Suzano é top pick do BofA entre commodities: ‘rali ainda não acabou’

Papéis são mais expostos ao setor e, portanto, devem ser os maiores beneficiários de um cenário mais construtivo para a celulose

BofA elevou as projeções para os preços da celulose em 2022 para uma média de US$ 719 a tonelada.
25 de Março, 2022 | 07:56 AM

Bloomberg Linea — Problemas logísticos, interrupções no fornecimento e margens de papel mais saudáveis podem sustentar preços mais altos da celulose – e por mais tempo. A avaliação é do Bank of America (BAC).

Em relatório divulgado nesta quinta-feira (24), o banco americano eleva as projeções para os preços da celulose em 2022 para uma média de US$ 719 a tonelada, e coloca os papéis de Suzano (SUZB3) como os preferidos no setor, dada sua alta exposição à commodity, podendo ser uma das beneficiárias diretas desse cenário mais construtivo.

O BofA elevou o preço-alvo estimado para as ações da companhia, de R$ 88 para R$ 93, o que implica potencial de alta de 55,5% ante o fechamento de quarta-feira (23).

Os analistas Caio Ribeiro, Leonardo Neratika, Guilherme Rosito e George L. Staphos escrevem que desde que os preços da celulose chinesa de fibra curta (HW) atingiram o fundo do poço no final de novembro de 2021, eles subiram 26%, para US$ 692/t, e que “o rali ainda não acabou”.

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Embora a valorização do real seja uma preocupação, no caso de Suzano, a avaliação é de que o preço das ações de celulose na América Latina estão descontadas, assumindo que as taxas de câmbio à vista parecem exageradas. Além disso, o time de análise defende que para 2022 não há eventos significativos que possam levar a uma correção no preço da commodity.

“Esses níveis estão dentro do suporte da curva de custo e, em nossa opinião, abrem uma janela de oportunidade, dado que estamos com dificuldade para encontrar motivos que possam levar os preços da celulose a corrigirem a níveis tão baixos este ano″, escreve o BofA.

Brasil como destaque

Para os economistas do Bank of America, as ações brasileiras vão se destacar do restante da América Latina, dado que o conflito Rússia-Ucrânia acelerou o reequilíbrio das carteiras globais para o Brasil.

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“O Ibovespa é um lugar que naturalmente deverá receber risco neste cenário, dado que é um player de valor nato, com empresas de commodities e financeiras representando mais de 60% do índice. Dito isso, o fluxo de dinheiro estrangeiro deverá contribuir para fortalecer o real, além de valuations atrativos e melhores termos de troca diante de grandes diferenciais de taxas de juros”, escreve o banco.

Além de Suzano, o BofA também tem recomendação de compra para Klabin (KLBN11), com preço-alvo de R$ 34 (sem alterações), o que implica um upside de 30,3%. O time de análise diz ver a companhia surfando os fortes mercados de papel e embalagens no Brasil e as previsões mais elevadas para os preços da celulose.

“A Klabin está menos exposta à celulose do que pares como a Suzano, portanto, o aumento da receita com as novas previsões de preços de celulose está limitado a 0,5%. Os custos controlados levam a um aumento de 1,6% no lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda), uma vez que também consideramos alguns aumentos adicionais de preços de papel e cartão.”

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.