Com lockdown em Xangai, gestores de recursos dormem no escritório

Funcionários estão se oferecendo para se revezar no escritório, recorrendo a sacos de dormir para evitar as restrições de mobilidade

China coloca em lockdown o segundo maior prédio do mundo
Por Bloomberg News
22 de Março, 2022 | 02:02 PM

Bloomberg — Os principais centros financeiros da China enfrentam a pior onda de covid até agora, mas muitos gestores de recursos estão dormindo no trabalho em Xangai e Shenzhen.

Os funcionários estão se oferecendo para se revezar no escritório, recorrendo a sacos de dormir para evitar as restrições de mobilidade que coincidem com o período de maior volatilidade nos mercados de capitais da China desde meados de 2020.

Funcionários da ABC-CA Fund preparam sacos de dormir no escritório para o possível lockdown (Fonte: ABC-CA Fund Management Co.)dfd

Epicentro do contágio

Xangai se tornou um epicentro de contágio do coronavírus. Os empregadores estão se preparando para a possibilidade de medidas repentinas de lockdown, que poderiam deixar seus funcionários presos em casa por dias ou até semanas. Por isso, é preciso garantir que os colaboradores tenham provisões suficientes caso fiquem presos nos escritórios. Na AXA SPDB Investment Managers, por exemplo, a equipe recebeu colchões infláveis, macarrão instantâneo e kits de emergência.

“Estamos na linha de frente dos investimentos e precisamos de comunicação pessoal mais rápida e eficaz”, disse Alex Wang, que trabalha em outra gestora de fundos. Há duas semanas, ele e mais de uma dezena de colegas estão dormindo em esquema de revezamento no escritório em Xangai, com o consentimento da direção.

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As autoridades municipais pediram que profissionais do setor financeiro e dos centros empresariais trabalhem de casa. A cidade decretou lockdowns em complexos residenciais e de escritórios, além de testes em massa para enfrentar o pior surto de Covid no país desde a chegada da pandemia em 2020. Quase 400 casos foram relatados nos últimos dois dias no distrito de Pudong, que é endereço da bolsa de valores e de diversos bancos nacionais e internacionais. Na China inteira, foram relatados quase 4.600 casos na segunda-feira, sendo um quinto em Xangai.

Algumas empresas estão permitindo que os trabalhadores compareçam ao escritório se apresentarem resultado negativo em testes de ácido nucleico realizados nas últimas 48 horas. Para outras companhias, isso é impossível porque seus prédios foram fechados por período indeterminado. Foi o que aconteceu na semana passada na Shanghai Tower, onde ficam as operações do JPMorgan Chase (JPM) e da Fitch Ratings.

“Com todos juntos no escritório, podemos focar mais do que nunca, especialmente em um momento de queda do mercado”, disse Wang, que pediu que a reportagem não identificasse seu empregador por causa da estratégia adotada pelo governo contra o vírus.

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A semana passada foi uma das mais voláteis em décadas no mercado acionário da China, com quedas recordes revertidas logo em seguida, depois que Pequim anunciou promessas abrangentes para estabilizar as ações. Em dois pregões, foram restaurados US$ 1,3 trilhão em valor de mercado em Hong Kong e na China continental. Ainda assim, os dois mercados ainda acumulam perdas acentuadas em 2022.

Pessoas fazem fila em uma instalação de testes de covid-19 do lado de fora de um hospital no distrito financeiro de Lujiazui no início de março (Qilai Shen/Bloomberg)dfd

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