os países que se beneficiam de preços mais altos para suas exportações podem achar mais fácil financiar medidas de bem-estar, escreveram funcionários do FMI em um post publicado na terça-feira.

Ainda assim, “qualquer margem adicional deve ser usada com cautela, devido aos riscos extraordinariamente altos em torno da recuperação global e da evolução dos preços das commodities, bem como o aumento dos custos de financiamento do governo”, disseram as autoridades.

Por exemplo, qualquer desaceleração adicional na China devido à covid-19 ou outros motivos podem afetar as exportações e o comércio da região, de acordo com o blog, escrito por Ilan Goldfajn, diretor do Hemisfério Ocidental do Fundo e ex-presidente do Banco Central do Brasil.

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Além disso, os custos de financiamento doméstico e internacional mais altos resultantes do aperto da política monetária do Federal Reserve podem afetar as condições financeiras globais e os custos de financiamento mais altos podem acelerar as saídas de capital da América Latina, disse o Fundo.

O FMI previu na semana passada um crescimento de 2,5% para a América Latina e Caribe para este ano. Embora seja uma melhora marginal em comparação com os 2,4% esperados em janeiro, é a taxa mais lenta entre as regiões do mundo, com exceção da Europa emergente e em desenvolvimento, que é prejudicada pela recessão da Rússia devido às sanções ocidentais.

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