Russa Gazprom orienta estrangeiros sobre pagamentos em rublos

Kremlin anunciou que compradores europeus precisarão de duas contas e que o Gazprombank seria responsável pela conversão cambial

As nações europeias ainda estão se familiarizando com o que o Kremlin está propondo
Por Bloomberg News
01 de Abril, 2022 | 04:21 PM

Bloomberg — A russa Gazprom começou a orientar clientes sobre o pagamento de gás depois de o presidente Vladimir Putin declarar que as compras por nações “hostis” precisam ser liquidadas em rublos.

Notificações sobre o novo esquema de pagamento estão sendo enviadas a clientes nesta sexta-feira, informou a gigante do gás em seu canal oficial no aplicativo Telegram. O Kremlin anunciou na quinta-feira que os compradores europeus precisarão de duas contas — uma em euros e outra em rublos — e que o Gazprombank seria responsável pela conversão cambial.

As nações europeias ainda estão se familiarizando com o que o Kremlin está propondo. A ministra da Ecologia da França, Barbara Pompili, explicou que não vê o pedido como quebra de contrato, uma vez que as empresas ainda podem pagar em euros, segundo informações recebidas de Moscou. O governo alemão avisou que está analisando os detalhes antes de tomar uma decisão. A Dinamarca criticou o pedido do governo Putin.

“A Gazprom como empresa russa está incondicional e totalmente em conformidade com a lei russa”, que, a partir de 1º de abril, estipula pagamentos somente em rublos pelo gás exportado para Estados “hostis”, segundo o comunicado do Telegram. “A Gazprom é parceira responsável e continua a exportar gás para os clientes de forma segura.”

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O gás russo fluía normalmente para a Europa nesta sexta-feira. A Gazprom garante que está atendendo a todas as solicitações dos clientes. Os suprimentos não serão cortados imediatamente, nem mesmo para clientes que não adotarem imediatamente as novas regras de pagamento, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Isso porque os pagamentos pelo combustível que está sendo entregue agora só vencem no final de abril ou início de maio.

A Rússia fornece cerca de 40% do gás consumido na Europa. A guerra na Ucrânia levou o continente a repensar sua estratégia de segurança energética. A União Europeia pretende reduzir a dependência de gás russo em dois terços até o final do ano. Países europeus já anunciam planos para construir uma série de terminais de gás natural liquefeito e medidas para acelerar a expansão de energias renováveis.

“O fornecimento de gás da Rússia deve continuar, o que reduz o risco de recessão na Europa”, afirmaram analistas do Citigroup em relatório. “Mas o episódio apenas reforça o impulso para a UE se distanciar das importações de energia da Rússia e fortalece a soberania estratégica da UE de modo geral.”

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Putin assinou na quinta-feira uma ordem instruindo compradores estrangeiros a abrir contas especiais no Gazprombank para permitir a conversão de moeda estrangeira para liquidar obrigações. Isso significa que as companhias ainda podem pagar em euros e que o banco estatal fará a conversão.

A ministra Pompili disse que a ordem não muda nada para empresas francesas enquanto puderem pagar em euros e que não havia risco de quebra de contratos. A Alemanha insiste que as empresas continuarão a pagar pelo gás russo em euros, conforme estabelecido nos contratos, apesar do decreto.

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