Credit Suisse vê inflação persistente e alta de juro após maio no Brasil

Banco esticou até agosto o horizonte para elevações dos juros, diante da inflação ainda persistente

Credit Suisse vê inflação persistente e alta de juro após maio no Brasil
Por Marisa Castellani e Maria Eloisa Capurro
04 de Abril, 2022 | 03:03 PM

Bloomberg — A inflação de curto prazo deve surpreender o Banco Central e tornar difícil o fim do ciclo de aperto monetário na próxima reunião do Copom, diz Solange Srour, economista-chefe do Credit Suisse (CS) no Brasil.

O BC deverá, nesse caso, mudar sua sinalização de que mais uma alta de 1 ponto percentual da Selic em maio, para 12,75%, é suficiente para levar a inflação à meta, segundo ela.

O Credit Suisse esticou até agosto o horizonte para elevações dos juros, diante da inflação ainda persistente. A previsão do banco é de Selic a 14% no final do ciclo, com altas de 1 pp em maio, 0,75 pp em junho e 0,5 pp em agosto.

“Acreditamos que a inflação no curto prazo vai ficar muito alta e bastante disseminada. Existe uma diferença muito grande entre as nossas projeções e as do BC”, diz em entrevista.

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O Credit Suisse projeta IPCA em 7,8% para este ano. Já o BC estima 6,3% no seu cenário alternativo - que vê como o mais provável - com petróleo a US$ 100. No cenário de referência, a projeção oficial é de 7,1%.

Câmbio

Para ela, o apetite ao risco que tem feito o dólar desabar deve seguir no curto prazo. O câmbio tem se beneficiado do elevado diferencial de juros, com a Selic de volta a dois dígitos no país, e da melhora dos termos de troca em razão da alta das commodities. O dólar chegou a cair abaixo de R$ 4,61 nesta segunda-feira, no menor nível intradiário desde março de 2020.

A sustentabilidade do movimento da queda do dólar dependerá, além da manutenção dos fatores atuais, da expectativa de que o Brasil vá, em 2023, adotar alguma âncora fiscal, avalia a economista. O risco maior está nos EUA: uma prolongação do aperto monetário já iniciado pelo Fed ou aceleração do ritmo no meio do percurso.

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Qualquer que seja o candidato eleito à presidência do Brasil, ele “não deve rasgar” a regra fiscal, nem se dar ao luxo de deixar de lado a agenda econômica pré-pandemia, que tinha já aprovado a reforma da Previdência, diz Solange Srour. Segundo ela, a reforma mais importante e que deveria ser discutida no início da próxima gestão é a administrativa, que ajuda no fiscal pelo lado da despesa.

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